'Ao apoiarem os curdos, EUA visam realizar o plano de criar um segundo Israel'

© AFP 2023 / Safin HamedCombatentes curdos iraquianos Peshmerga em cerimônia de graduação de treinamento em Arbil, capital da Região Autônoma do Curdistão, no norte do Iraque.
Combatentes curdos iraquianos Peshmerga em cerimônia de graduação de treinamento em Arbil, capital da Região Autônoma do Curdistão, no norte do Iraque. - Sputnik Brasil
Nos siga no
O presidente do partido não parlamentar turco Pátria, Dogu Perincek, falou com a Sputnik sobre uma série de questões geopolíticas atuais, tais como a importância dos laços turco-russos para a estabilidade na região, a iniciativa dos curdos iraquianos para conduzir um referendo de independência e a crise qatarense.

Cidade de Raqqa na Síria - Sputnik Brasil
Curdos sírios iniciarão grande operação para libertar Raqqa do controle do Daesh
Ao comentar as relações turco-russas em desenvolvimento, bem como o seu impacto positivo sobre a região em geral, Perincek afirmou: "As relações entre os dois países se ampliaram até uma parceria, tanto a nível regional como global. O caráter da cooperação entre a Turquia e a Rússia adquiriu um caráter estratégico, o que desempenha um papel altamente positivo para ambos os lados", afirmou o político à Sputnik Turquia.

Falando da crise relacionada com o Qatar, o político sublinhou: "A situação em torno do Qatar reflete a polarização, a confrontação que existe no mundo hoje em dia. Os EUA fizeram a Arábia Saudita e uma série dos países do golfo Pérsico voltarem às costas ao Qatar."

"Porém, países como a Turquia, a Rússia e o Irã opõem resistência a esta frente. Como contrapeso ao bloco americano, se criou uma frente eurasiática forte, por isso se pode dizer que os EUA já perderam esta batalha", sublinhou.

Soldados das Unidades de Proteção Popular curdas (YPG) no Curdistão Sírio - Sputnik Brasil
Fonte: EUA e curdos realizam operação contra Daesh em Raqqa
Perincek frisou que a iniciativa do Governo Regional do Curdistão iraquiano de realizar um referendo sobre a independência é um fruto dos esforços do "bloco de forças encabeçado pelos EUA e Israel".

"À medida que os EUA tentam compensar o enfraquecimento das suas posições na região, eles ficam cada vez mais presos em um pântano de contradições. Os EUA visam realizar o plano para criar um segundo Israel ao apoiarem os curdos e sua ideia de um Estado independente. Entretanto, não há hipótese que este plano se concretize, porque os EUA enfrentam resistência de tais forças como a Turquia, o Irã, a Rússia e o Iraque", explicou o político turco.

Segundo expressou Perincek, a política externa dos EUA na região pode ser chamada de uma "aventura no Oriente Médio" que resultou em perdas no valor de 16 trilhões de dólares para o país e não trouxe nenhuns dividendos, sendo que este fato foi confirmado pelo próprio presidente dos EUA, Donald Trump.

"Já que o 'Estado profundo' tomou Trump de refém, este ficou incapaz de realizar seu plano para a política externa. O principal objetivo de Trump era uma política mais passiva no Oriente Médio e, em compensação, um aumento de pressão sobre a Alemanha e a China", pormenorizou.

Forças dos EUA acompanhadas pelos combatentes da YPG na fronteira turco-síria - Sputnik Brasil
EUA iniciam entrega de armas para curdos na Síria
Porém, disse o político, as elites americanas não permitiram que Trump o fizesse. Ou seja, dentro dos EUA se trava uma luta política interna feroz, enquanto Washington continua perdendo sua influência na região. "O fato dos EUA terem escolhido o Qatar como alvo não é nada surpreendente. Amanhã, a própria Arábia Saudita se pode tornar esse alvo", precisou.

"Neste contexto, os passos da Turquia ganham cada vez mais peso. Ancara já estabeleceu uma parceria com a Rússia e agora precisa de estender a mão da amizade à Síria para resistirem juntos às ações dos EUA", assinalou.

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала