Por que, apesar da proposta de Putin, Rússia nunca aderiu à OTAN?

© Sputnik / Sergei Subbotin / Acessar o banco de imagensBill Clinton, presidente dos EUA na altura, e Vladimir Putin, então primeiro-ministro da Rússia, durante a visita oficial de Putin à Noruega em 1999
Bill Clinton, presidente dos EUA na altura, e Vladimir Putin, então primeiro-ministro da Rússia, durante a visita oficial de Putin à Noruega em 1999 - Sputnik Brasil
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A antiga proposta do presidente russo, Vladimir Putin, ao ex-chefe de Estado americano, Bill Clinton, para considerar a hipótese de uma adesão da Rússia à OTAN significaria uma mudança completa da Aliança, acredita o presidente da mesa do Conselho para Política Externa e de Defesa, Fyodor Lukyanov.

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Entretanto, adianta o especialista, esta mudança significaria conceder um status especial à Rússia no bloco, e os EUA não estavam prontos para dar um tal passo.

Mais cedo, neste sábado (3), a edição americana Politico divulgou um fragmento da entrevista que o presidente Putin tinha concedido ao cineasta americano Oliver Stone no canal de TV Showtime.

Nesta conversa, o presidente russo confessa que em uma das suas últimas reuniões com Bill Clinton, que na época visitou Moscou, ele disse ao seu homólogo americano: "Talvez vejamos a hipótese da Rússia aderir à OTAN". De acordo com Putin, "Clinton disse que não tinha nada contra a ideia". Ao mesmo tempo, observou o líder russo, "toda a delegação ficou muito nervosa".

"Sabe-se que Putin não excluía essa hipótese tanto nas conversas com Clinton, como, me parece, também com George Robertson, o então secretário-geral da OTAN", afirmou o especialista Lukyanov à Sputnik.

De acordo com ele, a adesão "significa dizer que surgiria outro centro de influência comparável com os EUA dentro da OTAN". "Não podia ser diferente. A Rússia dificilmente estaria disposta para se submeter (como se faz na OTAN) à disciplina do bloco nas condições comuns a todos. Mas isso mudaria toda a essência da Aliança, além disso, ninguém [no Ocidente] estava pronto para isso", sublinhou.

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Segundo assegurou o analista, o presidente russo se dava conta que a reação de Clinton seria ao menos esquiva. "Já que a lógica que se instalou após a Guerra Fria se fundamentou em que a OTAN dominaria todos e tudo em seu redor com o objetivo de não mudar, já que a adesão da Rússia à OTAN, claro, exigiria dela grandes mudanças. Mas a Aliança não estava disposta a isso", explicou.

"Acho que Putin entendia isso, mas fez essa proposta para registrar a postura, ou seja, mostrar que nós estamos abertos à discussão, vocês é que não estão", acrescentou Lukyanov.

O especialista também supôs que as palavras do presidente russo poderiam ter sido "um anúncio de intenções bem sérias".

"Esta proposta tinha como objetivo provar a disponibilidade da Rússia para ir até bem longe com o fim de estabelecer relações qualitativamente novas", observou. Na opinião do especialista, a Rússia expressou esta disponibilidade, enquanto os EUA não deram uma resposta recíproca.

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