Especialista militar russo: o futuro da marinha chinesa está nos porta-aviões nucleares

© REUTERS / StringerO primeiro porta-aviões de construção nacional da China durante cerimônia de lançamento em Dalian, província de Liaoning, China, 26 de abril de 2017
O primeiro porta-aviões de construção nacional da China durante cerimônia de lançamento em Dalian, província de Liaoning, China, 26 de abril de 2017 - Sputnik Brasil
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Em 26 de abril foi lançado à agua o segundo porta-aviões da Marinha da China, construído segundo o projeto 001A. A Marinha chinesa deverá ter no mínimo quatros grupos navais liderados por porta-aviões, declara o contra-almirante Yin Zhuo, citado pelo jornal chines Global Times (Huánqiú Shíbào, em chinês).

O especialista militar Vasily Kashin comenta as perspectivas de desenvolvimento do programa de porta-aviões da China, especialmente para a Sputnik China.

Este programa provavelmente vai ser desenvolvido em duas etapas. Na primeira etapa a China vai tentar construir três porta-aviões (incluindo o Liaoning), que é um desenvolvimento do projeto soviético 1143.6.  Serão navios com propulsão não nuclear e descolagem de aviões de trampolim, embora o último deva ser equipado com catapulta de vapor.  

O primeiro porta-aviões de produção chinesa (001А), que foi lançado à agua em Dalian, vai ser posto em funcionamento em 2020. O segundo porta-aviões "totalmente chinês" está atualmente em construção em Xangai. Quando ele estiver pronto e entre ao serviço, a China poderia ter um porta-aviões para cada frota – Setentrional, Oriental e Meridional.

O porta-aviões nuclear norte-americano USS Carl Vinson da classe Nimitz foi construído em 1975. Foi lançado à água em 1980 e comissionado dois anos depois. O navio foi nomeado em homenagem a um senador do estado da Geórgia, para assinalar sua contribuição para a Marinha dos EUA. Desde 2009, se tornou o navio-almirante do grupo 1 de ataque de porta-aviões (Carrier Strike Group 1) da Marinha dos EUA. Além das suas operações numerosas, o porta-aviões também figurou em 2001 no filme Atrás das Linhas Inimigas, realizado por Owen Wilson e Gene Hackman - Sputnik Brasil
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Na segunda etapa a China vai construir porta-aviões nucleares do padrão "americano", mas o primeiro navio deste tipo vai ser posto em serviço só em meados da próxima década.  

Frequentemente na mídia podem ser encontradas avaliações negativas dos porta-aviões chineses do tipo "soviético", que pretensamente não são modernos e carregam menos aeronaves. Estas avaliações não são justas. É muito importante saber a que fins são destinados estes porta-aviões.     

 Em comparação com os porta-aviões nucleares americanos, os navios soviéticos do projeto 1143, incluindo o único porta-aviões Admiral Kuznetsov, nunca tiveram como tarefa principal a demonstração de poder em outras partes do mundo. O Admiral Kuznetsov participou das ações militares na Síria, provando que ainda ele pode cumprir tais tarefas, mas ele não está adaptado a elas.

O objetivo principal dos porta-aviões soviéticos era garantir a hegemonia da frota soviética nos mares estratégicos que banhavam a URSS.

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Desta maneira era possível proteger as áreas de patrulhamento dos submarinos nucleares e proteger o litoral. O porta-aviões soviéticos tinham por missão, entre outras, proteger o mar de Barents, limitando as ações das forças aéreas e navais adversárias. Considerava-se que as ações do adversário naquela área deveriam começar com um ataque contra o porta-aviões, o que permitiria ao comando soviético ganhar tempo adicional, por exemplo, para tomar a decisão sobre a utilização de armas nucleares.

Os primeiros três porta-aviões chineses vão cumprir tarefas semelhantes no mar da China Oriental, mar da China Meridional e nas áreas do oceano Pacifico. Isso permitirá o posicionamento de forças submarinas na etapa inicial do conflito, dará a oportunidade de vigiar o movimento dos navios do inimigo e recorrer à aviação costeira e mísseis balísticos antinavio nas primeiras horas da guerra. 

A presença de um porta-aviões no mar da China Meridional vai dificultar o ataque contra os submarinos nucleares chineses que lá se encontram. 

Em caso de um conflito de alta intensidade com a participação dos EUA e Japão, o papel dos porta-aviões, ao que parece, resumir-se-á a isto.  

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Existe grande probabilidade de serem logo destruídos, mas o seu papel será cumprido. Desta forma, a utilização, para estes objetivos, de navios relativamente simples com aviação embarcada, especializada em proteção antiaérea e antinavio, será justificada. 

Caso a China entre em conflito com países menores e não tão audazes, os porta-aviões vão dar à China uma vantagem evidente. Em particular, eles permitirão o desembarque em Taiwan do lado da costa oriental, que é pior protegida. 

Como mostra o exemplo do Admiral Kuznetsov, se houver necessidade tais navios podem ser usados para proteger os interesses chineses nas áreas instáveis da África e Médio Oriente em caso de surgimento de crises. Os porta-aviões poderão dar à frota chinesa liberdade de ações no oceano Índico e proteger as importantes comunicações estratégicas que lá existem.   

Desta maneira, os três porta-aviões chineses do tipo soviético serão um suplemento útil para a Marinha chinesa, primeiramente tendo em conta as suas capacidades na parte ocidental do oceano Pacífico. Mas, em uma perspectiva de longo prazo, o futuro da Marinha chinesa está nos porta-aviões nucleares.

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