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Brasil e Espanha: um casamento para dar certo, com algumas rusguinhas

© Beto Barata/PR/Fotos PúblicasMariano Rajoy conversa com Michel Temer sobre negócios, Venezuela e aproximação com União Europeia
Mariano Rajoy conversa com Michel Temer sobre negócios, Venezuela e aproximação com União Europeia - Sputnik Brasil
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Brasil e Espanha têm tudo para aumentar a cooperação econômica,mas a possibilidade de um acordo entre Mercosul e União Europeia, embora hoje mais factível, ainda não está tão próxima assim. A avaliação é do presidente do Conselho Empresarial da América Latina (CEAL), Ingo Pögler, que falou com exclusividade à Sputnik Brasil.

Na avaliação do dirigente, o encontro entre o chefe de governo espanhol, Mariano Rajoy, e o presidente Michel Temer, nesta segunda-feira, 24, pode consolidar o aumento de aportes desejado tanto pelo governo brasileiro quanto pelo espanhol nas novas rodadas de concessões na área de infraestrutura previstas no Brasil. A importância do mercado brasileiro para os espanhóis é significativa por dois motivos: a visita ao Brasil é a primeira de um mandatário espanhol após nove anos e, segundo, pelo grande número de empresários que integram a comitiva e que vêm prospectar novas oportunidades de negócios. Para aproximar os dois elos desta cadeia, acontece nesta terça-feira, em São Paulo, o Encontro Empresarial Brasil-Espanha.

O presidente da CEAL lembra que o capital espanhol é um dos mais consistentes nos últimos anos no chamado investimento direto, ou seja, em áreas do setor produtivo. Em 2016, o estoque de investimentos espanhóis no Brasil chegou a US$ 64 bilhões. Além disso, a Espanha está entre os 11 maiores importadores de produtos brasileiros. Só no ano passado, a corrente de comércio entre os dois países somou US$ 5,2 bilhões, com os espanhóis sendo grandes compradores de commodities agrícolas e minerais, e os brasileiros importando produtos petroquímicos, azeites, embutidos, entre uma série de artigos.

Para Ingo Pögler, a Espanha decidiu, há mais de 20 anos, colocar a América Latina como uma de suas prioridades de negócios e investimentos por entender que a região é uma parceira natural do país e uma espécie de porta de entrada para a Europa. Com isso, vieram para cá uma série de empresas não só nas áreas de turismo e hotelaria, como também grandes operadoras em telecomunicações, energia, gestão, transporte e setor financeiro, a maioria com sucesso, segundo o executivo. Pögler lembra que, a partir de 2008, a reboque da crise financeira internacional, vários grupos espanhóis tiveram prejuízos minimizados e alguns até registrando lucro graças ao desempenho de suas filiais no Brasil.

Com relação à situação da Venezuela, tema bastante discutido entre Rajoy e Temer, o presidente da CEAL confirma as preocupações de ambos dirigentes e da própria comunidade internacional.

Mariano Rajoy, presidente do governo da Espanha - Sputnik Brasil
Mariano Rajoy é eleito para governar a Espanha

"Hoje creio que a Venezuela tem uma dificuldade muito grande de manter conexões abertas com uma série de países, inclusive da América Latina, e com a Espanha. Até porque empresas espanholas estão sofrendo bastante (na Venezuela), não conseguem fazer transferências, principalmente as companhias aéreas que estão acumulando prejuízos enormes. A influência da Espanha se mantém na Venezuela, nas pessoas e na institucionalidade", diz.

Em relação à aproximação entre o Mercosul e a União Europeia, Plöger lembra que, embora a Espanha tenha todo interesse no Brasil, em termos de pauta de exportação, os dois países têm áreas comuns e concorrentes, como em commodities agrícolas, além de um mercado europeu tradicionalmente muito protegido em termos de incentivos governamentais na agricultura e pecuária.

"A Espanha faz parte da União Europeia. Isso a gente nunca deve esquecer. Existem interesses espanhóis na América Latina, seja na parte industrial, seja na de infraestutura. Eles querem um marco regulatório favorável para investimentos nas áreas de energia, sustentabilidade e telecomunicações, e vão lutar por isso. Na agropecuária, a Espanha tem uma proteção muito forte de seus produtos: o etanol e as carnes não são facilitados, o que a faz se situar numa posição no mínimo neutra. Lá todos têm interesse em não avançar nesse assunto", diz Ploger que ainda assim se mostra mais otimista em relação à possibilidade de um acordo, graças, segundo ele, às posições que vêm sendo adotadas pelo presidente Donald Trump.

"A UE está numa situação de começar a exercer uma influência para contrabalançar. A Europa busca a sustentabilidade e o Trump deu um tapa na sustentabilidade. A Espanha tem hoje na sua matriz energética a eólica muito forte. Essas empresas estão investindo aqui. Temos uma pauta boa, de interesses comuns e interesses divergentes que a gente precisa trabalhar", diz Plöger, observando que as decisões políticas mudam hoje na Europa, seja na própria Espanha, na Itália, na Alemanha, na França e em outros países, por isso precisa de parcerias para uma pauta europeia.

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