De onde a Coreia do Norte obtém dinheiro para financiar as suas armas?

© Sputnik / Ilia Pitalev / Acessar o banco de imagensUm grupo de lançadores múltiplos de foguetes M-1985 do Exército Popular da Coreia é visto durante desfile militar em finais de abril em Pyongyang
Um grupo de lançadores múltiplos de foguetes M-1985 do Exército Popular da Coreia é visto durante desfile militar em finais de abril em Pyongyang - Sputnik Brasil
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A impressão de que a Coreia do Norte é um país pobre, incapaz de alimentar a sua própria população e isolado do resto do mundo é a mais recorrente em qualquer relato noticiado no Ocidente. Entretanto, no domingo passado o desfile militar celebrado em Pyongyang apresentou um arsenal bélico que não condiz com uma nação tão empobrecida.

A pergunta natural é: de onde a Coreia do Norte obtém dinheiro para financiar as suas armas?

Na tentativa de responder a essa dúvida, o pesquisador Leonid Petrov explicou ao portal News.com.au, da Austrália, que os norte-coreanos possuem enormes recursos naturais ao seu dispor para financiar o seu programa militar.

“A Coreia do Norte é um país montanhoso que possui vastos recursos naturais, incluídos depósitos de cobre, prata, urânio, ferro e metais de terras raras de alta qualidade”, afirmou Petrov, que é pesquisador na Universidade Nacional da Austrália, em Camberra.

O especialista analisou ainda o fato de que os norte-coreanos exportaram durante décadas os seus recursos minerais a aliados estratégicos, como China e União Soviética, até o colapso do bloco comunista, no início dos anos 1990. Desde então, o comércio internacional foi mais ativo com outros países, até que sanções cada vez mais duras reduziram a sua balança comercial.

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A China, por sua vez, sempre manteve o comércio com a Coreia do Norte como uma tentativa de manter o monopólio sobre os metais de alta qualidade encontrados naquele país. “A China compra tudo o que eles estão dispostos a oferecer [nesse setor]”, completou Petrov.

Tais metais são importantes como itens na produção de muitas mercadorias tecnológicas feitas na China, como telefones celulares, computadores, televisores de LCD e automóveis.

Mão de obra

Outra fonte de receitas para o regime de Kim Jong-um vem da exportação de mão de obra para a China, Rússia, Oriente Médio, leste da Europa e sudeste da Ásia. Trabalhando em funções em restaurantes, como agricultores ou na construção civil, esses trabalhadores norte-coreanos têm os seus salários enviados pelos seus empregadores a Pyongyang, que repassa a eles uma pequena parcela.

A Coreia do Norte também incentiva alguns investimentos estrangeiros. Se o Egito investiu no setor de telecomunicações do país, a China tem atração pelos setores pesqueiro e de mineração. Até o ano passado, os chineses retribuíam com acesso a petróleo e derivados a “preços amigáveis” ou mesmo de forma gratuita.

De acordo com Petrov, o fim desta relação comercial com a China é um dos objetivos dos Estados Unidos ao pressionar Pequim, esta vista com papel de destaque na tentativa de dissuadir a manutenção do programa nuclear da Coreia do Norte.

Contudo, isolar por completo o governo norte-coreano significaria, na visão chinesa, a implosão do regime, a absorção do país pela Coreia do Sul e a presença de tropas norte-americanas na fronteira chinesa. “Por esse motivo a China não permitirá o colapso econômico da Coreia do Norte”, disse Petrov.

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Os russos

Ainda segundo Petrov, mesmo se a China aceitasse romper relações comerciais com os norte-coreanos o problema não seria resolvido. Para ele, a Rússia assumiria a posição dos chineses na aquisição de produtos do país asiático. Já o Kremlin vê Pyongyang como um bom mercado para o gás, petróleo e energia elétrica.

“Para a Rússia não interessa o colapso da Coreia do Norte, mas sim a estabilidade de cooperação com os norte-coreanos”, avaliou Petrov.

A eficácia das sanções já impostas à Coreia do Norte também é questionada. Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) mostrou em março que o país asiático conseguiu evitar o impacto das sanções ao utilizar empresas chinesas e outras entidades estrangeiras para maquiar a origem de seus produtos.

Para o pesquisador, só há um caminho para resolver o impasse com os norte-coreanos. “Pare a guerra, termine o conflito, se reconcilie e coopere”.

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