'Olho com respeito a Moscou onde há um presidente ponderado e não imprevisível como Trump'

© AFP 2023 / Odd Andersen, Jim WatsonO Presidente da Federação da Rússia Vladimir Putin e seu homólogo dos EUA Donald Trump
O Presidente da Federação da Rússia Vladimir Putin e seu homólogo dos EUA Donald Trump - Sputnik Brasil
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"Os EUA almejam à hegemonia global desde a década de 90", afirma Willy Wimmer, ex-secretário de Estado da Defesa alemão e ex-presidente da Assembleia Parlamentar da OSCE. Por isso, o ataque americano contra a Síria não o pegou de surpresa, afirmou o político à Sputnik Alemanha.

A situação em que os EUA atacam sem notificação as tropas sírias que, por sua vez, junto com a Rússia lutam contra o Daesh no território sírio, parece bem tensa e, para muitos, é um presságio de uma nova escalada internacional. O político disse à Sputnik Alemanha que, tomando em conta a postura unilateral e injustificada dos EUA, essa é bem possível.

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"Tais países como os EUA, o Reino Unido, a França, que desencadearam a guerra na Síria há 6 anos, são imparáveis. Nem a Carta da ONU os detém. Eles travam, de novo, a guerra através dos métodos já conhecidos, em conflitos que eles próprios criaram. Sabemos disso desde a época da Iugoslávia. Hoje, como nunca, é necessário um encontro entre o presidente Putin e o presidente americano Trump, já que o clima no país está tenso. As pessoas estão deprimidas, caladas e preocupadas, à semelhança, segundo descrevem observadores internacionais, da Alemanha na véspera da Segunda Guerra Mundial. Todas as pessoas no mundo se sentem assim devido à postura ‘de estilo Rambo' do presidente americano. Infelizmente, ele põe de novo a humanidade perante um fato consumado…", assegurou.

Em qualquer caso, o governo alemão, por exemplo, apoiou tal passo de Trump, embora "há várias horas [antes do ataque] a tenha criticado ferozmente". Será que isso é um ato forçado de "solidariedade"?

"Claro que temos de levar em conta que, para o próprio governo alemão, não é fácil apresentar justificações satisfatórias para vários fatos, que tratam da presença, contrária à Constituição, de tropas alemães em território sírio — relembremos, por exemplo, os aviões Tornado do Bundeswehr [Exército da Alemanha] que recolhiam dados sobre a escola que posteriormente foi destruída", partilhou Willy Wimmer.

O político alemão qualificou o ataque dos EUA como ilegítimo e frisou como as mídias ocidentais constroem mitos em redor da Síria para justificar as ações dos países-membros da Aliança Atlântica."Aliás, muitas coisas não passam de meras invenções. Já ouvimos o grito indignado da mídia ocidental em relação a um alegado ataque de gás perto de Idlib. Mas muito disso é apenas uma encenação. Já faz décadas que nos envolvem em conflitos. Os meios de comunicação ocidentais nos mentiam ao ponto que hoje em dia não acreditarmos naquilo que o ARD [primeiro canal de televisão da Alemanha], a ZDF [emissora de televisão publica alemã], o CNN, a BBC e outros dizem quanto ao assunto. Se pode dizer ao certo: a mídia serve a mentira", expressou o político.

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Wimmer alertou que a situação tensa de hoje relembra muito da crise cubana, quando a humanidade esteve à beira de um conflito nuclear destruidor, por isso é tão importante "apelar à consciência" dos governantes.

"A atual situação tensa dá uma oportunidade para os líderes russo e norte-americano se reunirem, já que as preocupações da população quanto a uma 3ª Guerra Mundial são justificadas", sublinhou.

Após o trágico incidente de ontem, muitos afirmaram que, a partir de agora, Trump "tem a sua própria guerra" e que a tendência de ações unilaterais na política externa da nova administração republicana vai se manter. Wimmer concorda que há uma clara continuidade na postura do novo líder, quaisquer que tenham sido suas declarações eleitorais.

"Sabemos que, desde o fim da Guerra Fria, os EUA têm se norteado por uma estratégia coerente: eles aspiram à hegemonia global. Eles até falam disso abertamente. Confiram só as diretivas dos presidentes americanos que autorizam estas pessoas a travarem guerras. É o mesmo padrão que vimos em 1939. E isto mostra claramente que confrontação séria nós encaramos", disse.

"Apenas se pode olhar com respeito profundo para Moscou, onde há um presidente ponderado e não um líder assim imprevisível como Trump. Devemos pensar que as ações dos EUA podem levar muitos países a se sentirem provocados. É evidente", resumiu.

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