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Deputado Bolsonaro é criticado após polêmica palestra em clube judaico no Rio

© Wilson Dias/Agência BrasilEntidades brasileiras criticam e entram na Justiça contra discurso de Bolsonaro
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A polêmica palestra do deputado federal, Jair Bolsonaro (PSC-RJ), no clube Hebraica, na zona sul da cidade na última segunda-feira (3) trouxe revolta e indignação em várias entidades que começam a reagir com ações judiciais contra o parlamentar.

Em discurso inflamado de possível candidato presidencialista em 2018, Bolsonaro é acusado de fazer afirmações preconceituosas e em tom de deboche contra negros, comunidades quilombolas, indígenas, mulheres, gays, judeus, refugiados e integrantes de ONGs, além de defender que todo brasileiro deve ter uma arma de fogo em casa.

"Se eu chegar lá não vai ter dinheiro para ONG não vai ter dinheiro para ONG, esses inúteis vão ter que trabalhar. Se eu chegar lá no que depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para Quilombola."

Bolsonaro foi muito aplaudido e recebeu apoio de uma plateia de cerca de 300 pessoas.  O presidenciável aproveitou para fazer críticas aos governos dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, o PSDB, partido do presidente Michel Temer e até o próprio partido. "Tinha lá uma ensacadora de vento na Presidência, não precisa falar mais nada. Tínhamos um outro energúmeno, que não sabia contar até dez, porque não tinha um dedo. Uma vergonha para o nosso Brasil."

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Do lado de fora, aproximadamente 150 pessoas faziam um protesto na porta do clube, gritando nomes de judeus mortos na ditadura, como a psicóloga Iara Lavelberg e o jornalista Vladimir Herzog. Em resposta ao protesto, Bolsonaro debochou do ato. "O pessoal aí embaixo (manifestantes) eu chamo de cérebro de ovo cozido. Não adianta botar embaixo da galinha, porque não vai sair pinto nenhum. Ali não sai nada daquele pessoal."

O convite para fazer a palestra foi da Hebraica do Rio e aconteceu no mês passado, depois que Bolsonaro teve seu discurso cancelado na Hebraica de São Paulo, por conta de um abaixo assinado com mais de 2.600 assinaturas da comunidade judaica contra o evento.

Após a palestra no Rio, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) divulgou nota criticando a presença do deputado no Clube Hebraica e afirmando que a comunidade judaica  defende o respeito absoluto a todas as minorias.

Já o partido Frente Favela Brasil entrou nesta quinta-feira (6) com uma petição no Ministério Público Federal do Rio contra o político, para que o deputado Jair Bolsonaro assim como o responsável pelo espaço físico e os presentes no ato considerado como reprovável pelo partido, respondam por seus atos. O partido ainda convoca a população a assinar um manifesto contra o parlamentar.

"O discurso do parlamentar é um crime que contraria todos os acordos dos quais o Brasil é signatário nos fóruns mundiais como OEA e ONU. Além disso, fere o princípio da Dignidade da Pessoa Humana. Portanto, as declarações que incitam o ódio a grupos sociais não podem ser toleradas em uma sociedade democrática."

Representantes de comunidades Quilombolas também protocolaram duas denúncias contra o deputado federal por racismo, na Procuradora Geral da República.  As duas representações, uma feita por um grupo de parlamentares encabeçado pela deputada do PT, Benedita da Silva e outra pela Coordenação Nacional das Comunidades Negras, Rurais, Quilombolas, pedem que a Procuradoria Geral da República inicie uma ação penal contra Bolsonaro por causa das declarações racistas e misóginas feitas durante a palestra na Hebraica, desqualificando os indivíduos quilombolas em geral ao comparar um de seus representantes a um animal.

A Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), ligada ao Ministério dos Direitos Humanos também se manifestou através de nota contra as declarações do deputado. "Discursos como estes vão na contramão do compromisso do Estado Brasileiro com os povos e comunidades tradicionais e com o princípio da isonomia, conforme preceito constitucional elencado no artigo 5º da Carta Magna de 1988. É inadmissível que um parlamentar, em que pese sua liberdade de expressão, incite, totalitária e reiteradamente, o ódio na sociedade brasileira. A SEPPIR, portanto, firma seu descontentamento na reprodução de declarações que golpeiam a legislação pátria e Tratados Internacionais dos quais o Brasil é signatário." diz a nota.

 

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