Como o 'Reino Desunido' vai sobreviver ao referendo da Escócia?

© REUTERS / Russell CheyneNicola Sturgeon, primeira-ministra da Escócia, e a premiê britânica Theresa May
Nicola Sturgeon, primeira-ministra da Escócia, e a premiê britânica Theresa May - Sputnik Brasil
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O parlamento escocês votou na terça-feira a favor de realização de mais um referendo à independência do Reino Unido, à luz do Brexit.

A votação em questão aconteceu apenas uma semana depois da suspensão dos debates respectivos por causa do atentado em Londres no dia 22 de março.

A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, está buscando a autorização de Londres para realizar outro referendo sobre a independência, o que poderia ocorrer entre o outono de 2018 e a primavera de 2019.

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Na semana passada, Sturgeon lembrou que a Escócia votou esmagadoramente contra o Brexit no referendo do ano passado, enfatizando que o país não deveria ser retirado da Europa contra sua vontade. Em 2014, a Escócia votou em permanecer como parte do Reino Unido. No entanto, o voto no Brexit mostrou que a Escócia diferiu da Inglaterra sobre a permanência na União Europeia, apoiando ficar no bloco por 62% contra 38%.

O governo da primeira-ministra Theresa May fez declarações duras contra um segundo referendo da independência escocesa, dizendo que agora é preciso permanecer unidos, e por isso este não é uma boa altura para o referendo.

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O círculo vicioso

O membro do parlamento da Grã-Bretanha pelo Partido Laborista Steve McCabe disse à RT que Londres deve permitir a realização do referendo se o povo escocês quiser isso. Mas a Escócia não deve criar obstáculos ao processo do Brexit.

"Julgo que é melhor se Escócia permanecer no Reino Unido. Mas se os escoceses têm uma forte vontade de realizar o referendo pela independência do Reino Unido, eles, sem dúvida, devem ser autorizados a fazer isso. Más é preciso não lhes permitir que impeçam o processo de saída da Grã-Bretanha da EU, e dessa forma influenciar a situação de todo o país", disse McCabe numa entrevista à RT.

Segundo ele, o prazo previsto para o referendo, entre o outono de 2018 e a primavera de 2019, favorece apenas o Partido Nacional Escocês de Nicola Sturgeon.

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"Se os membros do Partido Nacional Escocês não ficarem contentes com os resultados da votação, eles realizarão uma nova votação a cada dez anos, e isso se transformará num círculo vicioso. Será um beco sem saída", concluiu o parlamentar britânico.

A segunda tentativa

Em um referendo realizado em 2014, a Escócia optou por permanecer no Reino Unido. Mas, após o recente referendo britânico que decidiu o Brexit, o Reino Unido, segundo as palavras de Sturgeon, "deixou de ser o país no qual os escoceses escolheram permanecer".

"As forças nacionalistas sempre foram fortes na Escócia. Agora é um partido nacionalista que está no poder. Esse partido venceu proclamando slogans de separatismo e agora segue esse rumo falando da necessidade de um segundo referendo", disse à RT o analista político da organização internacional CIS-EMO Stanislav Byshok.

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Na fila de espera comum

A União Europeia não está esperando muito pela adesão da Escócia. Em caso de saída do Reino Unido, a Escócia deve ir para a fila de espera comum dos países que querem aderir à União, disse o representante oficial da Comissão Europeia Margaritis Schinas.

"A decisão por si não significa muito. Significa que os escoceses querem permanecer na UE, mas para a União esta questão neste momento não é atual", disse à RT o pesquisador principal do Instituto da Europa da Academia de Ciências da Rússia Aleksei Sindeev, acrescentando que para a UE o processo do Brexit é mais atual.

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O tempo irá mostrar

Os escoceses não são unânimes na questão da saída do Reino Unido. Segundo Stanislav Byshok, agora é menor a quantidade dos que querem sair do Reino do que na altura do primeiro referendo.

Os resultados da segunda votação vão depender muito das condições de saída do Reino Unido da União Europeia e da situação econômica britânica que se irá verificar depois do Brexit.

“Se depois do Brexit a situação se agravar, a quantidade de apoiantes da saída vai crescer”, disse Byshok.

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