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Balança da exportação de carne brasileira ainda mostra receita indigesta

© Sputnik / Ruslan Krivobok / Acessar o banco de imagensCarcaças de carne no frigorífico
Carcaças de carne no frigorífico - Sputnik Brasil
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Libera daqui, aumenta dali, a exportação de carne ainda preocupa o setor do agronegócio. O governo comemora o fim do embargo de países como China, Coreia do Sul e Egito ao mesmo em que, nos bastidores, se mostra preocupado com a ampliação de vetos, como a Suíça, que aumentou de quatro para 21 o número de frigoríficos proibidos de exportar.

Grandes mercados, como Catar, Argélia, México e Hong Kong — que sozinho comprou US$ 1,6 bilhão em carnes do Brasil no ano passado — ainda se mostram reticentes em voltar a comprar o produto brasileiro. O resultado pode ser medido nos números da exportação de carne na quarta semana de março, que atingiram US$ 50,5 milhões na média diária, queda de 19% em comparação ao valor registrado na terceira semana do mês, conforme dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Levantamento feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapas) revela que há 14 países com restrições mais amplas que os 21 frigoríficos citados na Operação Carne Fraca deflagrada pela Polícia Federal na semana passada.

Para deixar a carne ainda mais longe do ponto ideal, o governo anunciou nesta segunda-feira a interdição de mais dois frigoríficos, elevando para seis o número de plantas que só estão autorizadas a ver o boi no pasto. O ministério não informou o motivo das novas interdições, limitando-se a comunicar que elas foram fruto de indícios de falhas nas inspeções dos agentes de saúde.

O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Mato Grosso (Famato), Normando Corral, diz que algumas coisas precisam ficar bem claras em toda essa questão. Uma é o fato de que o Brasil exporta apenas de 20% a 25% do que produz, especialmente de boi. O resto é destinado ao mercado interno, que é a grande preocupação hoje dos produtores, apesar de todo o noticiário que enfatiza prejuízos com a exportação. 

"Temos a certeza que não entregamos nenhum produto que não esteja em condições para consumo humano. Em todo esse processo não teve em nenhum momento qualquer notícia de que qualquer aves, suínos e bovinos tenham problema com sua qualidade e sanidade. Não teve nenhuma acusação de que os animais entregues às indústrias estejam comprometidos pela sua sanidade e nem mesmo aplicação de qualquer hormônio ou qualquer outro produto que possa estar acima dos níveis recomendados para consumo humano", diz o dirigente da Camato.

Para Corral, o que a investigação da Polícia Federal revelou está na relação de que algumas poucas indústrias mantinham com alguns fiscais. Ele também elogia a postura do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, que, segundo ele, agiu de forma rápida e objetiva para esclarecer os fatos tanto para o público interno quanto junto a diversos governos. 

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"É um problema aparentemente de corrupção de fiscais por corruptores na indústria, e isso deve ser apurado com todo o rigor da lei. Nós continuamos produzindo produtos de qualidade. Não exportaríamos para 150 países se tivéssemos problemas de qualidade. A Polícia Federal fez uma investigação sobre isso há dois anos. Se tivesse algum risco, ela deveria alertar", conclui o presidente da Famato.

Outra voz que defende a qualidade da carne brasileira e critica o modo como foi divulgada a Operação Carne Fraca é a do presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara, deputado Sérgio de Souza (PMDB-PR).

"No Brasil, ninguém deixou de comer carne. Se você for aos mercados, vai ver da mesma forma. Foi até bom porque aumentou a fiscalização nas gôndolas, nos açougues. O problema está lá no final, quando a carne está exposta. No sistema de abate, conserva, digo com toda certeza: a mesma carne que é auditada, verificada aqui e lá fora é a mesma carne que o cidadão brasileiro consome. Há no Brasil um conceito de que se a carne é fiscalizada pelo governo federal ela é de boa procedência. Dentro de cada frigorífico do Brasil tem um fiscal agropecuário. Agora, se meia dúzia de fiscais se prevaleceram do cargo para corromper ou facilitar algumas coisas em algumas unidades de abates, estes têm que ser investigados a fundo. O que não pode é o maior produtor de proteína animal do mundo ficar refém de falácias, de shows pirotécnicos feitos por muitos quando o máximo que se tinha era o laudo de uma salsicha que teria algum problema", diz Souza.

O presidente da Comissão da Câmara também se refere a algumas notícias que foram dadas com cunho sensacionalista, como da adição de cabeça de porco na fabricação de linguiças, o que é permitido por lei, assim como a comercialização de outras partes do animal, como rabo, orelha e pé. Da mesma forma ele rebate as notícias de que papelão era misturada à carne de aves.

"Ridículo. Não existe, nunca existiu. Não existe nenhum laudo. O que acontece é que, uma vez preparados, os cortes especiais vão para congelamento em caixas de papelão. O mundo inteiro usa esse sistema", finaliza Souza.

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