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Aeroportos brasileiros cada vez mais com sotaque estrangeiro

© Antônio Cruz/Agência BrasilCresce controle estrangeiro nos aeroportos do país
Cresce controle estrangeiro nos aeroportos do país - Sputnik Brasil
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O leilão dos aeroportos de Porto Alegre, Salvador, Florianópolis e Fortaleza, realizado ontem, foi vencido por três consórcios estrangeiros, que vão pagar R$ 3,7 bilhões pelas concessões. Enquanto governo e consultores de aviação comemoram o resultado, entidades que representam os aeroviários fazem uma série de críticas aos leilões.

A concessão dos terminais prevê um arrendamento por 30 anos prorrogáveis por mais cinco, à exceção de Porto Alegre, que tem prazo de 25 anos. Nesse período, o consórcio alemão Fraport, que levou os terminais de Fortaleza e Porto Alegre, o francês Vinci (Salvador) e o suíço Zurich (Florianópolis) se comprometem a investir R$ 6,6 bilhões em obras de melhoria, infraestrutura e serviços. Esse aeroportos se somam agora aos seis já privatizados: Guarulhos e Viracopos (SP), Brasília, Galeão (RJ), Cofins (MG) e São Gonçalo do Amarante (RN). Juntos, os dez terminais responderão por 60% da movimentação de passageiros no país tanto em linhas domésticas quanto internacionais. 

Apesar de considerado um sucesso pelo governo, o leilão teve menos participantes do que em ofertas passadas. Em 2012, quando foram licitados três terminais, foram 11 grupos concorrentes, número que baixou para cinco em 2013, quando foram oferecidos dois aeroportos. No de ontem, foram apenas três grupos. Para o consultor em aviação Fúlvio Delicato, diretor da Delicato Consultoria, no entanto, o menor número de participantes não é sinônimo da falta de interesse dos investidores. 

"O comportamento dessa nova gestão tem agradado aos investidores atraindo gente interessada em um mercado crescente que é o nosso mercado de aviação. (O menor número) não é surpresa quando a gente analisa a situação econômica global e a do Brasil, que está passando momentos difíceis, mas o resto do mundo também está. São poucas as entidades que têm capital para esse tamanho de investimento. A gente esperava 10%, 15% de ágio, mas 23% foi uma surpresa boa", diz Delicato.

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O consultor prevê que as próximas concessões aeroportuárias devam ocorrer dentro do prazo estabelecido pelo governo, o mais rápido possível, mas se mostra cético quando a repetição do sucesso econômico dos últimos leilões. Ainda assim, ele assegura que o investidor estrangeiro está voltando, principalmente nessa área, isto porque o país vem sendo observado pelas boas oportunidades de negócio em infraestrutura aeroportuária, não só na operação das linhas aéreas, como também em oficinas de manutenção, suporte, entre outras.

Com uma visão inteiramente oposta à do consultor e à do governo, o Sindicato Nacional dos Aeroviários (Sina), entidade ligada à CUT, dispara uma série de críticas ao programa de concessão de aeroportos. 

"Estamos muito decepcionados com a política do governo de continuar concedendo os aeroportos no Brasil. Infelizmente, quando começaram as primeiras concessões, alertávamos que as classes C e D voltariam para as rodoviárias. O empresariado que está assumindo esses aeroportos por algum motivo não está enxergando que é o bom consumidor do aeroporto. Antes das concessões, as classes C e D saíram das rodoviárias, foram para os aeroportos e começaram a viajar de avião. Com o aumento de tarifas, cobrança de taxa de conexão, um protecionismo descarado por parte da Secretaria de Aviação Civil e pela Agência Nacional de Aviação Civil, a gente percebe que num mesmo leilão uma operadora só arrematou dois dos aeroportos", critica o presidente do Sina, Francisco Lemos.

O dirigente lembra que, no fim do ano passado, ao contrário do que vinha acontecendo, não houve overbooking, porque diminuiu muito o número de passageiros. Além disso, aponta Lemos, muitos dos contratos comerciais levaram ao fechamento de inúmeras lojas nos aeroportos devido às altas taxas de locação e falta de consumidores, ao passo que as rodoviárias voltaram a ficar lotadas.

"É uma política de segregação de classes sociais. Acho que incomodava a algumas pessoas ver as classes mais humildes frequentando os aeroportos e viajando de avião. Há preconceito, segregação social. Benefício acho que não trouxe nenhum para o passageiro. Por algum motivo empresas estrangeiras estão querendo ter esse controle dos nossos aeroportos. Embora o mundo todo tenha aeroportos privados, muitos países têm parceria: a área comercial é controlada pela empresa privada e a área operacional é conduzida pelo Estado", afirma o presidente do Sina, lembrando que 96% dos acidentes aéreos acontecem no momento do pouso e da decolagem e só 4% durante o trajeto. Por isso, segundo ele, de alguma forma a estrutura do aeroporto está relacionada aos acidentes

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