Arranco orçamental: como o Pentágono gastará seus bilhões fáceis

© REUTERS / Peter FoleyO destróier de mísseis guiados norte-americano Nitze perto da entrada do porto de Nova York, em 24 de maio de 2006
O destróier de mísseis guiados norte-americano Nitze perto da entrada do porto de Nova York, em 24 de maio de 2006 - Sputnik Brasil
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Na quarta-feira (16), a Casa Branca publicou o projeto do orçamento dos EUA para o ano 2018, o primeiro proposto pela administração de Donald Trump. Este "rascunho" pressupõe um aumento brusco de despesas militares por conta da redução do financiamento de outros setores. No âmbito do projeto, o Pentágono receberá 54 bilhões de dólares adicionais.

Assim, a "bolsa" militar dos EUA será, segundo várias estimativas, de 570 a 640 bilhões de dólares. Os representantes do Partido Republicano insistem na soma de 640 bilhões, mas o número exato apenas se tornará público em maio, quando o projeto de orçamento for definitivamente aprovado. No entanto, já o fato de haver um aumento tão grande de despesas militares permite fazer algumas previsões.

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"Não há dúvida nenhuma que este será um orçamento de poder duro, e não suave", declarou aos jornalistas Mick Mulvaney, diretor de Gestão e Orçamento dos EUA. "Isso foi feito de propósito. Queremos transmitir um sinal bem claro aos nossos aliados e futuros rivais que esta administração se apoia numa força sólida. Assim, o dinheiro sai das estruturas de poder suave, como, por exemplo, a ajuda internacional, e entra nos programas de força mais dura."

A que fim poderá ser destinado este dinheiro? Um dinheiro equiparável a todo o orçamento militar da Rússia? E como se vão desenvolver as Forças Armadas dos EUA nos próximos anos?

Política de contenção

Desde o início da sua campanha eleitoral, Donald Trump declarou abertamente que o principal rival geopolítico dos EUA é a China. Ao se tornar presidente, ele passou das palavras às ações. A partir do início deste ano, a Marinha americana aumentou sua presença militar no mar do Sul da China e realizou uma série de manobras conjuntas com a Coreia do Sul e Japão. E no dia 7 de março os EUA instalaram componentes do sistema antimíssil THAAD em Seul.

"Oficialmente as autoridades político-militares dos EUA explicaram isso com a necessidade de conter as ambições nucleares da Coreia do Norte", disse à Sputnik Leonid Ivashov, vice-presidente da Academia de Assuntos Geopolíticos de Moscou.

"Mas, na verdade, os militares americanos estão realizando um programa de contenção da China, bloqueando sua costa nos acessos distantes. Por exemplo, a mídia pouco falou sobre o aumento da presença militar dos EUA no estreito de Malaca. Através dele a China recebe quase 70% dos hidrocarbonetos importados", explicou Ivashov.

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Ele sublinhou que com o aumento de sua força na região da Ásia-Pacífico os EUA diminuem sua presença militar na Europa. Contudo, de acordo com Ivashov, as autoridades americanas não abdicarão de instalar sistemas antimísseis no Leste da Europa.

Alguns analistas militares consideram que o aumento do orçamento militar não deve obrigatoriamente levar ao aumento das suas capacidades de combate. Segundo o especialista Viktor Murakhovsky, os militares americanos têm certas dificuldades que exigem investimentos significativos. Entre elas Merakhovsky indica os custos sempre em crescimento da produção da indústria militar, outro aspecto é que exército americano consiste apenas de soldados contratados, também Trump prometeu aumentar a qualidade de vida dos veteranos: elevar as pensões, tornar a assistência médica mais acessível, etc.

Marinha

A Marinha norte-americana é o argumento principal de Washington no palco internacional. E, muito provavelmente, grande parte do orçamento será destinada à sua modernização. Trata-se especialmente dos submarinos nucleares lançadores de mísseis balísticos, a base da "tríade nuclear" de Washington.

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O Pentágono planeja restringir de modo significativo o financiamento dos programas de criação de "armas do futuro" para a Marinha. Em primeiro lugar, isso toca os destróieres futuristas Zumwalt. O navio principal foi entregue à frota em 2016 é já por duas vezes passou por reparações em doca devido a problemas com a instalação propulsora principal.

Aviação e espaço

A segunda área prioritária é a aviação. Aqui o quadro, de acordo com especialistas, está bem claro: o Pentágono continuará comprando caças de quinta geração F-35 tanto para exportação, quanto para necessidades próprias.

Espera-se também a redução da quantidade de aviões obsoletos e a modernização dos mais recentes.

Leonid Ivashov recorda a importância dos drones: "Com o tempo, os EUA planejam os tornar em sua principal força de ataque." Hoje em dia, os militares americanos estão trabalhando no conceito de "enxame", em que se possa atacar o inimigo de vários pontos com uso de muitos drones de propósitos e configurações diferentes, destaca Ivashov.

Além disso, os analistas sublinham que nos próximos anos os EUA continuarão aumentando sua frota de satélites. Em primeiro lugar, se trata do sistema de aviso precoce sobre ataques com mísseis. Ele deverá ser modernizado para poder detectar, por exemplo, o lançamento de um míssil antiaéreo ou posições de lançadores de foguetes que tenham aberto fogo.

Exército

As tropas terrestres, pelo contrário, serão o "parente pobre". Os analistas compartilham a opinião que os EUA não irão gastar mais dinheiro em tropas terrestres. Além do mais, o Pentágono planeja reduzir o número de efetivos do exército de 480 para 450 mil.

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"As tropas terrestres têm menos prioridade no aumento orçamental", explica Murakhovsky. "Os comandantes destas tropas continuam insistindo que foi o exército que teve um papel decisivo no Afeganistão e no Iraque. Eles também afirmam que uma brigada blindada em base rotativa na Europa não é suficiente e apelam ao aumento da divisão mecanizada na Coreia do Sul para a dimensão de tempo de guerra. Mas o governo norte-americano não presta muita atenção a estes pedidos."

Murakhovsky sublinha que um dos problemas principais das tropas terrestres norte-americanas é a quantidade insuficiente das brigadas em prontidão permanente e o equipamento obsoleto. O que é destacado perante a modernização em curso dos tanques e veículos blindados russos.

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