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Opinião: Ofensiva das forças de direita no Brasil é um fenômeno alarmante

© AP Photo / Eraldo PeresO presidente do Brasil, Michel Temer, fala com o seu homólogo argentino, Mauricio Macri, durante o encontro no Planalto em 7 de fevereiro de 2017
O presidente do Brasil, Michel Temer, fala com o seu homólogo argentino, Mauricio Macri, durante o encontro no Planalto em 7 de fevereiro de 2017 - Sputnik Brasil
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O procurador-geral da República Federativa do Brasil, Rodrigo Janot, apelou ao Supremo Tribunal para iniciar uma investigação contra 83 políticos brasileiros, sendo que na lista figuram dois ex-presidentes, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, bem como vários altos oficiais, inclusive o chanceler Aloysio Nunes.

Tais acusações se baseiam nos depoimentos dos gerentes gerais da empresa de construções Odebrecht, que, em troca de abrandamento da decisão judicial, comunicaram ao inquérito como eles receberam contratos vantajosos com a Petrobras graças ao sistema de propinas e subornos.

O editor-chefe da revista Latinskaya Amerika (América Latina em russo) lançado pela Academia de Ciências da Rússia, Vladimir Travkin, falou com o serviço russo da Rádio Sputnik e comentou a situação.

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Sabe-se que esta investigação de corrupção e de maior escala até hoje é evidenciada pelo Brasil, e no resultado dela dezenas de políticos de alto nível podem acabar na cadeia.

"Acredito que agora, os fatos vão, na maioria, ser confirmados, mas nem todos os altos oficiais acusados destas ações impunes serão afetados diretamente. A tradição de corrupção é longínqua [no Brasil], ela é relacionada não só com o período do poder de esquerda, mas na história anterior também houve tais casos. E nem sempre eles foram até o fim. Mas houve também o impeachment do presidente Collor, também em relação a esse problema [corrupção], e ele não é era um presidente de esquerda", partilhou o especialista, explicando que esta "tradição" pode ser argumentada pela mentalidade do povo brasileiro que se formou ainda antes da chegada dos portugueses ao continente e aumentou ainda mais na época de colonialismo.

Travkin afirmou que esta nova onda de escândalo no Brasil não pode ser considerada separadamente do continente, já que há um "recuo de esquerda na América Latina" em geral e uma "ofensiva global contra os governos de esquerda" na região, sendo que estes governos "fizeram bastante para que o nível da vida nos seus países aumentasse". Trata-se, primeiramente, do Brasil e da Argentina, e em futuro mais breve, pode ser do Equador também.

"Há uma campanha sem precedentes contra estes governos de esquerda na imprensa e nas mídias. É um fator muito importante e é presente, com efeito, em todo o continente. Dá uma impressão que os apoiadores de neoliberalismo que, à primeira vista, ainda há pouco sofreram uma derrota total, ganharam um fôlego e mobilizaram suas forças, atuando de maneira muito ativa", explicou o analista.

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Não se pode descartar também a mudança de ideologia política nos EUA, com a chegada de Donald Trump, já que este tem uma postura bem dura em relação ao continente, nomeadamente, para com o México, observou Travkin.

"É um fenômeno alarmante. Parece que se trava uma ofensiva das forças de direita", resumiu.

Mais um aspecto importante: a investigação em andamento, talvez, não seja diretamente relacionada às próximas eleições, mas pode ser uma medida "preventiva" na véspera do voto geral, expressou o acadêmico.

"Claro que sim, já que há grande descontentamento com o atual presidente que sucedeu Dilma Rousseff", disse. "Aquilo que ele começou a fazer, as iniciativas sociais que rechaçou, ou seja, manejar a economia através da deterioração da qualidade da vida do povo, tudo isso não gera muita admiração."

Ou seja, há certa vontade de mostrar ao eleitorado brasileiro que a "culpa é da esquerda", concluiu o especialista. Ademais, acrescentou Travkin, este tema "se fará circular de todos os modos, sendo um tema propício, e à medida que as eleições forem se aproximando, ele vai soar cada vez mais alto".

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