Destruição gravada dos artefatos assírios pelo Daesh foi apenas uma encenação?

© REUTERS / THAIER AL-SUDANIUm artefato destruído no Museu de Mossul das Antiguidades
Um artefato destruído no Museu de Mossul das Antiguidades - Sputnik Brasil
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Durante todo o período da luta contra o Daesh, agrupamento terrorista proibido na Rússia, os militantes foram muitas vezes acusados de destruírem fisicamente diversas peças de arte e objetos culturais. Porém, um recente estudo mostrou que a parte disso pode ser um "espetáculo encenado".

De acordo com a CNN, os especialistas examinaram os vídeos, datados de 15 de março de 2015 e que, alegadamente, mostravam os militantes destruindo os artefatos, e finalmente concluíram que algumas peças e estátuas eram réplicas feitas de gesso e que os reais artigos manufaturados foram contrabandeados do Iraque e vendidos.

Um dos artefatos antigos supostamente destruídos pelo Daesh era um touco alado assírio, chamado Lamassu, que foi destruído com uma marreta em Nimrud (o nome moderno do sítio arqueológico situado perto da cidade assíria de Kalhu, a sul do rio Tigre). A estátua era um símbolo proeminente do Império Assírio do século VII a.C.

Os militantes fundamentalistas consideravam as relíquias como uma afronta à versão deles do islã, sendo que neste vídeo, ao som de música religiosa, um dos homens grita: "Oh, muçulmanos, estas estátuas atrás de mim são ídolos das pessoas dos séculos passados, aqueles que as veneravam em vez de Deus omnipotente. Se Deus mandou que fossem destruídas, elas se tornaram inúteis para nós, mesmo custando bilhões de dólares."

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O relatório da CNN também sugere que os jihadistas poderiam ter vendido outras peças guardadas em armazéns do Museu das Antiguidades de Mossul. Outro vídeo, divulgado mais tarde, mostrava o sítio arqueológico de Nimrud sendo demolido com explosivos e buldôzeres.

Os vídeos foram publicados um ano depois de o Daesh ter tomado o controle de Mossul, sendo parte dos esforços sistemáticos para destruir os importantes marcos culturais iraquianos, incluindo templos, igrejas, palácios antigos e até mesquitas que, na opinião dos extremistas, veneravam santos, uma pratica considerada herética pelo seu padrão de monoteísmo.

A arqueóloga e ex-curadora do Museu de Mossul, Layla Salih, observou: "Estes são os restos de um Lamassu [divindade da antiga Mesopotâmia, considerada como sendo do sexo feminino] e de leões de Nimrud… Eles são inestimáveis e estavam em condição perfeita."

O Museu de Mossul, o segundo maior museu das antiguidades no Iraque, foi fundado na década de 70 e em certo momento abrigava não só artefatos mesopotâmicos, mas também textos pré-islâmicos e islâmicos raros.

O major da polícia federal e nativo de Mossul Muhammad al-Jabouri lamentou a destruição, dizendo que "Mossul é o coração da civilização iraquiana".

"Quando eu ouvi falar de como o Daesh destruiu este lugar", disse ele com os olhos cheios de lágrimas, "a morte teria sido mais misericordiosa para mim."

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