Será que uma nova guerra pode atingir o Oriente Médio?

© REUTERS / Rodi SaidUm combatente norte-americano, que está lutando ao lado das Forças Democráticas da Síria, segura bandeira do seu país
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Washington corre risco de acabar envolvido em mais uma guerra no Oriente Médio, acredita um especialista.

Os EUA aumentaram recentemente sua presença militar na Síria supostamente para ajudar as tropas locais na luta contra o Daesh (grupo terrorista, proibido na Rússia).

Contudo, James Jatras, antigo diplomata norte-americano e conselheiro do Senado, disse à emissora Sputnik que o último envio de tropas pelo Pentágono poderá atolar os Estados Unidos na Síria.

"Honestamente, eu não gosto disso. Não penso que seja uma boa ideia. Eu gostaria, tal como qualquer outra pessoa, de ver o Daesh e outros grupos terroristas na Síria destruídos. Me parece que isso poderia ser feito sem o envio de tropas norte-americanas para o terreno. Parece que Donald Trump escolheu diferentemente e há riscos reais associados", disse ele.

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O especialista militar destacou especialmente que isso não significa que a operação não tenha sucesso, mas apenas sublinha que há muitos riscos envolvidos na ideia de presença dos EUA no terreno sírio.

Jatras também destacou que um dos maiores riscos é ficarem envolvidos em mais uma guerra no terreno:

"Há riscos que fiquemos atolados, nós poderemos ser envolvidos em mais uma guerra no terreno no Oriente Médio. E sejamos claros – uma guerra aérea também é guerra. O uso da força aérea obriga os EUA a pôr mais tropas especiais no terreno, o que já foi feito com Obama e agora está sendo feito por Trump.

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O ex-diplomata explicou também que claramente todo o mundo gostaria de vencer o terrorismo que tais grupos como o Daesh e Frente al-Nusra (ambos proibidos na Rússia) representam, mas ele não acredita que os EUA queiram iniciar outra guerra.

"Se nós nos encontramos envolvidos em combates muito mais diretos e extensivos do que foi previsto, poderemos nos encontrar em mais uma guerra no terreno," disse.

Inicialmente, a administração de Barack Obama tinha declarado não ter intenções de enviar tropas terrestres para Síria, mas mudou dramaticamente sua política após se tornar claro que a campanha aérea não era suficiente para "destruir completamente" o Daesh. Pelo menos, foi assim que, em setembro de 2014, o 43º presidente dos EUA explicou a mudança de atitude perante a crise síria.

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Mais tarde, Washington enviou 400 marines e rangers do exército para ajudar as Forças Democráticas Sírias na sua operação de libertação da cidade de Raqqa, o centro do califado do Daesh autoproclamado pelos terroristas.

Jatras se referiu a esse envio como "um aumento significativo" da presença.

Mas o especialista também admitiu que há desenvolvimentos positivos da operação, lembrando a cidade de Manbij que na semana passada atraiu muita atenção da mídia internacional.

"Nesta operação houve coordenação entre os chefes do estados-maiores americano, russo e turco. Assim, parece que há um esforço para se obter alguma coordenação do mesmo lado, entre forças que suspeitam umas das outras, mas que direcionam a sua atividade contra o Daesh. Em princípio, isso é uma coisa boa", comentou Jatras.

Ele também acredita que se se conseguir uma agenda única entre o exército sírio, os russos, os curdos e, tacitamente, os turcos, assim como o exército iraquiano, poderia haver sucesso na luta contra os terroristas.

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