Combatente curdo conta como Rússia salvou sua vida após ser quase morto pelo Daesh

© AFP 2023 / JOSEPH BARRAK / AFP Combatentes de Peshmerga, forças do Curdistão iraquiano após o combate de dois dias a 15 quilômetros da cidade de Mossul, Iraque
Combatentes de Peshmerga, forças  do Curdistão iraquiano após o combate de dois dias a 15 quilômetros da cidade de Mossul, Iraque - Sputnik Brasil
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Combatente das forças peshmerga do Curdistão iraquiano tinha sido atingido por três tiros do Daesh e perdido toda a esperança quando um representante do Curdistão iraquiano na Rússia o encontrou, levando-o para Moscou, onde está passando por tratamento médico.

Ele contou a sua história à Sputnik International.

Hersh Mahmood Khudhur de 36 anos usa cachecol para esconder uma parte do seu rosto. Há três meses, ele estava participando da missão para proteger a cidade de Kirkur do Daesh.

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"Aproximadamente às 4 da manhã, centenas dos extremistas do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia) invadiram a cidade. Avançamos imediatamente. Começou o tiroteio e eu fui baleado com três tiros do jihadista. Primeira bala atingiu a minha espingarda, segunda atingiu meu ombro. Eu tentei me curvar para proteger a cabeça, mas o terceiro tiro atingiu minha bochecha e queixo. Poderia ter sido na minha testa, se eu não tivesse me movido… Eu vi o homem que atirou em mim. Até hoje me lembro dele", disse Khudhur.

Sem perceber que tinha sido baleado, Hersh Mahmood foi levado ao hospital de campo em Kirkur. No entanto, não havia medicamentos necessários no hospital e o paciente não chegou a receber nem ao menos analgésicos.

"Ouvi o médico dizer para alguém que não viverei. Que se ninguém conseguiu me ajudar lá, ninguém poderá me ajudar em lugar algum. Neste momento percebi que era o fim, percebi que estava morrendo", contesta Khudhur.

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Os amigos dele, no entanto, não perderam a esperança tão rapidamente. Eles se dirigiram ao representante do Curdistão iraquiano na Rússia, Aso Jangi Talabani, que organizou o transporte de Hersh para o hospital de Sulaymaniyah, outra cidade curda, conseguindo, posteriormente, o tratamento médico em Moscou. Aso Jangi Talabani tinha certeza de que o combatente peshmerga receberia ajuda necessária na Rússia.

Hersh Mahmood conseguiu visto russo em um dia graças à ajuda do cônsul russo em Arbil (capital do Curdistão iraquiano), Viktor Simakov. Khudhur chegou a Moscou, onde se encontrou com o cirurgião plástico encarregado de restaurar a sua parte do rosto danificada.

"É a minha primeira vez na Rússia. Mas me sinto como se estivesse em casa. A cidade é muito bonita. E a missão do Curdistão iraquiano está prestando muito apoio", assegura Hersh Mahmood.

© SputnikHersh Mahmood Khudhur com seus amigos Shakr e Hemin.
Hersh Mahmood Khudhur com seus amigos Shakr e Hemin - Sputnik Brasil
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Hersh Mahmood Khudhur com seus amigos Shakr e Hemin.
© SputnikHersh Mahmood Khudhur com seus amigos Kawa e Hemin.
Hersh Mahmood Khudhur com seus amigos Kawa e Hemin - Sputnik Brasil
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Hersh Mahmood Khudhur com seus amigos Kawa e Hemin.
© SputnikHersh Mahmood Khudhur com Aso Talabani e Polad Talabani.
Hersh Mahmood Khudhur com Aso Talabani e Polad Talabani - Sputnik Brasil
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Hersh Mahmood Khudhur com Aso Talabani e Polad Talabani.
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Hersh Mahmood Khudhur com seus amigos Kawa e Hemin.
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Hersh Mahmood Khudhur com Aso Talabani e Polad Talabani.

A cirurgia de Khudhur é patrocinada por Lahur Talabani, chefe da inteligência do Curdistão iraquiano, irmão de Aso Talabani. Consulado russo em Arbil e a missão do governo curdo iraquiano têm o acordo informal para prestar assistência médica desde o ano de 2014, quando o Daesh começou a agir no Iraque.

"Aso Talabani, seus irmãos Poland e Lahur, que sempre estão perto dos combatentes no campo de batalha ou no hospital, nos dão muito. Eles dão esperança aos feridos", adiciona Khudhur.

A missão dos combatentes curdos é difícil não apenas em termos de equipamento, mas também em termos ideológicos, explica Hersh Mahmood.

"O armamento que nós temos é muito obsoleto. São Kalashnikov dos tempos soviéticos… Outra dificuldade é que Daesh usa crianças e mulheres como escudo humano. Quando você vê uma criança ou uma mulher saindo, você simplesmente não atira neles", disse Khudhur.

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As mulheres que estão no serviço das milícias curdas efetuam papel muito importante, pois os jihadistas acreditam que, quando extremistas são mortos por mulheres, sua alma não vá para o paraíso, por isso Daesh teme tanto as militares.

Ao responder à pergunta sobre seu regresso às filas das tropas peshmerga, Khudhur disse sem hesitação:

"Eu vou. Foi isso que eu disse para Aso Talabani desde o início, quando ele ofereceu ajuda. Eu sei que se eu tivesse morrido, meu pai teria enviado outros filhos aos campos de batalha."

Desde 2014, quando se iniciou a guerra contra Daesh, cerca de 1.500 combatentes peshmerga foram mortos e cerca de 9.000 ficaram feridos, de acordo com dados das autoridades curdas divulgados em junho de 2016.

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