O objetivo era que o Parlamento português fosse unânime na condenação pelo "desrespeito dos direitos humanos e liberdades" subsequente às políticas que têm sido adotadas por Trump, mas o parlamento virou uma autêntica manta de retalhos para aprovar os termos concretos da condenação.
No final, só os votos de condenação do PS, PSD e CDS foram aprovados, informa Observador. "Mas não foi fácil", sublinha a edição.
O voto do Partido Socialista (PS) foi o mais unânime, a esquerda votou a favor e a direita se absteve. O PS respondeu na mesma moeda e se absteve nos votos apresentados pelo Partido Popular (CDS) e Partido Social Democrata (PSD).
O que queria cada um dos partidos?
O PS concedeu o texto mais neutro, concentrado na condenação da lei Protegendo a Nação contra a Entrada de Terroristas Estrangeiros nos Estados Unidos. O texto chamou esta lei de "retrocesso civilizacional". Assim, os socialistas quiseram que a Assembleia da República "lamentasse" as restrições à imigração impostas pelo Presidente dos EUA e "manifestasse profunda preocupação pelo significado de tais restrições".
Por isso, os sociais-democratas quiseram apelar à União Europeia para que falasse "a uma só voz" na defesa dos compromissos internacionais e dos direitos humanos, "incluindo os direitos dos refugiados".
As posições do Partido Comunista Português (PCP), Bloco de Esquerda (BE) e PS foram parecidas no ponto de condenação das "políticas que desrespeitem os direitos dos refugiados e migrantes", se concentrando na ordem recente de Trump sobre a proibição da entrada de imigrantes de países muçulmanos e na construção do muro com o México.
O Bloco de Esquerda condenou todas as "declarações e deliberações da administração Trump" que sejam contrárias aos princípios dos direitos humanos, igualdade de gênero, liberdade de imprensa, liberdade religiosa, respeito pelos acordos sobre as alterações climáticas, combate à xenofobia, racismo e sexismo.
O CDS também se preocupou com a lei Protegendo a Nação contra a Entrada de Terroristas Estrangeiros nos Estados Unidos. O texto do partido se concentrou somente nesta questão da proibição da entrada de refugiados procurando abrigo nos EUA. O CDS considera o rompimento dos fundamentos humanistas da civilização ocidental, "a melhor tradição americana".
No final do voto, o partido relembrou a "relação sólida de amizade e aliança entre Portugal e EUA" antes de expressar "preocupação" pelas ações de Trump e pelos "efeitos negativos que podem gerar na ordem internacional" e também lamentou "o agravamento das divergências entre UE e os EUA" na resposta às ameaças à segurança comum.