Trump pretende formar novo triângulo político para conter China?

© REUTERS / Damir SagoljOficiais e soldados do Exército de Libertação Popular da China numa base militar em Pequim
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A administração do presidente dos EUA, Donald Trump, herdou as políticas de Barack Obama na Ásia que são focadas na contenção da China.

Foi assim que especialistas russos comentaram o convite de Donald Trump ao primeiro-ministro da Índia Narendra Modi para visitar a Casa Branca, bem como o empenho do premiê japonês, Shinzo Abe, de se tornar o primeiro líder na Ásia a se reunir com Trump em Washington.

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O jornal South China Morning Post informou que a conversa telefônica entre os dois líderes, realizada em 24 de janeiro, resultou no convite do presidente dos EUA endereçado para o líder indiano. Vale destacar que Trump qualificou a Índia como um amigo e parceiro fiel na solução de desafios globais. Ambos concordaram em trabalhar em conjunto nos próximos dias em prol do desenvolvimento das relações bilaterais. Por seu turno, o presidente dos EUA recebeu o convite de Modi para visitar a Índia.

Pyotr Topychkanov, especialista da Academia de Ciências da Rússia, expôs à Sputnik China a sua opinião destacando que o líder indiano tem esperanças realistas quanto ao fortalecimento dos laços com os EUA. Segundo ele, Modi precisa que o papel da Índia como parceiro crucial americano aumente no contexto das tensões no assim chamado triângulo China-Índia-EUA.

"Para Modi e para Índia chefiada por ele, a China representa uma crescente ameaça", assinala Topychkanov.

Na opinião dele, "durante a presidência de Trump, os EUA vão oferecer apoio mais evidente à Índia no contexto das suas relações com a China".

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Apesar do contato entre Modi e Trump, o premiê japonês Shinzo Abe poderá se tornar o primeiro líder asiático a se reunir com o presidente norte-americano. Segundo a agência japonesa Kyodo, que cita Michael Flynn, assessor de Trump para a segurança nacional, o presidente dos EUA "está aguardando com muita impaciência a reunião com o primeiro-ministro Shinzo Abe durante a qual poderão trocar opiniões em vários assuntos".

Ainda durante a campanha eleitoral de Trump, Flynn destacou que Trump não pretende mudar o formato da cooperação com o Japão na área da defesa.

Por sua vez, Natalia Zamaraeva, especialista do Instituto de Estudos do Oriente, opinou em entrevista à Sputnik China que as visitas acima mencionadas podem ser um sinal de novos exercícios militares marítimos dos EUA com o Japão e Índia.

Segundo ela, o Paquistão "sempre recebe sinais dos EUA dirigidos a Nova Deli, de maneira dolorosa".

No entanto, ressalta Zamaraeva, vários analistas prognosticam a melhora das relações entre os EUA e o Paquistão, que se agravaram ainda mais no ano passado.

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Há também mais uma notícia. Em 25 de janeiro, a mídia ocidental informou que, na próxima semana, o novo secretário de Defesa dos EUA, James Mattis, visitará o Japão e a Coreia do Sul. Entre as questões prioritárias que ele pretende discutir com Abe estão aumento das atividades chinesas no mar do Sul da China e o programa nuclear da Coreia do Norte.

Aleksei Fenenko, especialista em relações internacionais da Universidade Estatal de Moscou, ressalta que, a administração de Trump continua aplicando a política de Obama em relação à China.

"Não foi Trump, mas sim Obama que em 2010 inventou a política da 'contenção renovada' da China, ao distinguir três vetores. O primeiro são a Austrália e a Nova Zelândia, o segundo – Vietnã, Singapura e reforço da presença militar nas Filipinas e o terceiro – ampliação da aliança militar com o Japão e participação da Coreia do Sul nesta aliança", explica Fenenko.

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O especialista em relações internacionais da Academia da Diplomacia da China, Ren Yuanzhe, compartilha a opinião de Fenenko e destaca que o Japão e a Índia são países de grande importância estratégica para os EUA.

O Japão é um aliado importantíssimo dos EUA no Círculo do Pacífico. O rumo da cooperação entre o Japão e os EUA é proveniente de George W. Bush até Obama e se repete na administração de Trump, tudo é consecutivo e inalterável.

Yuanzhe também falou da importância da Índia para os EUA:

"A cooperação entre os EUA e a Índia tem vários vetores e inclui a área militar, política e economia, por isso a administração de Trump não se esquecerá da Índia", frisa.

O especialista chinês conclui que o Japão e a Índia são os vizinhos da China no Ocidente e Oriente que possuem uma importância estratégica no contexto do crescimento equilibrado chinês.

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