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Motins em prisões brasileiras são frutos do golpe de Estado, diz analista russo

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No contesto da crise penitenciária brasileira, o chefe do Centro de Ciências e Informações do Instituto russo da América Latina, Aleksandr Kharlamenko, prognostica que o país esteja encarando o risco de "fantasma mexicano" provocado pelas autoridades que chegaram ao poder após o impeachment da presidente eleita, Dilma Rousseff.

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Hoje (17), na sequência de uma onda de motins em prisões brasileiras, o presidente brasileiro, Michel Temer, anunciou que planeja abrir 30 novas instituições penitenciárias no país. O que quer dizer esta iniciativa e será que ajudará a estabilizar a situação no país?

Recolhendo frutos

Infelizmente, não se pode dar uma resposta otimista a esta questão, já que "estamos evidenciando como o maior país latino-americano recolhe frutos dos abalos do ano passado que muitos, inclusive no próprio Brasil e em outros países da região, estão sendo considerados como um golpe de Estado", afirma o acadêmico.

"Foi efetuado de forma meiga judicial-parlamentária que parece estar na moda atualmente", ironizou o cientista político. De qualquer modo, "há muita incerteza quanto à legitimidade desta mudança do poder, ou seja, da destituição de Dilma Rousseff".

É fato consumado que tanto no mandato de Dilma quanto no de Lula, seu antecessor e, apesar das intimidações de prisão, possível futuro candidato à presidência, não aconteceu "nada parecido" no país, ressalta Kharlamenko.

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"Claro que naquela época, a administração penitenciária efetuada, em grande medida, pelos estados e não por autoridades federais, sendo que muitos estados contam com forças de direita, anteriormente de oposição no poder, também era um ponto fraco do país. Foi sempre assim no Brasil. O sistema judicial nunca se destacou muito pela sua objetividade, nunca houve certeza de que os presidiários estivessem cumprindo pena pelos crimes realmente cometidos", explica o analista ao serviço russo da Rádio Sputnik.

Sim, o poder de esquerda não conseguiu erradicar o problema, pois não tinha maioria nem no parlamento nem nos estados. Mesmo assim, nunca permitiu que a situação chegasse a tal ponto, realça Kharlamenko.

"Deste modo, o eixo-badeixo penitenciário se intensificou com a saída de Rousseff", resumiu a locutora do programa.

Fantasma mexicano

"O Brasil está enfrentando o fantasma mexicano. Algo parecido já aconteceu lá", diz.

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No México, o "poder estável" assumiu o país por muito tempo (com exceção do centrismo), o país era um dos mais estáveis e pacíficos não somente na região, mas no mundo em geral, frisa Kharlamenko.

Porém, após anos de reformas neoliberais, ele "vem se afogando em uma guerra civil não proclamada, que não é travada entre classes ou partidos, mas, como se declara a nível oficial, entre os clãs do narcotráfico".

Quem ganha com isso?

"No Brasil, as pessoas não temem revolução", observa o acadêmico.

Na opinião dele, o povo receia que as forças de extrema direita, que desde o início não têm aprovado a candidatura de Michel Temer, embora tenham o ajudado e favorecido "o derrube de Rousseff", estejam usando "tais métodos para permanecerem no poder".

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Segundo o analista, as forças de direita reconhecem a baixa popularidade de Temer, sendo, assim, impossível levá-lo ao poder.

"Fiquei preocupado com os recentes distúrbios sangrentos em um presídio de Natal, no Nordeste do país, tudo começou com a entrega de armas aos prisioneiros por cima do muro da prisão. Pessoas desconhecidas passaram as armas", especifica Kharlamenko.

"Eu suspeito que estejam envolvidos, primeiramente, traficantes de drogas e, em segundo lugar, forças de extrema direita que estão preparando já um impeachment para o próprio Temer", resumiu.

Vale ressaltar, diz Kharlamenko, que os nomes dos prováveis sucessores ainda não foram revelados, porque o "mais hilário" desta situação está relacionado aos "montes de dados comprometedores" sobre todos os políticos de extrema direita, "não somente sobre Lula e Dilma".

"Revelar nomes poderia complicar a vida de muitos", adiantou.

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