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Especialista: 'Governo boliviano é o principal responsável pela tragédia na Colômbia'

© REUTERS / Fredy Builes Imagem do local do acidente do avião da Chapecoense na Colômbia, 29 de novembro de 2016
Imagem do local do acidente do avião da Chapecoense na Colômbia, 29 de novembro de 2016 - Sputnik Brasil
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Na madrugada de 29 de novembro, o avião da empresa boliviana LaMia que conduzia a delegação da Chapecoense, radialistas e jornalistas para Medellín, na Colômbia, caiu na região montanhosa daquela cidade, matando 71 das 77 pessoas que estavam a bordo.

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Na terça-feira, 20 de dezembro, o Governo da Bolívia, através do ministro de Obras Públicas e Serviços, Milton Claros, anunciou suas conclusões sobre a tragédia, atribuindo a responsabilidade jurídica à empresa LaMia, ao piloto do avião, Miguel Quiroga (um dos donos da empresa e uma das 71 vítimas fatais), e à Celia Castedo, funcionária da Agência Nacional Boliviana de Aviação Civil, de sigla AASANA. Celia, que está refugiada no Brasil alegando ter sofrido ameaças de morte na Bolívia, defendeu-se desde o primeiro momento, afirmando que havia alertado o Comandante Miguel Quiroga de que ele não poderia decolar apenas com a cota exata de combustível para a duração daquele trajeto (Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, de onde o avião partiu, até Medellín, na Colômbia), de 4 horas e 20 minutos.

Para Milian Heymann, comentarista de segurança aérea, experiente piloto de voos nacionais e internacionais em aviões civis e militares, é o Governo da Bolívia o verdadeiro responsável pela tragédia, por não impedir o avião de decolar:

"É o Governo boliviano que permite e autoriza a empresa citada a operar a partir do seu território [Bolívia]", diz o Comandante Heymann à Sputnik Brasil. "O Governo boliviano é a autoridade concedente para esta empresa. O piloto, pelo que tenho lido, não tinha as horas de voo suficientes que o qualificassem para ser comandante daquela aeronave, e a moça que operava no sistema de recepção dos planos de voo era também funcionária do próprio Governo boliviano. Em última análise, o Governo boliviano é o responsável e culpado por essa situação que já vinha perdurando há bastante tempo. Esta é uma conclusão simples e lógica."

Para Milian Heymann, é fácil compreender a razão para o Governo boliviano atribuir a responsabilidade pela tragédia ao falecido piloto Miguel Quiroga, à empresa LaMia e à funcionária Celia Castedo:   "Em última análise, o Governo boliviano está querendo se eximir de suas responsabilidades, que foram: permitir que a empresa operasse já há bastante tempo cometendo irregularidades; e autorizar o piloto, que não satisfazia as normas regulamentares, a estar ali como comandante e, além disso, tendo cometido erros crassos, colocando a vida de todos em risco, não só a dos que estavam no avião mas das pessoas que estavam abaixo, no território que ele sobrevoava."

Segundo o Comandante Heymann, o Governo da Bolívia está querendo punir uma funcionária cuja única função era receber o plano de voo, embora ela tenha alertado os superiores de que aquele plano não condizia com a legislação em vigor.

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"Tanto é assim", diz o especialista. "que ela não teve condições de impedir o voo. Ela não teria como segurar o avião e impedir sua decolagem. Mas a aeronave decolou com um plano de voo aprovado pelas autoridades de controle do espaço aéreo, coisa que não é feita por esta funcionária que nada mais é do que uma mera recebedora de planos de voo."

Ainda de acordo com Milian Heymann, as normas internacionais de aviação recomendam que os comandantes de voos sempre abasteçam as aeronaves com uma cota extra à necessária para o tempo previsto da viagem. O ideal é prever uma eventual necessidade de voar de 30 a 40 minutos além do período previsto, levando-se em conta possíveis dificuldades meteorológicas para pouso na área do aeroporto de destino, eventuais fechamentos de aeroportos e alguma outra circunstância que possa impedir a aterrissagem do avião.   

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