'Dói por exposição ter sido palco do assassinato do embaixador russo', lamenta organizador

© Agência Anadolu/RIA Novosti / Acessar o banco de imagensEmbaixador russo Andrei Karlov (à direita) na abertura da exposição de fotos no Centro de Arte Moderna em Ancara. (Só é possível usar esta imagem para fins editoriais. O uso comercial ou campanha promocional são proibidas)
Embaixador russo Andrei Karlov (à direita) na abertura da exposição de fotos no Centro de Arte Moderna em Ancara. (Só é possível usar esta imagem para fins editoriais. O uso comercial ou campanha promocional são proibidas) - Sputnik Brasil
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Timur Ozkan, organizador da exposição fotográfica "A Rússia, de Kaliningrado até Kamchatka pelos olhos do viajante"contou em entrevista à Sputnik Turquia sobre os preparativos até a abertura da exposição e os trágicos acontecimentos de 19 de dezembro, ligados ao assassinado do embaixador russo na Turquia, Andrei Karlov.

Timur Ozkan, organizador da exposição fotográfica "A Rússia, de Kaliningrado até Kamchatka pelos olhos do viajante", assistida pela embaixada da Rússia em Ancara e pelo município de Cankaya (distrito de Ancara) no Centro de arte contemporânea, contou em entrevista à Sputnik Turquia sobre os preparativos até a abertura da exposição e os trágicos acontecimentos de 19 de dezembro, ligados ao assassinado do embaixador russo na Turquia, Andrei Karlov.

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Ozkan dividiu com a agência de notícias a existência de uma comunidade online dos viajantes de Ancara, que organizam exposições fotográficas, encontros de participantes, durante os quais viajantes compartilham suas experiências, publicam notas de viagens.

"No âmbito desta comunidade, realizamos cerca de 20 exposições fotográficas, uma das quais foi realizada em Moscou, onde foram exibidas fotos da Turquia. Durante a exposição em Moscou, surgiu a ideia de realizar um evento semelhante na Turquia para mostrar aos cidadãos turcos imagens russas, expandir as suas noções sobre o país, contribuir para o desenvolvimento das relações bilaterais entre as nossas nações. Na organização da exposição em Moscou contamos com o patrocínio da Associação de empresários russos e turcos (RTIB), mas para o evento correspondente em Ancara não conseguimos encontrar patrocinadores. Em seguida, houve o incidente com o avião russo, as relações entraram em um período de crise e nós tivemos que dar uma pausa na ideia de realização da exposição", disse Ozkan.

"Em setembro deste ano, o porta-voz da embaixada da Rússia em Ancara, Igor Mityakov, sugeriu a realização do nosso projeto e resolvemos com todo prazer organizar a exposição juntamente com a Embaixada russa. Quanto ao local para organização do evento, a embaixada escolheu um dos lugares mais conhecidos em Ancara — o Centro de arte contemporânea. Já que em setembro a agenda do local escolhido estava lotada, foi decidido realiza-la em dezembro. A abertura foi programada para o dia 19", acrescentou.

Ozkan conta os detalhes da noite trágica:

"O embaixador chegou um pouco antes do início do evento. De acordo com o plano, eu fui o primeiro a discursar. Depois o vice-prefeito de Cankaya trocou algumas palavras com os convidados da exposição. Os nossos discursos duraram cinco minutos cada, ambos traduzidos para o russo. Quando o embaixador deu início a seu discurso, um jovem, que anteriormente não chegou a chamar nossa atenção, ficou de pé atrás do embaixador, como geralmente se comportam os seguranças. Então, pensamos que era um guarda-costas. Além disso, ele estava vestido de terno preto clássico com gravata, aparentando ser um agente de segurança. Durante nossos discursos, ele estava na sala entre os convidados, mas assim que começou o discurso do embaixador ele se posicionou atrás dele. Mais uma vez, ninguém prestou atenção nele, pois todos pensávamos que ele não passava de um membro da segurança do embaixador."

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Quando o embaixador estava prestes a concluir seu discurso, ao dizer que a exposição contribuiria para o desenvolvimento das relações bilaterais, o jovem de repente sacou uma pistola e disparou contra ele 4 a 5 vezes, contou o organizador ainda chocado.

"O embaixador caiu e nós corremos para os lados, em todas as direções. Em seguida, o assassino começou a gritar frases como ‘Se não podemos viver pacificamente em Aleppo, no nosso país — na Síria, vocês também não vão descansar'. Ele continuou gritando durante 3 a 5 minutos, enquanto isso ele disparou mais duas vezes no embaixador, que estava imóvel. Em seguida, ele exigiu que todos os convidados deixassem a sala, gritando: ‘Que todos os civis saiam! Onde estão os guarda-costas dele? Que fiquem aqui'. Neste momento, ficou claro que Karlov veio ao evento sem segurança pessoal. Talvez ele julgou que a visita a um evento como a abertura de uma exposição fotográfica não pode ameaçar sua segurança. O embaixador veio somente com sua esposa."

"Todos os presentes na sala correram para a saída, ao mesmo tempo, o malfeitor continuou atirando. Como soubemos mais tarde, no corpo de Andrei Karlov foram encontrados 11 buracos de bala, mas o assassino disparou pelo menos 30 vezes — nos drinks que estavam nas mesas dos convidados da exposição, nas fotos que estavam nas paredes. Depois vieram as forças de segurança e exigiram a rendição do assassino. Ele não quis se render. Durante isso, o embaixador continuou deitado no chão. Acredito que a polícia tinha esperança de ele ainda estar vivo, então, para transportá-lo rapidamente para o hospital, decidiu matar o criminoso e não tentar detê-lo com vida. Em seguida, começou o procedimento formal de interrogatório de todos as testemunhas oculares, que foram levados para o Departamento de Segurança. Assim, foram descobertos os acontecimentos daquele noite trágica."

Ozkan disse que, de acordo com a informação disponível, o assassino do embaixador poderia ter vindo para o Centro de arte contemporânea 3 dias antes do ataque.

"Filho de 10 anos de um dos membros da nossa comunidade de viajantes, ao ver hoje na televisão e nos jornais as fotos e os vídeos do assassino, disse que o viu no Centro, na sexta-feira (16). Neste dia, realizamos alguns outros eventos no estabelecimento. Na verdade, estávamos planejando fazer a abertura na sexta-feira, em 16 de dezembro, de quatro exposições. Mas depois decidimos que realizaríamos os três eventos na sexta-feira, e na segunda-feira (19) organizaríamos uma cerimônia separada para os convidados da Embaixada da Rússia. Mas, em todos os comunicados de imprensa, na mídia, na Internet a data de abertura da exposição era o dia de 16 de dezembro, o assassino, provavelmente, veio ao Centro na sexta e soube que a abertura oficial seria realizada somente na segunda-feira."

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Esta informação [sobre a visita do assassino ao Centro na sexta-feira] é fácil de verificar, pois a polícia levou a filmagem das câmeras de vigilância do Centro para examiná-la.

"Quando eu disse à polícia esta informação, eles responderam que de maneira cuidadosa vão examinar todos os materiais de vídeo disponíveis", disse Ozkan.

Timur Ozkan expressou tristeza profunda por causa do assassinato do embaixador russo.

"A Rússia é um país muito importante para a Turquia. Talvez os jovens de hoje não sabem, mas a geração mais velha lembra que a União Soviética foi um dos primeiros países a abrir um estabelecimento oficial em Ancara, mesmo antes da República Turca ser fundada. Estamos profundamente entristecidos e chocados pelo fato de que hoje o embaixador, encaminhado da Rússia ao nosso Estado, volte para casa em um caixão. É impossível expressar em palavras a dor que estamos sentindo. Pois esperávamos que a nossa exposição fosse pelo menos uma pequena contribuição para o desenvolvimento das relações entre os nossos países. E no final se tornou palco de crueldade terrível."

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