'Eleições russas' e a luta contra notícias falsas na Alemanha

© flickr.com / Jonathan McIntoshNem sempre se pode acreditar no que se vê
Nem sempre se pode acreditar no que se vê - Sputnik Brasil
Nos siga no
Todos os carros alemães serão substituídos por automóveis russos Lada com todos os gastos pagos pelo produtor. Esta mensagem poderia se tornar a primeira da primavera de 2017 no âmbito da campanha da publicação de notícias falsas.

A influência de Moscou deve estar causando uma repressão tão grande nos os eleitores alemães, que ninguém vai votar. Mesmo que não exista lei alguma que obriga o comparecimento, o fator da "participação nula" tornaria impossível a criação do governo: "Os deputados do Parlamento Federal alemão são eleitos por sufrágio universal, direto, livre, igual e secreto", diz a constituição da Alemanha. Sim, mas e se ninguém comparecer?

Vladimir Putin participa da cúpula da APEC em Lima, no Peru, 19 de novembro de 2016 - Sputnik Brasil
WikiLeaks desafia Obama a apresentar documentos sobre 'dinheiro de Putin'
Como declara Michael Grosse-Bromer, da União Democrata-Cristã (CDU, sigla em alemão), as notícias falsas envolvendo à Rússia têm apenas um objetivo: "A não eleição de Merkel seria o triunfo de Putin". E a notícia sobre "as portas do diesel" [O negócio escuro da Volkswagen foi revelado em 2015, quando se tornou público que mais de 11 milhões de carros diesel em todo o mundo possuíam equipamento técnico que, durante testes, reduzia em dezenas de vezes a quantidade de gases tóxicos liberados por eles] seria apenas o início, acreditam especialistas. Supostamente, a campanha poderia continuar com notícias sobre desaparecimento de bombas nucleares do aeródromo Buchel: "Onde estão as bombas norte-americanas? A Rússia rouba arma nuclear de território alemão!", gritaria a mídia. Porque "a Rússia está interessada na quebra e na pressão da nossa sociedade", disse há alguns dias Ansgar Heveling, político da CDU em entrevista ao jornal Passauer Neue Presse: "O grande perigo eminente". Eis que são os russos, que primeiro desuniram o átomo, e agora "dissociam" a sociedade alemã!

Entretanto, mais e mais políticos alemães temem as "eleições russas", em que podem se tornar as eleições no Bundestag, em setembro de 2017. "Esta preocupação é justificada", acredita Christian Lindner, presidente do Partido Democrático Liberal. Tremendo-se, a chefia do partido teme que os russos passem um "trote" para o partido, declarando "o fim dele".

Mesmo que isso não esteja muito longe da verdade, esse é um famoso trote russo: usar a verdade como arma, pois para eles todas as medidas são boas! Por isso Patrick Sensburg, representante do CDU, exigiu através do grupo midiático Funke que "a desinformação proposital, que visa desestabilizar a situação no país, seja punida". Tudo indica que a participação permanente do Bundeswehr em operações fora da Alemanha viola as regras internacionais e os russos, ao falar sobre isso, estão prejudicando a capacidade de combate das Forças Armadas alemãs. É o tão bondoso e antigo método do KGB que agora está sendo praticado pelo Serviço de Segurança da Rússia.

Barack Obama e Angela Merkel durante G20 - Sputnik Brasil
Rússia é acusada de querer influenciar eleições na Alemanha
Rolf Mutzenich, representante do Partido Social Democrata da Alemanha, também compartilha os temores de 2017: "durante a luta da eleição, tem de estar preparado para o fato de que vão tentar nos quebrar e contar para nós todos os tipos de mentiras da história". Mutzenich, que está no conselho da Fundação política e cientifica, de certo modo teme que os russos revelem o projeto secreto Day After, no âmbito do qual se trata de uma conferência com a participação de 50 representantes da oposição síria, liderada pela fundação de Berlim, que tinha preparado a derrubada do governo de Bashar Assad em janeiro de 2012 e, assim provocando a guerra no país. Mas como é possível, levando em consideração a verdadeira história, afirmar que somente os russos carregam todo o peso da responsabilidade pela guerra síria?

Mas a ajuda está chegando: o chefe do Partido de Esquerda, Katja Kipping, atua a favor de proteger a campanha russa, criando um "Código de ética de princípios de informação e de política nas redes sociais". Mas, se analisarmos o comportamento de Kipping após se familiarizar com os documentos secretos do TTIP, como unidade de medida do seu novo código, no futuro, o público nunca saberá sobre os "planos de venda" do governo federal, pois, do ponto de vista ético, tal informação ainda não será total e completamente considerada verdadeira. Kipping até agora não falou nada sobre o que viu nos documentos do TTIP.

A eleição do presidente federal em fevereiro de 2017, serão também sobrecarregadas com "o fator russo". Especialistas temem que contra o principal candidato para o cargo, Frank-Walter Steinmeier, há grandes chances de jogarem as funções realizadas por ele no Maidan ucraniano em fevereiro de 2014.

Há rumores de que os russos intervirão com perguntas infames: é verdade que Steinmeier foi um dos responsáveis pela solução pacífica para o conflito através de um acordo entre o então presidente ucraniano, Viktor Yanukovych, e a oposição? Ou até mesmo sobre a veracidade quanto aos conflitos ucranianos terem se transformado em uma verdadeira guerra depois de os fiadores internacionais "terem lavado as mãos". E, como esta guerra não se tornou em guerra com o envolvimento da Alemanha, os russos querem perguntar e o novo presidente federal e ex-ministro das relações exteriores: será que Steinmeier realmente serviu para o bem do povo alemão, prevenindo danos à Alemanha?

Inteligência norte-americana não apoia acusações da CIA contra a Rússia
Mas, enquanto representante do partido Social Democrata guarda as informação sobre coisas essenciais e não essenciais, o público alemão não tem nada a temer. Afinal, o chefe do Partido Social Democrata, Gabriel Sigmar, escreveu no Twitter: "Nós do SPD defendemos a coesão dos democratas na luta contra ferramentas como robôs sociais", mas também por uma luta conjunta contra as notícias falsas! "Nosso Siggy [Sigmar] admitirá somente as notícias que foram falsificados por ele mesmo. Sendo assim, ele não tolerará qualquer tipo de concorrência! E, portanto, assim chamada a "coligação extragrande" continua pensando sobre a abolição total da comunicação eletrônica descontrolada. E então chegaria o tempo de uma comunicação ainda mais generalizada e radical, que, no momento atual, só está na nossa imaginação.

Uli Gellermann para a Sputnik Alemanha

A opinião do autor pode não coincidir com a opinião da redação

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала