Putin: relações sino-russas devem ser um exemplo para Japão

© AP Photo / Zha Chunming/XinhuaMinistério da Defesa da Rússia informa que navios da Frota do Pacífico russa chegaram à China para participar nos exercícios navais "Interação Naval 2016"
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Os jornalistas japoneses deram atenção ao fato de, em 1 de dezembro, na mensagem à Assembleia Federal da Federação Russa, na sua seção internacional, o presidente da Rússia primeiramente mencionou a China, em seguida, a Índia, o Japão e os Estados Unidos da América.

Eles (jornalistas) pediram para esclarecer se a China é realmente o parceiro principal da Rússia. "Absolutamente", respondeu o Chefe de Estado.

"Nós temos todas as razões para dizer, e eu refiro isso com grande satisfação, que com a China nós temos umas relações verdadeiramente amigáveis e em muitas áreas fundamentais. Sem qualquer exagero, nós temos relações estratégicas. Como nós dizemos, um caráter estratégico de parceria privilegiada".

Isso foi afirmado pelo presidente russo Vladimir Putin em entrevista ao canal de televisão Nippon e ao jornal Yomiuri.

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Para confirmar as suas palavras, o presidente citou alguns fatos. A Rússia e a China têm o maior volume de trocas comerciais. As partes têm grandes projetos conjuntos no setor da energia nuclear, logística, construção de máquinas e no comércio em geral. Há bons projetos conjuntos na área aeronáutica: na construção de helicópteros e na construção de aviões.

"Estamos pensando em possível colaboração, e estamos cooperando ativamente no espaço de forma bilateral, aqui há boas perspectivas", declarou o presidente.

Vladimir Putin explicou aos jornalistas japoneses o projeto de construção da ferrovia de alta velocidade entre Moscou e Kazan, com a possibilidade de seu prolongamento até ao Cazaquistão e à China. O presidente chamou atenção para o aumento permanente do volume da cooperação regional entre os dois países. "Quanto à cooperação regional, estão sendo construídas tanto estradas como pontes ", indicou.

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Vladimir Putin, na entrevista à mídia japonesa, também sublinhou que há um nível muito elevado de confiança política entre a China e a Rússia, há uma proximidade de posições nas principais questões internacionais, há até mesmo, como dizem diplomatas, uma convergência de pontos de vista. "Nós tomamos frequentemente uma posição comum em questões principais da atual agenda internacional. Temos contatos humanitários muito estreitos, um grande número de intercâmbio de jovens, há contatos educacionais e regionais muito desenvolvidos. Todos eles continuam a desenvolver ainda mais. Estamos expandindo e melhorando a infraestrutura das nossas relações", frisou.

Por um lado, o presidente constata fatos bem conhecidos, disse em entrevista à Sputnik China o chefe da Escola de Estudos Orientais da Escola Superior da Economia, Aleksei Maslov. Por outro lado, é muito importante que esses pontos, mencionados pelo presidente, tenham sido dados em entrevista a jornalistas japoneses. Ele apontou antes de mais para aqueles momentos positivos que estão faltando, em minha opinião, nas relações entre o Japão e a Rússia, apontou Aleksei Maslov:

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"Em primeiro lugar, há o nível elevado de confiança. A ideia é que, apesar dos altos e baixos, nas relações comerciais, por exemplo, houve uma queda em 2015, agora não há um desenvolvimento positivo na cooperação em investimento, no entanto, o nível de confiança política entre a China e a Rússia é muito alto. Ou seja, a China sempre cumpriu todas as promessas políticas em relação à Rússia e vice versa. Para a Rússia, para o presidente, a confiança pessoal é mais importante, tendo em conta as particularidades do caráter de Vladimir Putin, que presta especial atenção à confiabilidade do parceiro. Na verdade, é também uma alusão para o Japão — é precisamente o nível de confiança política entre os dois países que não é suficiente, apesar de uma aproximação tão substancial.

Segundo as palavras de Aleksei Maslov, a Rússia e a China estão desenvolvendo diferentes áreas de cooperação:

"Em segundo lugar, as relações que têm sido desenvolvidas entre a Rússia e a China não são somente uma parceria na área do comércio. As partes estão trabalhando com bastante sucesso para mudar as estruturas das relações comerciais."

Assim, o especialista chega à conclusão que agora as relações entre dois países atingiram um nível elevado:

"A China, em geral, apoia uma situação quando a Rússia está se movendo de uma parceria exclusivamente baseada no comércio de matérias-primas para uma parceria no fornecimento de bens para a China. A China, por sua vez, abre seus mercados à Rússia, além disso, a Rússia e a China criaram, nos últimos anos, várias plataformas de comércio eletrônico que a Rússia, na verdade, não tem com qualquer outro país. Finalmente, a Rússia, pela primeira vez em muitos anos, permitiu à China entrar nos seus campos de petróleo e gás do Yamal SPG, em particular, isso também mostra o alto nível de confiança."

Além disso, é claro que há outro ponto muito importante — a Rússia e a China têm construído um elevado entendimento mútuo na área da segurança, não só na Ásia, mas também no mundo. Nós estamos falando de segurança financeira e estamos falando da luta contra a ameaça terrorista. E o que é mais importante, se trata da criação de um mundo multipolar. A Rússia e a China, neste caso, estão absolutamente de acordo em todas as posições.

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O presidente da Rússia, falando sobre as relações sino-russas, de fato as coloca como exemplo para o Japão. Ele também está respondendo a perguntas diretas e indiretas dos japoneses sobre a disposição da Rússia em entregar ao Japão as ilhas controversas (em opinião do Japão). O presidente, respondendo que isso não é uma questão de territórios, é a questão da necessidade de começar construindo a confiança mútua. E depois disso já podemos falar sobre qualquer outro avanço. Nós estamos falando sobre a expansão do comércio e da cooperação econômica com o Japão.

Na verdade, a Rússia confirmou as posições que esteve defendendo durante as últimas décadas — vamos remover as divergências políticas, vamos desenvolver passo a passo a interação com o Japão, porque nada nos impede disso — não temos quaisquer problemas em desenvolver a cooperação econômica. Especialmente no Extremo Oriente russo, onde foi criado um clima único para investimentos.

Entretanto, Vladimir Putin falou de forma bastante dura sobre a possível transferência das ilhas. Moscou não tem disputas territoriais com o Japão, disse o presidente russo. "É o Japão que acredita ter problemas territoriais, mas nós estamos prontos para discutir o assunto", apontou.

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