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Satélite anão brasileiro vai espionar a Lua

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Grupo de cientistas brasileiros pega carona em foguete indiano para lançar nanossatélite espião da Lua. Projeto prevê para 2020 esta primeira missão espacial sul-americana além da órbita terrestre.

Uma missão desenvolvida por um grupo de cientistas brasileiros e chamada de Garatéa-L deverá colocar em órbita lunar, até dezembro de 2020, um nanossatélite – o primeiro engenho nacional a ser lançado ao "espaço profundo", para além da órbita da Terra. O projeto brasileiro conta com a parceria da Agência Espacial Europeia (ESA) e da Agência Espacial do Reino Unido (UK Space Agency). O nanossatélite brasileiro será transportado por um foguete indiano, o indiano PSLV-C11, que levará outros quatro pequenos satélites de estudos da Lua.

Segundo Douglas Galante, cientista do Laboratório Nacional de Luz Síncroton (LNLS), em Campinas, e um dos coordenadores do projeto, este nanossatélite "tem como um dos principais objetivos fazer experimentos de astrobiologia na órbita lunar".

"Mas este não é o único objetivo dele. Na verdade, a Garatéa, essa sonda, tem três grandes objetivos: um deles é desenvolver a tecnologia espacial aqui no país, habilitar os nossos engenheiros, os nossos pesquisadores, a fazer ciência espacial de alta qualidade. Nós nunca colocamos um satélite além da órbita terrestre. Vai ser a primeira vez. Além disso, desenvolver os experimentos científicos em órbita. E o terceiro grande objetivo é utilizar essa oportunidade para também atender a objetivos educacionais e de divulgação científica, para fomentar um pouco mais a área no país, e eu sou um dos responsáveis pelo experimento científico de astrobiologia da missão. Ela foi desenhada para ter o lançamento comemorando os 50 anos do homem pousando na Lua, completados em julho de 2019. A data de lançamento vai ser provavelmente no segundo semestre de 2019, começo de 2020, para comemorar esses 50 anos da missão Apollo 11."

Douglas Galante explica ainda:

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"Estamos planejando três grandes experimentos científicos. Um deles é o de astrobiologia, do qual eu e um grupo de pesquisadores fazemos parte. Há um segundo experimento científico em medicina espacial, que vai testar células humanas nesse ambiente e é coordenado pela Professora Taís Russomano, da PUC-RS. E há um terceiro experimento, do INPE [Instituto Nacional de Pesquisa Espacial], para fazer imageamento da superfície lunar. O experimento de astrobiologia tem o objetivo de testar respostas de organismos terrestres extremamente resistentes, os chamados extremófilos, ao ambiente de espaço profundo, ou seja, longe da proteção da magnetosfera terrestre, que é o tipo de coisa que só encontramos na Lua ou além da Lua. Nesse experimento nós vamos usar basicamente organismos terrestres isolados de ambientes extremos do nosso planeta, de desertos, da Antártida, do Atacama, do alto de montanhas, que nós sabemos que têm essas condições de resistência. E nós vamos testar os limites da vida nessas condições extremas de espaço profundo sob altas doses de radiação, baixa gravidade, alterações na temperatura, e a ideia desse experimento, além de testar os limites da vida, é definir melhor quais são os possíveis sistemas habitáveis do nosso sistema solar. Hoje, o que temos certeza é de que a Terra tem vida, mas nunca encontramos evidências científicas de vida em outros lugares até o momento. O que estamos tentando definir, com esse experimento, é: será que os outros fatores que existem no espaço, como a alta dose de radiação, variação de gravidade e de temperatura não acabam inviabilizando a vida? Precisamos, de fato, testar os organismos vivos nessas condições para entender a habitabilidade do nosso universo dessas diferentes regiões, seja no sistema solar, seja, inclusive, em exoplanetas muito além do nosso sistema solar."

De acordo com Douglas Galante, estão sendo delineadas algumas cooperações internacionais.

"Começamos com um grupo de pesquisadores e engenheiros. Basicamente, temos um grupo de engenharia que está desenvolvendo a sonda em si e é coordenado pelo engenheiro Lucas Fonseca, que voltou recentemente da ESA – Agência Espacial Europeia. Ele trabalhou na missão Rosetta, que pousou a sonda Philae na superfície de um cometa, o que foi um feito incrível. Ele voltou ao Brasil e está coordenando a parte de engenharia. Da parte do experimento científico, eu estou trabalhando com um grupo de pesquisadores, e dentro da astrobiologia nós temos pesquisadores aqui do LNLS/CNPEM, temos da USP/SP, do Instituto Oceanográfico e do Instituto de Química, da Federal de Santa Catarina, e um parceiro internacional, por enquanto, que é da EOS, entidade americana que serve para fazer a interface entre universidades e a Agência Espacial Americana, a NASA. Por enquanto, esses são os parceiros, mas temos alguns conselheiros internacionais que são da NASA e já trabalharam em outras missões mais ou menos similares, e que estão nos ajudando."

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