EUA gastarão US$17 bi em mísseis de cruzeiro para tentar superar os S-300 e S-400 russos

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Sistemas russos de DAM S-400 durante a Parada da Vitória, 9 de maio, 2015 - Sputnik Brasil
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A Força Aérea dos EUA lançou um pedido de propostas para o seu novo programa de mísseis de cruzeiro nucleares de longo alcance (LRSO, na sigla em inglês), esperando que um novo protótipo seja capaz de superar os sistemas de defesa aérea S-300 e S-400 da Rússia, com o anunciado propósito de "manter a paz" no mundo.

"A emergente LRSO destina-se a funcionar como um elemento crítico do arsenal nuclear militar dos EUA", explicou o tenente-general Jack Weinstein, chefe de gabinete adjunto para Dissuasão Estratégica e Integração Nuclear, em entrevista ao site militar Scout Warrior.

De fato, a Força Aérea dos EUA parece estar preocupada com o fato de seu envelhecido AGM-86B, míssil de cruzeiro lançado do ar (ALCM, na sigla em inglês), ser incapaz de superar os avançados sistemas russos de defesa aérea S-300 e S-400. 

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"Com efeito, a rápida evolução de defesas aéreas mais bem conectadas, com maior alcance, digitais, usando potências de processamento computacional muito mais rápidas, continuará a tornar até mesmo as plataformas de ataque furtivo (stealth) mais vulneráveis; as defesas aéreas atuais e emergentes, como os sistemas russos S- 300 e S-400, podem ser monitorados por "radares de vigilância" de baixa frequência – que conseguem simplesmente detectar que uma aeronave inimiga está nas proximidades – e por "radares de engajamento" de frequência mais alta. Esta tecnologia permite que as defesas aéreas detectem alvos a distâncias muito maiores em um número muito maior de frequências, incluindo UHF [Frequência Ultra-Alta], banda L e banda X", diz o site.

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Sistema de defesa antiárea russo S-400 Triumf, região de Moscou, Rússia - Sputnik Brasil
Sistema de defesa antiárea russo S-400 Triumf, região de Moscou, Rússia

"Funcionários russos e relatos de imprensa têm repetidamente afirmado que suas defesas aéreas podem detectar e atacar muitos aviões furtivos, mas alguns observadores estadounidenses acreditam que a Rússia muitas vezes exagera suas capacidades militares. Apesar disso, muitos desenvolvedores de armas e plataformas stealth levam as defesas aéreas construídas pela Rússia muito a sério. Muitos afirmam que a existência desses sistemas impactou enormemente a estratégia de desenvolvimento de armas dos EUA", continua o artigo.

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Por isso, as Forças Armadas dos EUA esperam que seu novo míssil LRSO com capacidade nuclear "possa ser um dos poucos ativos, armas ou plataformas capazes de penetrar nas emergentes defesas aéreas de alta tecnologia". "Tal capacidade é, como resultado, considerada crucial para a dissuasão nuclear e a para a necessidade proporcionada de impedir uma guerra de grande potência".

O tenente-general Weinstein deu sua própria explicação. 

"Se, por exemplo, os militares russos acreditassem que ter um míssil de cruzeiro nuclear avançado lhes daria uma vantagem distinta – eles provavelmente tentariam tê-lo. Como resultado, a estratégia de dissuasão dos EUA precisa garantir que sua potência nuclear ofensiva possa igualar ou exceder a de qualquer rival em potencial. Esta estrutura conceitual fornece a base para o porquê de muitos líderes militares dos EUA acreditarem que é vital para a Força Aérea ter um LRSO operacional", alegando que a nova arma é projetada para "manter a paz".

De acordo com a Força Aérea dos EUA, o LRSO deverá substituir o antigo ALCM AGM-86B, que atualmente pode ser lançado a partir de bombardeiros B-52 e que já ultrapassou em muito a sua vida útil, tendo surgido no início da década de 1980 com vida projetada de 10 anos.

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Ao contrário do ALCM, o LRSO será configurado para disparar também a partir de bombardeiros B-2 e B-21. Tanto o ALCM como o LRSO são projetados para disparar armas convencionais e nucleares. Espera-se que haja até duas adjudicações de contrato no quarto trimestre de 2017. A Força Aérea norte-americana planeja lançar o LRSO até o ano de 2030. De acordo com um relatório no site Inside Defense, a Força Aérea pretende comprar 1.000 novos mísseis de cruzeiro e espera que o programa LRSO custe cerca de US$ 17 bilhões para o míssil e sua ogiva com capacidade nuclear.

No entanto, de acordo com o relatório da União dos Cientistas Preocupados, organização de advocacia científica sem fins lucrativos com sede nos EUA, o custo total para o novo sistema de armas será de aproximadamente US$ 22 bilhões a 25 bilhões, “embora – dado o histórico de frequentes excessos de custos em programas de defesa – o preço final provavelmente será consideravelmente maior".

© flickr.com / Kenny HolstonCaça norte-americano B-2
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O relatório continua dizendo que o novo míssil de cruzeiro carregará uma versão remodelada da ogiva W80 usada no atual ALCM. A ogiva, a ser chamada de W80-4, está entrando em um programa de extensão de vida útil agora e começará a ser produzida em 2025. 

No entanto, nem todos estão de acordo com esses planos. Relata-se que um grupo de senadores do país está lutando contra o desenvolvimento do LRSO, “alegando que seria redundante, muito caro e muito desestabilizador", diz o Scout Warrior.

A preocupação dos senadores, diz o site, é baseada nas ideias de não-proliferação nuclear e  sustenta que os planos da Força Aérea poderiam inspirar ainda mais uma corrida armamentista nuclear e introduzir novos elementos ainda mais ameaçadores na tríade aérea do arsenal nuclear norte-americano.

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Esta visão é ecoada pela União dos Cientistas Preocupados, que adverte que as capacidades aumentadas da arma recém-desenvolvida "minam a segurança dos EUA. Além disso, dado o conjunto de outros sistemas de armas nucleares que os EUA já estão implantando ou que estão planejando construir, um míssil de cruzeiro com armas nucleares é redundante. Os EUA deveriam cancelar o LRSO e retirar o ALCM existente em prazo próximo", aconselha a organização.

A entidade diz ainda que o novo míssil de cruzeiro "não é consistente com a declaração de 2010 do presidente Obama de que os EUA ‘não irão buscar novas missões militares ou novas capacidades para armas nucleares’. A busca desta arma também parece contrária à meta de Obama de reduzir ‘o papel das armas nucleares em nossa [dos EUA] estratégia de segurança nacional’, como declarou ele em seu discurso de 2009 em Praga".

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