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Paulo Nogueira Batista Jr.: 'Banco dos BRICS terá novos sócios já a partir de 2017'

© Reprodução do FacebookPaulo Nogueira Batista Jr.
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O Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco dos BRICS, terá novos sócios a partir de 2017. A revelação foi feita pelo vice-presidente do NBD, Paulo Nogueira Batista Jr., em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil.

De acordo com o economista, pelo menos 15 novos sócios deverão ser incorporados à estrutura do Banco dos BRICS. Os nomes destes países, porém, só se tornarão conhecidos quando todos os detalhes de sua incorporação estiverem acertados.

Na entrevista, Paulo Nogueira Batista Jr. falou dos planos de crédito e financiamento do Banco para projetos de infraestrutura e energia renovável, comentou o que representou para a instituição a recente reunião dos líderes dos BRICS em Goa, na Índia, e considerou de que forma os integrantes do quinteto – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – podem aprofundar o seu relacionamento.

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O economista revelou ainda que o Novo Banco de Desenvolvimento poderá ganhar um escritório no Brasil, embora as cogitações para esta concretização ainda estejam no início. Se o escritório for efetivado, a sugestão do vice-presidente do NBD é que funcione no Rio de Janeiro, cidade que hospeda a sede do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), instituição diretamente ligada ao NBD.

A seguir, a entrevista com o vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco dos BRICS.

Sputnik: Que avaliação o senhor faz da Cúpula dos BRICS, e em que ele resultou para o Novo Banco de Desenvolvimento?

Paulo Nogueira Batista Jr.: Esse encontro anual dos líderes dos BRICS já virou uma tradição, e foi muito importante, porque deu mais uma oportunidade de os cinco líderes se encontrarem, trocarem ideias. Houve, inclusive, reuniões bilaterais entre vários deles. Estreitaram relações, discutiram temas de interesse comum na área econômica, na área financeira, reviram o progresso feito no último ano e começaram a programar as discussões da próxima Cúpula, que será na China em 2017.

S: Em quais aspectos avançaram e se aprofundaram as relações do quinteto BRICS nessa reunião?

PNBJ: Foi importante, por exemplo, a oportunidade que se deu à Índia, à Rússia e à China de discutirem temas complicados, que envolvem terrorismo, principalmente os asiáticos, porque foi ali que se concentrou o problema com o conflito entre Paquistão e Índia. Os cinco participaram dessa discussão, e houve um consenso em torno da necessidade de combater o terrorismo em todo o mundo.

S: É opinião corrente que o Brasil deveria aprofundar o seu relacionamento com a Índia, dado o impressionante crescimento econômico desse país asiático, dono de um PIB de crescimento superior a 7% nos últimos anos. O senhor também tem essa avaliação?

PNBJ: Sim. Há ainda um campo enorme para ampliar o relacionamento do Brasil com a Índia. Aliás, o mesmo vale para os demais países do BRICS. O comércio bilateral, os investimentos bilaterais, as trocas bilaterais podem crescer muito ainda ao longo dos próximos anos e décadas, porque o processo de integração entre eles está numa fase bastante inicial, com exceção da China, que já tem relações muito fortes com os demais países do BRICS. Os outros podem aprofundar ainda consideravelmente as suas relações econômico-financeiras. A Índia está crescendo muito rapidamente e é um campo fértil para ampliação de suas relações comerciais.

S: Quais projetos já contam com o financiamento do Banco dos BRICS, e que outros projetos já estão aprovados? E, em termos de Brasil, está mantida para o país a linha de crédito de US$ 300 milhões para projetos de energia renovável estabelecida ainda no Governo Dilma Rousseff?

PNBJ: São cinco projetos aprovados pela Diretoria, por enquanto. Todos eles na área de energia renovável, um em cada um dos cinco países BRICS, num total de 911 milhões de dólares de comprometimento. Esses contratos estão sendo finalizados. O primeiro deles vai ser assinado agora em 7 de novembro, em Xangai. É o contrato com a China, de financiamento para energia solar. Há dois projetos em discussão, em fase de preparação para serem levados à Diretoria. Com o Brasil temos uma linha de crédito de US$ 300 milhões com o BNDES, cujos subprojetos estarão vinculados sobretudo à energia renovável: eólica e solar. Essa linha está com o contrato praticamente finalizado, e nós esperamos poder assiná-la talvez no início do ano que vem, na ocasião que se apresentar.

S: A que se deve a sua presença no Brasil agora?

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PNBJ: Estou agora no Brasil tendo que concluir uma viagem com o vice-presidente de Operações do Banco, para identificar uma linha, para construir o parkline brasileiro. Tivemos várias conversas em Brasília, no Rio de Janeiro e em outras cidades para identificar possíveis projetos nas áreas federal, estadual e municipal. Houve várias discussões, mas são discussões iniciais. Nós estamos, por exemplo, estudando a possibilidade de fazer um cofinanciamento com a CAF, o Banco de Desenvolvimento Latino-Americano, que tem sede em Caracas; estamos também discutindo com o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento; discutimos com vários Ministérios; com as prefeituras de Goiânia, de Niterói e de Canoas; e com o Governo do Maranhão, entre outros, para examinar quais são os projetos que o Brasil poderá desenvolver junto com o Banco ao longo dos anos de 2017 e 2018.

S: Já há países fora do grupo BRICS recorrendo ao Novo Banco de Desenvolvimento?

PNBJ: Não, porque o banco só pode emprestar, com raras exceções, a países-membros. Temos cinco países-membros e estamos iniciando agora o processo de expansão do número de membros e iniciando o contato em Washington. Estive lá com o presidente do Banco e com outros vice-presidentes; tivemos uma série de contatos com outros países que potencialmente poderão ser membros do Banco.

S: O Banco se expande, então, em termos de sócios?

PNBJ: O Banco deve se expandir, e até o final do ano que vem haverá novos sócios ingressando no nosso Banco. Acredito que talvez algo como 15 a 20 países possam ingressar no Banco até o ano que vem. Um Banco que se pretende global tem que começar a crescer. Acredito que dentro de 5 a 10 anos será um Banco importante em escala global.

S: Enquanto se realizava o encontro dos países BRICS em Goa, circulava na mídia do Brasil a informação de que empresários brasileiros que lá se encontravam procuraram o senhor para sugerir a instalação de um escritório do Banco no Brasil. A informação é procedente? Caso positivo, em qual cidade esse escritório funcionaria?

PNBJ: De fato, eu tive uma reunião em Goa com alguns empresários da seção brasileira do processo BRICS Empresarial, e tocamos em vários assuntos, como a relação do Banco com o Brasil, a possível contribuição do Banco para o financiamento de infraestrutura no Brasil, e também se mencionou essa questão do escritório. Na verdade, na negociação que foi feita em Fortaleza já ficou estabelecido que o segundo escritório regional do Novo Banco de Desenvolvimento seria no Brasil. Nós não estamos ainda tomando providências nesse sentido, porque estamos implantando o primeiro, que é em Joanesburgo, na África do Sul. Acredito que ao longo do ano que vem nós vamos começar a pensar em estabelecer um escritório regional no Brasil. No começo vai ser uma coisa pequena, mas, na medida em que forem aumentando o número de países-membros do Banco na América Latina e Caribe, vai ficar mais importante esse centro regional do nosso Banco no Brasil.

S: O senhor já cogita a cidade que hospedará esse escritório?

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PNBJ: Eu pessoalmente acredito que poderia ser o Rio de Janeiro, porque, como nós temos uma relação muito próxima com o BNDES, seria interessante que nós começássemos próximo ao BNDES, mas isso ainda vai ser discutido, não é uma ideia que tenha sido sequer mencionada ou discutida dentro do Banco.

S: É uma semente?

PNBJ: É uma ideia. O Rio de Janeiro é um lugar interessante. Outra possibilidade seria Brasília. O BID, o Banco Mundial, a CAF têm escritório em Brasília, e outra possibilidade seria São Paulo, que é o centro de finanças. Mas é tudo muito embrionário ainda.

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