5 anos sem Kadhafi: o 'fenômeno' cuja morte arruinou Líbia

© Sputnik / Andrei SteninMoradores de Benghazi queimam retratos de Muammar Kadhafi, faixas com suas citações e o "Livro Verde" (foto de arquivo)
Moradores de Benghazi queimam retratos de Muammar Kadhafi, faixas com suas citações e o Livro Verde (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Faz hoje cinco anos desde que o líder líbio foi morto a sangue frio perante câmeras de celulares e com o consentimento dos países que participaram da campanha antilíbia de 2011.

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O coronel Muammar Kadhafi liderou o país por 42 anos. A guerra civil que se iniciou no momento de sua morte continua há já cinco anos. Todas as tentativas de criar órgãos de governação fracassaram, a economia está arruinada. A crise foi substituída pelo caos, que ameaça toda a região, e isso se tornou no resultado da tentativa das potências ocidentais para alterar a organização política dos países africanos.

A Sputnik Árabe falou com o jornalista favorito do líder líbio, Abdel Baset bin Hamel.

"A experiência líbia, que continuou por 42 anos sob o governo de Muammar Kadhafi, permanecerá como parte incomparável da história do país. O país passou de forma regular por reformas, porque de vez em quando surgiam problemas na educação, saúde ou infraestrutura. Entretanto, a razão da crise de hoje foi provocada por o país ter começado realizando mudanças (depois dos acontecimentos de 2011), mas não pelas mãos líbias, impostas do exterior com o consentimento internacional. O que aconteceu no país pode ser descrito como a realização dos objetivos individuais das grandes potências", disse.

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Segundo ele, em 2011 todos falavam sobre a proteção dos civis. Foi aprovada uma resolução que permitiu a 43 países usarem seus arsenais contra infraestruturas para derrotar o regime de Kadhafi.

"O fato de a operação em grande escala contra a Líbia não ter visado resolver a crise é evidente, pois os líbios são mortos em Sirte e Benghazi como vacas. Além disso, depois dessa operação militar o povo líbio foi privado de bilhões de dólares."

O jornalista afirmou que Kadhafi foi o único homem que propôs unir a África e criar um exército africano único. Ninguém queria prestar atenção ao fato de que no país havia jovens que se manifestaram de forma pacífica nas ruas da Líbia. Foram usados nos interesses dos países ocidentais para desencadear o conflito. Hillary Clinton, a atual presidenciável norte-americana, esteve envolvida no mecanismo que visava derrotar Kadhafi.

"O que aconteceu não foi uma revolução, mas uma catástrofe para os líbios por causa da qual eles continuam sendo mortos. A Líbia se tornou o estado mais fracassado em todas as áreas", afirmou o favorito de Kadhafi.

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Entretanto, o ex-embaixador soviético na Líbia, Oleg Peresypkin, destacou que a morte de Kadhafi não foi uma execução por decisão do tribunal, mas um crime, e é pouco provável que ele seja investigado no futuro.

"Muammar Kadhafi foi capturado em resultado de uma operação especial da OTAN, depois foi revendido de um grupo de bandidos a outro, competindo eles pelo direito de matá-lo. Não saberemos a verdade durante muito tempo, mas mais cedo ou mais tarde ela será apresentada ao mundo", disse Sergei Baburin, presidente do Comitê russo de solidariedade com os povos da Líbia e Síria.

Peresypkin afirmou que a razão para a intervenção na Líbia teve caráter econômico. Segundo fontes diversas, disse ele, cerca de $ 180 bilhões de Kadhafi estavam investidos em ações na Europa Ocidental e nos EUA.

"É claro que agora todo o dinheiro foi confiscado, bem como numerosos bens imóveis", disse o diplomata.

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Uma das razões para a eliminação de Kadhafi foi o medo perante uma alternativa social de jamahiriya pouco compreensível para o Ocidente. Ela não correspondia ao modelo de democracia ocidental porque se baseava em tradições populares árabes com muitos anos.

"Kadhafi conhecia aspetos específicos do seu país, conhecia a estrutura de relações entre as tribos. Não tínhamos divergências na comunidade, entre as tribos e os blocos políticos", disse Abdel Baset bin Hamel, acrescentando que o líder líbio foi capaz de encontrar compromissos, tinha qualidades de líder, era um "fenômeno".

O especialista em estudos árabes afirmou que o país precisa de um governo forte para se salvar da desintegração completa. Talvez o melhor governo para a Líbia seja um governo militar.

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