Disputa territorial com China se torna 'assunto secundário' para Filipinas

© REUTERS / Erik De CastroSoldados filipinos apontam em um navio chinês da Guarda Costeira perto das Ilhas Spratly, no mar do Sul da China
Soldados filipinos apontam em um navio chinês da Guarda Costeira perto das Ilhas Spratly, no mar do Sul da China - Sputnik Brasil
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"Farrapo de papel", assim chamou o presidente filipino, Rodrigo Duterte, o veredicto do Tribunal de Haia sobre a demanda das Filipinas. E o conflito de muitos anos com a China por causa do mar do Sul da China foi classificado de "assunto secundário".

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Até agora, a mídia internacional tem apresentado as Filipinas como parceiro principal do Vietnã nas disputas territoriais no mar do Sul da China. Grigory Lokshin, cientista político, falou com a Sputnik Vietnã e explicou como as novas declarações de Duterte afetarão as posições dos países da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático) e como mudarão as relações das Filipinas com Vietnã.

"Dizer que o Vietnã perdeu seu parceiro principal nas disputas territoriais com a China é um exagero", acredita o especialista.

"Vietnã nunca depositou grandes esperanças e uma grande confiança na posição das Filipinas, suas relações [do Vietnã e Filipinas] com a China são muito deferentes. Até há pouco tempo, as Filipinas tinham os EUA por trás, foram eles que incitaram as Filipinas a apresentar a demanda, foram eles que financiaram todo o processo de Haia. Pois este processo se inclui muito bem na estratégia americana que consiste na manutenção de uma tensão controlada na região sem entrar em confrontos militares", explicou Grigory Lokshin.

De acordo com o especialista, os americanos, estando ocupados com os problemas no Oriente Médio e a corrida presidencial no país, perderam do seu campo de visão as eleições presidenciais nas Filipinas. Chegou ao poder um homem com pontos de vista de esquerda, por vezes mesmo radical. Rodrigo Duterte tem uma ligação forte com a China, ele foi criado por um dos fundadores do Partido Comunista das Filipinas. Agora Duterte mudou completamente a política do país, esperando que a China aprecie suas ações.

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Mas, segundo Grigory Lokshin, há que tomar em conta que as Filipinas não têm uma posição unida sobre as questões mais importantes da política interna e externa. A última pesquisa de opinião realizada pela organização filipina Social Weather Stations mostrou que a maioria (76%) dos cidadãos confia mais nos EUA do que na China.

No que diz respeito ao Vietnã, ele não se juntou às Filipinas na sua demanda apresentada ao Tribunal de Haia, é que o Vietnã tem relações mais multifacetadas com a China. Portanto, Hanói não apoiou nem condenou a demanda das Filipinas.

O especialista considera que as declarações de Duterte não podem agradar ao Vietnã, bem como aos países da ASEAN. Estas declarações vão mudar muitas coisas na região.

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