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Oposições reagem a anúncio do governo ‘Vamos tirar o país do vermelho’

© Paulo Pinto/Agência PTRuy Falcao
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No mesmo dia em que o PT realizava, em São Paulo, um balanço de análise dos motivos que levaram o partido a perder 60% das cadeiras de prefeito e vereadores nas eleições municipais realizadas em todo o país no último domingo, 2, o governo publicava anúncio nos principais jornais do país com o título “Vamos tirar o país do vermelho”.

A peça fazia um retrospecto da situação econômico-financeira encontrada pelo governo Temer após o impeachment da presidente Dilma Rousseff, apontava 14 pontos negativos herdados da gestão anterior e chamava a atenção dos brasileiros para a necessidade de aprovação de medidas como limite para os gastos públicos, ajuste fiscal e mudanças na Previdência Social e nas regras trabalhistas.

Integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Gilmar Mauro destaca dois pontos importantes nesse discurso do governo.

"O primeiro é que a direita sempre trabalhou com a figura do inimigo. Ora o inimigo é o comunismo, ora é o inimigo externo. Em vários momentos da história se trabalhou com o inimigo como forma de unificar setores da direita. Há muitos setores da sociedade influenciados pelos meios de comunicação que acabam assumindo uma postura reacionária em detrimento de algum inimigo que precisa ser combatido." 

Na visão de Mauro, o "inimigo vermelho" não se trata só do Partido dos Trabalhadores, nas de de todo o conjunto de movimentos sociais, da esquerda e dos setores progressistas da sociedade.  Segundo ele, há também um viés de marketing para tentar escamotear o conjunto de medidas econômicas que estão sendo articuladas para serem aprovadas no Congresso Nacional, medidas que vão afetar profundamente direitos sociais do conjunto dos trabalhadores brasileiros.

"Por detrás do ‘Tirar o país do vermelho’ tem um conjunto de propostas que vai retirar direitos, mas esse discurso, de alguma forma, escamoteia o principal que está em debate, que é a venda da Petrobras, as privatizações e os cortes de direitos sociais. Isso está ocorrendo no Brasil e em várias partes do mundo como forma de tentar garantir renda para o grande capital. É lamentável que no Brasil estejamos vivendo esse momento."

O coordenador do MST diz que todo esse discurso está relacionado hoje com a forma como o Judiciário vem agindo de modo geral.

"Esse é um poder com altos rendimentos e normalmente composto por homens brancos, de classe média alta que a seu bel prazer estão interpretando a Constituição e definindo os rumos da Justiça em nosso país. É um conjunto de fatores que demonstra um caminho de retrocessos na sociedade brasileira."

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Para o presidente nacional do PT, Ruy Falcão, independente dos erros que o partido possa ter cometido, há uma “ofensiva terrível” perpetrada pelas forças reacionárias contra a sigla e que se materializaram mais visivelmente às vésperas das eleições.

"Dois dias antes da eleição, o Moro (juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal em Curitiba, responsável pelos processos da Lava Jato) transformou a prisão provisória do Palocci (Antonio Palocci) em prisão preventiva. Já tinham prendido o Guido (Mantega) antes e transformando o Lula em réu. Enfim, uma campanha de massacre que acabou culminando em produzir um resultado eleitoral."

Na análise de Falcão, a campanha "Vamos tirar o país do vermelho" dá a entender também a leitura "Vamos tirar o vermelho do país". 

"Não basta nossa derrota eleitoral, querem nos eliminar da vida política. Teve o impeachment, a crise econômica, mas nenhum desses fatores por si só são capazes de explicar a intenção de nossa derrota, forte, grande que merece um exame sereno e minucioso nos próximos meses, até que a gente possa refletir sobre nossos erros antes e durante a campanha eleitoral e tirar as lições para recuperar o terreno perdido e preparar um projeto para o país."

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