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Bloomberg diz que Moro é a pessoa mais influente do Brasil: isto é bom ou é ruim?

© Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência BrasilJuiz federal Sérgio Moro
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Na lista das 50 personalidades mais influentes do mundo elaborada pela Bloomberg aparece na 10.ª posição o Juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba e responsável pela Operação Lava Jato. O cientista político Paulo Velasco analisa a colocação de Moro, que, pela ótica da agência americana, seria o mais influente do Brasil.

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De acordo com a publicação, "Sérgio Moro e sua equipe de procuradores e investigadores passaram mais de dois anos acompanhando um escândalo de quase 2 bilhões de dólares, seus esforços ajudaram a derrubar o Brasil em sua pior recessão em um século e criaram o clima político para a destituição da Presidente Dilma Rousseff".

A partir da divulgação desta lista das 50 personalidades mais influentes em que o Juiz Sérgio Moro se destaca entre os 10 primeiros colocados (a número 1 da lista é a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May), surgiu um questionamento: é boa ou ruim para o Brasil a notoriedade internacional alcançada por Sérgio Moro? Ele é um magistrado de primeiro grau que há mais de dois anos combate a corrupção ao conduzir a Operação Lava Jato junto com os procuradores do Ministério Público Federal e a Polícia Federal, e neste momento a sua visibilidade ultrapassa a de todos os políticos, inclusive a do presidente da República.

Para debater a questão, Sputnik Brasil convidou o cientista político Paulo Velasco, professor de Relações Internacionais da UERJ, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Na opinião do especialista, a notoriedade de Sérgio Moro é boa, porém há aspectos envolvendo o Poder Judiciário que merecem reflexão:

"Não resta a menor dúvida de que o Juiz Sérgio Moro personifica hoje a luta contra a corrupção no Brasil. Por outro lado, estão acontecendo uma excessiva judicialização da política e um certo protagonismo do Poder Judiciário sobre os dois outros Poderes, Executivo e Legislativo. Esta é uma questão que precisa ser ponderada, já que o Poder Judiciário está sendo chamado, em várias ocasiões consecutivas, a manifestar-se sobre atos que dizem respeito aos dois outros Poderes."

O Professor Paulo Velasco vai além:

"De um lado, temos o Ministério Público Federal atuando com muita propriedade na apuração dos casos de corrupção. E, por outro, temos esta excessiva intervenção do Poder Judiciário. De modo que tenho um certo receio de onde poderemos chegar com esta atuação do Judiciário. Creio que o assunto merece reflexão, pois está acontecendo um certo desequilíbrio entre os Poderes. Já tivemos claras intervenções do Judiciário no Legislativo, e este protagonismo preocupa."

Paulo Velasco diz também que ainda é prematuro para se afirmar que a Operação Lava Jato vai deflagrar um novo tipo de comportamento entre os políticos diante da sociedade:

"É cedo para fazermos tal afirmação. Na Itália, tivemos a firme atuação do Juiz Giovanni Falcone, que conduziu a Operação Mãos Limpas contra a Máfia e foi assassinado em 1992, e o fato de ele ter investigado e condenado pessoas perigosas e influentes não impediu o surgimento de novos casos de corrupção na política italiana. Então, é prematuro arriscar qualquer juízo de valor sobre o que a Operação Lava Jato poderá representar, no futuro político, para o Brasil. Vamos dar tempo ao tempo."    

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