Ataque americano em Deir ez-Zor foi 'operação deliberada para enfraquecer Assad'

© AFP 2023 / PHILIPPE HUGUENUma pessoa passa em Calais, França, perto de um cartaz dizendo, em inglês: "Ore por Deir ez-Zor, mais de 1 ano sob sítio"
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Na semana passada, vários caças da coalizão internacional contra o Daesh na Síria liderada pelos EUA atacaram posições do exército sírio em Deir ez-Zor. O posto de observação dos direitos humanos na Síria relata que durante o ataque foram mortos 90 militares e cerca de 100 ficaram feridos.

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O Comando Central dos EUA disse que os ataques foram realizados "por engano", considerando que estas posições estariam ocupadas pelo grupo terrorista de Daesh (proibido na Rússia e vários outros países). O Comando americano destacou que "nunca iria bombardear as divisões do exército sírio".

Este grave erro pode destruir a reconciliação alcançada e anular o cessar-fogo que se iniciou menos de uma semana atrás.

O jornalista e especialista em Oriente Médio Christian Chesnot e o deputado francês que representa os interesses dos cidadãos no exterior Thierry Mariani comentaram a situação à Sputnik França:

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Sputnik França: Como é possível cometer tais erros?

Christian Chesnot: É a versão dos militares americanos sobre o engano em Deir ez-Zor. Temos muitas dúvidas, porque a operação durou 50 minutos, nela participaram 4 aviões e 82 pessoas morreram. Há muitas perguntas, os americanos têm satélites e radares. <…> Segundo os americanos foi um erro, segundo os russos foi uma provocação. A verdade fica algures no meio.

Thierry Mariani: Não me atrevo a pensar nisso, mas parece que foi uma operação deliberada para enfraquecer Assad. É sabido que durante os últimos tempos os militares sírios têm combatido contra os islamistas nessa área e hoje eles se tornaram vítimas de bombardeios americanos.

SF: Então, como considerar estes ataques?

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CC: Isto é um incidente militar que terá consequências, que ocorreu num tempo em que a trégua era muito frágil. Assim devemos interpretar isto. Pode ser que exista rivalidade entre o Pentágono, que não gosta dos acordos russo-americanos sobre a Síria, e o Departamento de Estado de John Kerry, que faz concessões? Pode ser que os americanos sintam que a Rússia agora está dirigindo a situação na Síria e os queiram parar? Há muitas perguntas. É um incidente muito importante porque os americanos, que disseram que nunca iriam atacar o exército de Bashar Assad, realmente fizeram isto.

SF: Tais ataques podem ameaçar a trégua na Síria?

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TM: Sim, claro. A realidade é simples: tropas regulares que combateram no seu próprio território para defender seu povo de islamistas foram assassinadas pelos americanos. Por acaso? De forma deliberada? Nunca esclareceremos a verdade, mas tendo em conta todos os meios tecnológicos dos Estados Unidos, em minha opinião, era impossível cometer tal erro, isto se parece com um aviso.

SF: Que julga o senhor, será que a Casa Branca apoia o Daesh?

CC: Não podemos falar tão duramente, mas é verdade que Deir ez-Zor está cercada pelas forças do Daesh, é verdade que os ataques contra o regime sírio ajudam o Daesh. Não acho que os americanos queiram ajudar o Daesh. Surgem perguntas sobre os planos deles, sobra a estratégia deles <…>.

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TM: Eu acho que o governo dos Estados Unidos quer principalmente resolver os seus problemas com a Rússia. Às vezes o governo admite seus erros na política externa. Hoje, os curdos, que foram armados pelos americanos, combatem os turcos, que também foram armados pelos americanos em vez de lutar contra os verdadeiros terroristas. <…> É hora para o Ocidente sair de lá e deixar os países da região resolverem os problemas existentes por eles próprios.

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