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Câmara argentina de comércio vê seu país mais atrativo que o Brasil

© Eitan Abramovich/AFPMacri investimentos
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Com novos presidentes e um ambicioso programa de reformas, Brasil e Argentina abrem a temporada de caça pelo capital estrangeiro. O início da ofensiva começou no início deste mês durante a reunião de cúpula do G20 na China. Lá, Michel Temer e Maurício Macri se encontraram com presidentes executivos de grandes corporações.

À primeira vista, nesta ofensiva, a Argentina saiu na frente. Na quarta-feira, terminou em Buenos Aires o Fórum de Investimentos e Negócios na Argentina, evento que atraiu 1.900 empresários de 67 países. Pesos pesados da economia mundial, com Dow Chemical, IBM, Shell, Coca-Cola e British Petroleum estiveram presentes ao encontro, no qual Macris mostrou que a Argentina rompeu o isolamento comercial do país nos últimos 13 anos, durante os governos kirchneristas. As garantias oferecidas pelo presidente argentino despertaram eco. A Pan American Silver, uma das gigantes mundiais de mineração, prometeu investir US$ 1 bilhão em um projeto de mineração de prata em Chubut, no sul do país, que concentra as maiores reservas mundiais do minério.

Nos corredores do encontro, eram inevitáveis as comparações entre os momentos vividos pela Argentina e pelo Brasil. Enquanto o cenário era de otimismo com o país vizinho, após as eleições do final de 2015, no Brasil paira um clima de indefinições, não só devido ao clima político, como também quanto à forma pela qual foi feita a troca de governo.

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Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o presidente do Conselho da Câmara de Comércio Argentino Brasileira, Alberto Alzueta, diz que as avaliações são questões de momento. Segundo ele, há alguns meses também havia preocupação dos investidores com o cenário argentino. Além disso, afirma, faz pouco tempo que Temer assumiu efetivamente a presidência, e vai ser preciso um pouco mais para que ele demonstre suas intenções. E o mercado está nessa expectativa.

 "Todo mundo tem muito interesse no Brasil, que está no radar dos investimentos internacionais, como a Argentina. Todos conhecemos os princípios de Michel Temer e o que pensa o ministro Meirelles, da Fazenda. Uma das carcaterísticas que tem esse governo agora, como tem o governo argentino, é que não existe mais aquele viés ideológico que se implantava em qualquer negociação. Era uma política de partido e não de governança."

Alzueta ilustra essa mudança de postura com a decisão, tomada esta semana por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, de colocar a Venezuela numa posição de definição dentro do Mercosul. 

"Até agora se falava de expulsão, de sanções, medidas mais agressivas e nunca se falou na parte real, que a Venezuela não estava cumprindo com suas obrigações dentro do bloco. O Mercosul tem um regulamento, exigências e a Venezuela não estava cumprindo com  maior parte. Eles têm até o fim do ano para atender a essas exigências que, se não forem atendidas, caberá então a aplicação do regulamento previsto."

Alzueta admite que, nesse momento, a Argentina oferece um quadro mais favorável, com mais garantias para contratos. Ele também comenta um problema comum a Brasil e Argentina: a inflação, mas tem uma visão diferente no que diz respeito ao impacto causado pelos tarifaços promovidos pelo governo Macris nos serviços públicos, em especial nas contas de energia e gás, que sofreram aumentos de até 400% desde o início do ano.

"Quando se fala do aumento da inflação na Argentina, muita gente confunde aumento de preços com inflação. O que houve na Argentina não foi inflação. O que houve foi aumento de preços dos tarifaços, que simplesmente colocaram no lugar os preços dos serviços públicos. Tenho um caso na minha família. A minha irmã pagava, em um apartamento de 200 metros quadrados, em um bairro sul de Buenos Aires, 20 pesos de conta de luz por mês, mais ou menos como pagar R$ 5 aqui num apartamento dos Jardins (bairro de classe média alta de São Paulo). Evidentemente essas coisas não podem seguir, porque não se vai corrigir nunca o problema da inflação."

Para o presidente do Conselho da Câmara de Comércio Argentino Brasileira, o Brasil vai ter que fazer a mesma coisa. 

"O tamanho do gasto público do Brasil não cabe no Orçamento brasileiro. Um dos pontos fundamentais é a Previdência. Se continuamos com esse processo, daqui a dez 15 anos, não é que o país vai explodir por causa das contas públicas. Ninguém vai poder se aposentar e, pior, os aposentados não vão conseguir receber. É a mesma coisa que não querer mexer com a parte trabalhista." 

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