De que bombardeiro precisa a China?

© AP Photo / XinhuaIn this undated photo released by Xinhua News Agency, a Chinese H-6K bomber patrols the islands and reefs in the South China Sea.
In this undated photo released by Xinhua News Agency, a Chinese H-6K bomber patrols the islands and reefs in the South China Sea. - Sputnik Brasil
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O comando da Força Aérea do exército chinês reconheceu oficialmente o fato de proceder ao desenvolvimento de um novo bombardeiro estratégico.

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As indicações sobre a existência de tal projeto podiam ser encontradas anteriormente na imprensa e literatura militar chinesa. Porém, não se sabe quase nada sobre os parâmetros do novo projeto. O especialista militar russo Vasily Kashin comentou à Sputnik China a possível aparência da futura estrela da Força Aérea da China e onde ela poderá ser usada.

Neste momento, a China produz bombardeiros H-6K. São os primeiros bombardeiros de longo alcance chineses especialmente desenvolvidos para o uso de mísseis de médio alcance e capazes de portar outras armas de alta precisão. O avião tem equipamento de aviônica moderno e um maior alcance devido aos motores russos. Mas ele não pode ser considerado como um elemento pleno da tríade nuclear porque não corresponde ás exigências necessárias para uma contenção nuclear dos EUA.

Para efetuar a contenção nuclear, a caraterística útil mais importante do avião é a sua capacidade de fazer patrulha no ar com armas nucleares a bordo. Tendo no ar alguns bombardeiros em estado de prontidão e preparados para o lançamento de mísseis, é possível minimizar a probabilidade de um ataque preventivo do adversário.

Ao mesmo tempo, a Rússia e os EUA, para se conterem um ao outro, podem usar bombardeiros antigos dos tempos da Guerra Fria renovando pouco a pouco a sua aviônica e os mísseis de cruzeiro. Os aviões que portam mísseis de cruzeiro estratégicos não precisam de ultrapassar o sistema de defesa antiaérea. Entre a Rússia e os EUA estão os desertos gelados do Ártico, onde nada pode ameaçar as aeronaves que estão no ar.  

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A China está em uma outra situação. Para realizar um ataque contra os EUA, um bombardeiro chinês deve ultrapassar a primeira barreira de ilhas e esperar pela ordem de usar as armas sobre o oceano Pacífico, onde se pode esperar uma resistência séria por parte dos EUA e das forças dos seus aliados. O avião do tipo H-6K é uma plataforma para lançamento de mísseis de cruzeiro lenta e bem visível que pode ter um papel decisivo em um conflito regional, mas não serve para contenção nuclear.

Os chineses precisam de um bombardeiro com voo de longo alcance e alta velocidade. Ele necessita de sistemas poderosos de guerra eletrônica e deve, se for possível, ser pouco visível para os radares do adversário. Neste momento a criação de um tal avião é uma tarefa muito complicada em termos técnicos.

Julgando pelos dados fragmentários, a China trabalhou anteriormente sobre seu análogo ao bombardeiro americano B-2. Não se sabe em que estado está esse trabalho neste momento. A Rússia, que também trabalhava no seu análogo do B-2, parece ter adiado esse projeto. Neste momento, avançou para primeiro plano o projeto de lançamento da variante fortemente modernizada do bombardeiro Tu-160 que terá o nome de Tu-160M. Será equipado com nova aviônica e motores modernizados. Está previsto que tal aproximação poderá fortalecer a aviação estratégica com custos relativamente baixos. A plataforma do Tu-160 tem grandes reservas para melhoramento do projeto graças às grandes dimensões e alta velocidade. Os chineses não têm uma plataforma na base da qual seria possível avançar. 

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São conhecidas as repetidas tentativas no passado, por parte do lado chinês, para encontrar acesso aos estudos soviéticos nesta área. A China tentou receber materiais e amostras do bombardeiro Tu-22M3 na Rússia e fez tentativas infrutíferas para comprar exemplares do bombardeiro Tu-160 que ficaram na Ucrânia nos anos 90 do século XX.  

Outra variante para uso que os chineses deverão tomar em conta será a possível utilização de bombardeiros para aplicar a força longe das suas fronteiras. Como aconteceu no caso dos Tu-160 e Tu-95 russos que realizaram ataques contra posições de terroristas na Síria usando mísseis de cruzeiro.  

A parceria entre a China e o Paquistão dá para pressupor que em alguns cenários os aviões chineses, atuando a partir de bases no oeste da China e sobrevoando o espaço aéreo paquistanês, poderão realizar missões sobre o oceano Índico, algumas áreas do Oriente Médio e na África Oriental. Mas para o uso em um conflito local seria provavelmente mais razoável ter um avião mais simples com longo alcance e um preço não muito alto por hora de voo. 

Em todo o caso, a aparência do futuro bombardeiro chinês será um bom indicador dos conflitos e missões para que se prepara a Força Aérea da China.  

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