Detidos na Ucrânia falam sobre torturas nas prisões secretas

© AP Photo / Efrem LukatskyFuncionários do Serviço de Segurança da Ucrânia
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O serviço de segurança ucraniano sequestra pessoas e os mantém nas prisões secretas de onde nem muitos voltam, contam prisioneiros e familiares.

Sputnik France conseguiu entrar em contato com um dos prisioneiros, que está cumprindo pena atrás das grades; ele tem um telefone ilegal. Seu nome não foi divulgado por razões de segurança.

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"Quando me detiveram, além de baterem em mim, eles puseram um saco plástico na minha cabeça, por isso perdi a consciência várias vezes. Por falta do oxigênio, por asfixia", contou ele.

O prisioneiro disse que caso eles não façam o que os oficiais ordenam, são mortos: "uma vez, um preso ficou cheio de hematomas pelo corpo, dos rins até os pés… Já não lembro se bateram nele com um taco de beisebol ou com outra coisa. Rins machucados, costelas fraturadas, concussões".

Ele destacou que quando feridos, os prisioneiros não recebem ajuda médica.

"Com os presos políticos isso acontece muito frequentemente: rupturas nos baços, concussões, um deles sofre da dor de cabeça já há dois anos e ninguém toma uma atitude para descobrir o que há de errado com ele… Lembro-me de um rapaz, que sofria com dores nas costas, aplicaram analgésico nele, pois caso contrário ele não poderia ficar de pé", destaca o entrevistado.

O ex-presidiário, ativista do movimento contra Maidan, frisou que o SBU realiza frequentemente detenções rígidas, mas nos documentos escreve que a pessoas chegaram por vontade própria. As torturas mais praticadas incluem pancadas nos órgãos genitais com tacos de eletrochoque, dedos fraturados e falta de assistência médica.

Além de deter as pessoas, os serviços de segurança ucranianos ameaçam seus familiares. 

Mulher de um preso contou que apelou por proteção à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), mas isso não trouxe resultados. 

"Comecei a receber mensagens no celular: 'mulher do separatista' e ameaças. Eu e minha filha tivemos de mudar para os Urais", afirmou a mulher.

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Mais um homem, Nikolay Varakur, ex-prisioneiro, falou sobre sua experiência. Segundo ele, em 9 de dezembro de 2014, quatro pessoas de capuz e uniforme militar sem documentos de identificação, entraram na sua casa em Donetsk, na região de Donbass. Segundo ele, os oficiais levaram todos os seus documentos e dinheiro.

"Chegaram de manhã, fizeram um interrogatório severo… Das oito da manhã até às quatro da tarde, quase me mataram", disse ele, acrescentando que depois do interrogatório, foi preso e recebeu pancadas nas costas. 

Já que não ouviram o que queriam, começaram a ameaçar a família de Nikolay Varakur.

"Você quer que em meia-hora a sua mulher grite assim? Eu falei: não quero. O que devo fazer? Então, mandaram eu escrever o que eles ditassem… Mandaram eu escrever que eu era um ajustador de artilharia, informante do deslocamento de equipamento e das forças militares em Donetsk e além disso, que eu organizava provocações na Ucrânia. Que disparate".

A Ucrânia foi palco do escândalo, que na semana passada, foi informado pelas organizações de direitos humanos Human Right Watch e Anistia Internacional sobre liberação de 13 detidos de uma prisão secreta do SBU (Serviço de segurança da Ucrânia). A liberação foi realizada graças à publicação do relatório "Vocês não existem", que relata a existência das prisões secretas na Ucrânia.

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