Novo eixo Rússia-Irã-Turquia envia mensagem ao Ocidente

© Sputnik / Aleksei Nikolsky  / Acessar o banco de imagensLíder russo Vladimir Putin e presidente turco Recep Tayyip Erdogan antes da reunião bilateral em São Petersburgo, Rússia, 9 de agosto de 2016
Líder russo Vladimir Putin e presidente turco Recep Tayyip Erdogan antes da reunião bilateral em São Petersburgo, Rússia, 9 de agosto de 2016 - Sputnik Brasil
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Recentemente tornou-se claro que a Rússia, a Turquia e o Irã estão decididos a aliar-se. O site de notícias Atlantico discutiu com analistas o que é que os três países têm em comum e o que este eixo pode significar para o Ocidente.

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Pouco tempo atrás, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif, propôs organizar uma reunião trilateral entre o Irã, a Rússia e a Turquia para discutir a resolução da crise síria.

Além disso, há uma clara aproximação entre todos os três países.

Assim, o site francês Atlantico decidiu esclarecer que interesses comuns podem unir países tão diferentes.

"Penso que isso não é necessariamente um acordo que signifique uma aliança de longo prazo. Entretanto, a caraterística mais interessante da parceria nascente é o pragmatismo", disse o analista em geopolítica Alexandre Del Valle.

Ele lembrou que o Irã xiita e a Turquia sunita estavam divididos sobre o assunto de Síria.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan queria derrubar o regime sírio e lutar contra os curdos, enquanto o Irã queria proteger Bashar Assad contra os militantes apoiados pela Turquia (Daesh, Frente al-Nusra, Ahrar al-Sham, Jaish al-Fatah, Jaysh al-Islam).

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Por seu turno, de um lado, a Rússia não apoia plenamente o Irã, mas, por outro lado, ainda está entre os que apoiam o regime sírio, promovendo os seus próprios interesses na região do mar Mediterrâneo.

O Irã quer preservar os seus interesses estratégicos no Oriente Médio, onde a Síria serve de porta para a região.

Entretanto, neste ano Erdogan realizou a estratégia pró-jihadista que se virou contra ele – os cidadãos turcos têm frequentemente sido vítimas do Daesh e dos curdos.

Erdogan entendeu que os islamistas não somente ameaçavam a liderança no seu país, mas também causavam divergências com a Rússia. A Turquia não podia completamente cortar os laços com a Rússia devido a razões econômicas, militares e políticas. Então, o presidente turco fez uma virada na sua política externa.

Ao mesmo tempo, os três países têm uma atitude comum em relação ao Ocidente, que consideram "arrogante" e "pronto para interferir".

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Não são países amigos, mas entendem que precisam iniciar negociações e melhorar a sua parceria apesar das diferenças de interesses.

O analista notou que não é uma aproximação real, mas a ideia de que encontrar uma solução comum é do interesse dos três países.

O diálogo entre os três pesa mais do que a rivalidade, uma vez que as suas economias dependem umas das outras.

Na opinião de Alain Rodier, ex-oficial da inteligência francesa e diretor do Centro francês de Pesquisa e Inteligência, os três países têm algo mais em comum – a intenção de ultrapassar Washington e Bruxelas que, segundo eles, querem impor as suas regras na política internacional.

Também é uma oportunidade de demonstrar que há uma alternativa à União Europeia.

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Erdogan promove os seus próprios interesses – em troca do seu afastamento da Rússia e o Irã (caso isso lhe venha a ser pedido), ele pode apresentar as suas próprias exigências à UE e EUA. O presidente turco percebe que, quanto mais desenvolver a cooperação com Moscou e Teerã, tanto mais garantias e compensações pode receber de Washington e Bruxelas.

Segundo Del Valle, Erdogan pode exigir da UE garantias em relação ao acordo sobre vistos, refugiados, Chipre e etc.

Por seu turno, os EUA precisam da Turquia como membro da OTAN e parceiro nas alianças ocidentais.

"Vivemos em um mundo multipolar, onde todos defendem os seus próprios interesses e <…> e mantêm diálogo com todos os que lhes podem ser úteis", disse.

O Ocidente devia ter compreendido isso e parado com os seus sermões sobre o respeito dos direitos humanos, algo que prejudica os seus interesses e incita o ódio contra si devido a esse pragmatismo e interesses geopolíticos e de civilização, disse o especialista.

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