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'Eles pensam que nos venceram, mas estão enganados', garante Dilma Rousseff

© Roberto Stuckert Filho/PRDilma Rousseff faz declaração após impeachment ao lado de aliados
Dilma Rousseff faz declaração após impeachment ao lado de aliados - Sputnik Brasil
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Após a aprovação do impeachment por 61 votos a 20 no Senado, Dilma Rousseff fez um pronunciamento no Palácio da Alvorada e afirmou que vai recorrer da decisão junto à Suprema Corte, afirmando que a luta continua.

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Dilma Rousseff abriu seu discurso dizendo que o Senado Federal tomou uma decisão que entra para a história das grandes injustiças, e que os senadores que votaram pelo seu afastamento definitivo escolheram rasgar a Constituição, consumando o segundo golpe de estado que enfrenta na vida.

"Condenaram uma inocente e consumaram um golpe parlamentar. Com a aprovação do meu afastamento definitivo, políticos que buscam desesperadamente, escapar do braço da Justiça tomarão o poder unidos aos derrotados na últimas quatro eleições. Não ascendem ao governo pelo voto direto como eu e Lula fizemos em 2002, 2006, 2010 e 2014. Se apropriam do poder por meio de um golpe de estado. É o segundo golpe de estado que enfrento na vida. O primeiro, o golpe militar, apoiado na truculência das armas, da repressão e da tortura. O segundo, o golpe parlamentar desfechado hoje, por meio de uma farsa jurídica me derruba do cargo pelo qual fui eleita pelo povo."

Dilma destacou que o golpe não foi somente contra ela, ou o Partido dos Trabalhadores e os aliados, mas que vai atingir a toda nação, os movimentos sociais e os que lutam por direitos trabalhistas.

"O golpe não foi cometido apenas contra mim, contra o meu partido e os partidos aliados que me apoiam hoje. Isso foi apenas o começo. O golpe vai atingir indistintamente qualquer organização política progressista e democrática. O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra os que lutam por direitos em todas as suas acepções, direito ao trabalho e a proteção de leis trabalhistas. Direito a aposentadoria justa, a moradia e a terra. Direito a educação, a saúde e a cultura. Direito aos jovens de protagonizar a sua própria história. Direito dos negros, indígenas, da população LGBT, das mulheres. Direito de se manifestar sem ser reprimido. O golpe é contra o povo e contra a nação. O golpe é misógino, é homofóbico, é racista, é a imposição da cultura da intolerância, do preconceito e da violência."

A agora ex-presidenta fez questão de garantir que quem pensa que a venceu está engando, e que vai fazer forte oposição contra o governo de Michel Temer.

"Não desistam da luta. Ouçam bem: eles pensam que nos venceram, mas estão enganados. Sei que nós todos vamos lutar. Haverá contra eles a mais firme, incansável, enérgica e determinada oposição que um governo golpista pode sofrer."

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Dilma Rousseff encerrou seu pronunciamento dizendo que sai da presidência da República da mesma forma como entrou sem ter cometido atos ilícitos e com dignidade, afirmando que deu o melhor de sua capacidade e não fugiu de suas responsabilidades. A ex-presidenta ainda ressaltou que Não gostaria de estar no lugar dos que se julgam vencedores, pois a história será implacável com eles.

Sem dizer adeus, Dilma Rousseff encerrou sua fala citando um trecho da obra do poeta russo Maiakovski e emocionada afirmou que voltará para dar continuidade rumo a um Brasil em que o povo é soberano.  

"Não direi Adeus a vocês. Tenho certeza de que posso dizer até daqui há pouco. Eu, a partir de agora, lutarei, incansavelmente para continuar a construir um Brasil melhor. Eu tenho certeza que outras e outros assumirão  no futuro um papel que está baseado na eleição direta dos governantes pelo povo. Encerro compartilhando com vocês um belíssimo alento do poeta russo Maiakovski: Não estamos alegres, é certo, mas também por que razão haveríamos de ficar tristes? O mar da história é agitado, as ameaças e as guerras, haveremos de atravessá-las, Rompê-las ao meio, Cortando-as como uma quilha corta."

Dilma se despediu mandando um carinhoso abraço a todo povo brasileiro, que segundo a ex-presidente compartilha com ela  a crença na democracia e o sonho da justiça em todas as suas dimensões. 


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