'Não deixar uma mulher trabalhar é violência'

© AP Photo / Silvia IzquierdoFotos dos suspeitos do estupro coletivo no Rio de Janeiro são mostradas durante uma coletiva de imprensa em 17 de junho de 2016
Fotos dos suspeitos do estupro coletivo no Rio de Janeiro são mostradas durante uma coletiva de imprensa em 17 de junho de 2016 - Sputnik Brasil
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Uma foi assassinada pelo companheiro ao saber que estava grávida. Outra, queimada viva pelo marido. Isso sem contar os numerosos casos de espancamento e assédio moral.

Mulheres protestam contra feminicídio em Santiago, no Chile - Sputnik Brasil
Notícias do Brasil
Colômbia e Argentina seguem exemplo do Brasil na luta contra o feminicídio
14 em cada 100 mil mulheres são assassinadas anualmente em El Salvador. 11 em cada 100 mil, nas Honduras.

A média anual de mortes violentas de mulheres no México se aproxima dos 2.000. Na Argentina, há cerca de 50 ataques sexuais contra mulheres por dia. No Brasil, este número chega a 15 ataques diários.

A ONU Mulheres (organismo das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento da Mulher), 14 dos 25 países com o maior número de feminicídios e agressões contra a mulher pertencem à América Latina.

No Brasil, o crime de feminicídio foi tipificado em 17 de dezembro de 2014.

Em comentário à Sputnik Mundo, Mabel Simois, presidente da organização uruguaia Casa da Mulher, disse que, apesar dos números desconcertantes, o problema está ficando menos grave.

"A violência de gênero sempre existiu. O que acontece é que as mulheres antes não falavam nada, não denunciavam. Agora, ela se animam. Ao ter leis, policiais especializados, sentem-se mais seguras. Eu não acredito que o índice de violência seja maior do que em outros tempos, acredito que a gente adquiriu direitos. Outra coisa a se ter em conta é que antes não possuíamos números. A coisa começou a se quantificar há muito poucos anos. E agora existem até formulários especiais para denúncias de gênero", disse Simois.

Não se trata só de violência física ou assédio. Há um tipo de violência moral que se chama descriminação, lembra a presidente da Casa da Mulher:

"É muito comum encontrar mulheres que não podem conseguir trabalho. Não deixar uma mulher trabalhar é violência. É deixá-la sem opções, na rua. É violência te obrigar a fazer algo que você não quer ou não te deixar fazer o que você quer. É também violência que ganhemos menos que os homens cumprindo as mesmas responsabilidades".

Segundo dados de organizações internacionais, 23% das mulheres brasileiras trabalham 40 horas por semana sem serem remuneradas. Só 5% dos homens vivem tal situação. Na Colômbia, a diferença é parecida: 32% das mulheres trabalham 50 horas por semana grátis, contra 9% dos homens.

O problema da violência contra as mulheres ganhou destaque no Brasil em meados do ano corrente, quando foi revelado o escândalo com o estupro coletivo no Rio de Janeiro de uma menina de 16 anos. O país todo se mobilizou em defesa dos direitos da mulher e o resto do mundo se juntou à manifestação de solidariedade.

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