Mídia: Rússia cria uma nova ordem internacional reduzindo influência dos EUA

© Sputnik / Sergey GuneevO presidente russo, Vladimir Putin, no cosmódromo de Vostochny
O presidente russo, Vladimir Putin, no cosmódromo de Vostochny - Sputnik Brasil
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A política da Rússia em relação à Ucrânia, sua ação na Síria e reconciliação com Turquia demonstram a aspiração do presidente Vladimir Putin em criar em torno do seu país uma nova ordem internacional, reduzindo significativamente a influência dos EUA.

Assim declara o autor do editorial do jornal italiano La Stampa, publicado no domingo sob o título de "Grande jogo de Putin: a estratégia em três frentes" (Il grande gioco di Putin: strategia su tre fronti).

"As faíscas ao longo da fronteira com a Ucrânia, a batalha sangrenta em Aleppo e a reconciliação com a Turquia mostram a determinação com que Vladimir Putin cria em torno da Rússia uma nova e ambiciosa ordem internacional", escreve o editor-chefe da respeitável edição italiana La Stampa Maurizio Molinari.

Analisando a atividade da política externa russa em uma dessas áreas, o autor enfatiza que a Rússia pretende de forma significativa reduzir a influência dos Estados Unidos.

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"Na Ucrânia ele quer enfraquecer a credibilidade de Washington como garante da Europa de Leste, na Síria faz aposta em uma demonstração de maior eficácia na luta contra ações terroristas da jihad, em comparação com a coalizão de mais de 60 países, sob liderança de Obama, e na Turquia tem o objetivo de causar discordâncias nas relações de Ancara com a OTAN", diz o analista político italiano.

Neste contexto, Molinari chama a atenção para a imagem recentemente formada do Ocidente, que é dilacerado por contradições nos problemas de migração e terrorismo, que está enfraquecido economicamente e que demonstra falta de capacidade de liderança em conexão com o grande poder de movimentos de protestos que, em particular, foi mostrado pelo referendo sobre o Brexit no Reino Unido.

De acordo com o editor do La Stampa, a Rússia cria um sistema privilegiado de relações com muitos países, cujo modelo político se distingue do das democracias ocidentais: da Bielorrússia, da Turquia, do Egito, do Irã e das repúblicas ex-soviéticas da Ásia Central.

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Com isso, Moscou usa vários instrumentos, incluindo "investimentos energéticos, presença militar e demonstração bastante eficiente do soft power (poder brando)".
O Kremlin sabe, no entanto, que essa fase de expansão estratégica corre o risco de interferência com a saída de Obama da presidência. Moscou teme, em particular, o sucesso de Hillary Clinton, por sua candidatura expressar a vontade do estabelicimento bipartidário de Washington em recuperar o terreno perdido nestes anos.

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O que Putin quer evitar é a repetição de um dos mais graves erros cometidos por Moscou durante a Guerra Fria, o que aconteceu nos anos de 1980, quando os EUA de Jimmy Carter pareciam tão enfraquecidos pela crise no Irã, Afeganistão e Nicarágua que fizerem o Kremlin pensar que estavam feridos, quando a vitória de Ronald Reagan mudou o curso da História, determinando o resultado oposto.

É por isso que Putin continua na ofensiva e o perfil da Rússia é esperado crescer um pouco por todo o lado, mesmo na região do Mediterrâneo Central, como mostra a escolha de se opor, em termos inequívocos, à incursão dos EUA em Sirte para apoiar as posições do general Khalifa Haftar, adversário do governo de Fayez Sarraj em Trípoli, conclui autor.

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