'Daesh nem conhece o autor de atentado antes do ataque ser realizado'

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O relatório publicado na quarta-feira (3) no jornal norte-americano The New York Times, baseado em uma entrevista com um antigo jihadista da Alemanha e materiais obtidos pelos serviços de inteligência revelou que há uma unidade especial conhecida como Emni estabelecida pelo Daesh com objetivo de atacar a população europeia.

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Os líderes da Emni, diz o jornal, são responsáveis por recrutar, treinar e instalar combatentes em todo o mundo. A discrição da unidade secreta é um elo importante no mecanismo terrorista. Há evidências que combatentes da Emni estiveram envolvidos em recentes ataques em Paris, Bruxelas e Tunísia.

O professor da Universidade do Noroeste e especialista em problema de terrorismo, Max Abrahms, contou à Rádio Sputnik Internacional sobre a estrutura da Emni e as comunicações dentro do grupo.

Ele referiu que a unidade terrorista combina funções de serviços de inteligência com as de agência de segurança doméstica. Entretanto, as comunicações entre as células não têm grande importância.

"Em muitos casos, a realidade é que a organização Daesh não conhece sequer o autor de um atentado antes de o ataque ser realizado. Assim, o atacante conhece o Daesh, mas o Daesh não conhece o atacante", disse em entrevista.

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Na opinião do professor, este grupo terrorista é mais parecido com um movimento porque é muito descentralizado.

A liderança deu luz verde aos islamistas em todo o mundo.

Segundo o relatório do jornal, a Emni é encabeçada pelo chefe do departamento de propaganda e porta-voz do Daesh, Abu Mohammad al-Adnani.

Adnani alegadamente evitou o cativeiro das forças de coalizão na Síria e opera na Síria.

Abrahms disse que Adnani permitiu a pessoas islamistas fazer algo que querem para espalhar o terrorismo e dizer que fizeram isso de parte do Daesh. O especialista destaca que há vários tipos de ataques. Por exemplo, o atentado em Paris no ano passado envolveu a organização principal, mas o ataque no aeroporto de Istambul não exigia muitas comunicações.

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Um exemplo demonstrativo é o ataque de Omar Mateen em Orlando nos EUA que matou a tiro 49 pessoas em uma boate gay em junho. Agia sozinho sem comunicar com o grupo, mas finalmente atribuiu o seu ato violento à autoria do Daesh.

O antigo militante do Daesh Harry Sarfo, que foi entrevistado pelo The New York Times, disse que os agentes da Emni na Europa agem de forma a "poder ativar potenciais homens-bomba instigados pela propaganda".

Para evitar detenções, os agentes usam militantes recém-convertidos que não têm ligações rígidas com o grupo.

"Estas pessoas [agentes] não estão em contato direto com os que organizam os atentados porque sabem que se começam a falar serão apanhados", disse Sarfo ao jornal.

Entre os alvos principais da propaganda terrorista Sarfo nomeou os EUA. Segundo o ex-militante, radicalizar os norte-americanos é muito simples porque as armas ali estão à disposição de todos. Assim, não é necessário contatar com eles para passar armas.

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