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Passeatas no dia 31 em SP podem confrontar manifestantes pró e contra governo interino

ENTREVISTA COM GUILHERME BOULOS 2 DE 15 07 16
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No próximo dia 31 de julho, a cidade de São Paulo vai voltar a ser palco de grandes manifestações pró e contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. As duas grandes passeatas acontecerão no mesmo horário, no Centro da cidade, e a preocupação das autoridades de segurança pública é evitar confrontos entre as duas correntes.

 Do lado dos apoiadores do governo interino, entidades como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem pra Rua estão convocando a população a tomar as ruas em defesa do governo Temer e da agenda econômica de reformas em estudo, com mudanças na legislação trabalhista e alterações na Previdência Social, entre outras. Do outro lado, centrais sindicais e movimentos sociais apelam aos militantes que saiam em protesto contra o que classificam de agenda neoliberal que vai retirar direitos adquiridos da população. A concentração do MBL e de seus seguidores começará no vão do Museu de Arte Moderna de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, às 14 horas. No mesmo horário, os oposicionistas se reúnem no Largo da Batata também no Centro.

Ouvido pela Sputnik Brasil, o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, diz que a manifestação do dia 31 é o ato do "Fora Temer" e que também vai cobrar saídas para a crise e o direito de que o povo decida seus caminhos. 

"Entendemos que esse Congresso não tem legitimidade para definir os rumos do país. Não dá para deixar nas mãos do Senado e da Câmara quem vai ser o presidente e para onde a gente vai. É também uma defesa intransigente dos nossos direitos que estão duramente ameaçados por esse governo ilegítimo que se estabeleceu."

Indagado se não teme a possibilidade de confrontos entre manifestantes, Boulos é direto:

"Vamos fazer o movimento no mesmo dia em que a outra turma, inclusive para demarcar uma diferença clara: o ato deles é o ato pelo 'Fica Temer'. Quem está satisfeito com esse governo que se estabeleceu vá lá no ato da turma do MBL, na Avenida Paulista. Quem acha que os direitos estão em risco e que esse governo não tem legitimidade e que não  apresenta nenhuma saída popular para o país vai poder escolher pela Frente Brasil sem Medo. O fato deles estarem ouriçados não surpreende, porque essa turma vendeu uma ilusão. Não sei como eles vão se explicar, porque venderam que o impeachment era para acabar com a corrupção e terminaram por botar no poder um partido e um grupo envolvidos com a corrupção, um ministério de indicados na Lava Jato com gente que a cada delação aparece a rodo com envolvimento nos escândalos e nos esquemas. Não sei com que cara essa turma vai para a  rua."

O coordenador nacional do MTST diz que os manifestantes não vão buscar qualquer conflito ou provocação, e, sim, defender bandeiras e posições. Segundo ele, cabe à Polícia Militar de São Paulo garantir um tratamento equitativo para as duas mobilizações. 

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"Só não pode acontecer o que aconteceu há um mês, quando a PM aqui em São Paulo tratou a pão de ló gente que estava acampada na Fiesp defendendo o golpe e tratou com porrada e tropa de choque a mobilização popular da Frente Brasil sem Medo que foi para frente da casa do Michel Temer. Tem que ter tratamento equilibrado. Vamos exercer nosso direito de manifestação e não vamos nos intimidar com ameaça nenhuma se vier go-go boy e a turma deles. Não vão nos tirar das ruas por isso." 

A Sputnik Brasil procurou lideranças do Movimento Brasil Livre e do Vem pra Rua, mas não obteve retorno. A agência teve acesso, contudo, às principais reivindicações que serão feitas na passeata do próximo dia 31. Entre elas está o fim do foro privilegiado no julgamento de autoridades; a privatização dos Correios e da Petrobras; a expulsão da Venezuela do Mercosul; criação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Lei Rouanet, de incentivos culturais; aprovação do projeto Escola Sem Partido. Esta última propõe que que o aluno tenha acesso a diferentes pontos de vista, que seu conhecimento vá do pensamento de Rousseau ao de Locke, de Marx ao de Adam Smith, que conheça figuras históricas como Che Guevara e Winston Churchill com a mesma profundidade para que, posteriormente, possa se filiar a determinadas correntes de pensamento ou partido, de acordo com o próprio julgamento.

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