Vítima de estupro realizado por militar dos EUA no Japão conta sua trajetória

© AP Photo / Greg BakerA ground crew member walks towards the tail of a U.S. Air Force KC-135 Stratotanker protruding from a hanger at Kadena Air Base on Japan's southwestern island of Okinawa (File)
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A australiana Catherine Jane Fisher, vítima de estupro praticado por militar norte-americano em Okinawa e autora do livro “Eu sou Catherine Jane”, no qual narrou a história dos anos de luta contra militares dos EUA e as autoridades japonesas para conseguir encaminhar o próprio caso para justiça, conversou com Sputnik.

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Segundo Fisher, a polícia japonesa em 2002, quando ocorreu o estupro, não estava preparada para receber casos como o seu. Além de não possuir equipamento, a polícia só permitiu que Catherine fosse a um médico no dia seguinte. Até o DNA do agressor Catherine guardou com meios próprios.

“Nos últimos 14 anos eu milito para que isso mude. No meu caso, como eu entrei na justiça contra o agressor, ele fugiu do país. Eu, logicamente, fui buscar apoio com o governo japonês, mas eles me disseram não poder fazer nada”. 

Segundo Catherine, ela, por conta própria, descobriu que seu agressor foi preso nos EUA por um outro crime. Mesmo assim, o governo do Japão não pode ajudar a sua causa. 

“Conforme o acordo sobre o status de forças armadas, os militares dos EUA são obrigados somente a respeitar as leis do Japão, mas sem obrigação de cumprí-las. Naquela época eu disse a eles (oficiais japoneses) que então chegou a hora de mudar os acordos, que obviamente não estão protegendo de modo algum as vítimas de agressões. As vitimas e os parentes de vítimas eram tratados como criminosos”, disse Fisher.

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Durante anos, Fisher moveu processo contra o seu agressor e acabou vencendo o caso, ganhando compensação do governo japonês e dos EUA. “Assim eu criei um precedente e provei que os EUA retiraram o agressor do país durante o meu processo. Mais um precedente foi criado quando os documentos judiciais do Japão foram aceitos pelos EUA. Agora, quando ocorre mais um incidente, as autoridades japonesas manifestam protestos. Em seguida, porém, os militares americanos dizem estar fazendo o possível para garantir a segurança e responsabilizar os culpados. Mas nada disso acontece. Esse é um outro problema. Os cidadãos americanos nem suspeitam que seus agressores são enviados de volta para os EUA, e lá todos ficam sem saber que a pessoa cometeu um crime. 

Catherine lamentou muito as últimas notícias sobre estupros e mortes de japoneses por militares norte-americanos em Okinawa e disse que vai continuar a sua militância. Atualmente a australiana está organizando a realização de uma exposição sobre as vítimas da violência de militares norte-americanos no Japão.

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