Lembramos que funcionários do Departamento de Estado dos EUA, em carta aos diretores do órgão, propuseram realizar ataques contra as tropas governamentais da Síria segundo o “cenário iugoslavo”, informou anteriormente o mencionado jornal The New York Times, que teve acesso ao documento.
No seu editorial, o NYT opina que a situação atual na Síria, que já provocou 400.000 mortes, fez 12 milhões de pessoas deixarem suas casas e o crescimento do grupo terrorista Daesh, que ameaça a região e o mundo, é uma fonte de frustração para os diplomatas americanos.
A administração de Obama opina que uma intervenção militar pode resultar em caos ainda maior e envolverá ainda mais os EUA em mais uma guerra no Oriente Médio, escreve a edição com um certo grau de apoio à atitude do presidente americano.
A essência do plano dos diplomatas é que nenhum acordo de paz na Síria é possível sem ameaça de uso da força contra o governo do líder sírio Bashar Assad. Eles tiveram cuidado em propor somente o uso de armas como os mísseis de cruzeiro que preservarão os americanos de uma retaliação síria. Eles também descartaram a ideia de uma invasão profunda estadunidense.
À primeira vista o plano parece impecável do ponto de vista dos interesses americanos, mas o editorial faz um número de perguntas incômodas.
Would “limited” airstrikes not inevitably draw America into another Middle East morass? https://t.co/V3SbXdFQ8x pic.twitter.com/yEDvbp29eg
— NYT Opinion (@nytopinion) 23 июня 2016 г.
Mas e se os ataques aéreos limitados falharem? Será que a operação, equilibrada à primeira vista, arrastará os EUA inevitavelmente para mais um pântano no Oriente Médio e, o que é possível, para uma confrontação militar com a Rússia?
Há também uma questão de base legal com a intervenção militar estadunidense (lembramos que a operação aérea russa é realizada a pedido do governo legítimo de Bashar Assad, o que é uma base absolutamente justificada no âmbito de direito internacional). Porém, Obama não possui uma resolução do Conselho de Segurança da ONU. Alguns juristas, como Harold Koh da Universidade de Yale e que anteriormente trabalhou no Departamento de Estado, sugerem que isso pode ser considerado um caso para intervenção humanitária, mas a administração estadunidense diz não encontrar base para isso na lei internacional.
Em todo o caso, não havia boas opções na Síria e a situação tende a piorar, mas até o momento ninguém apresentou um caso persuasivo de que o envolvimento direto dos EUA contra Assad seja uma solução para a crise na Síria, resume o NYT.