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Exclusivo: ‘Ausência do atletismo russo no Rio 2016 é uma grande perda para o esporte’

ENTREVISTA COM ANTONIO CARLOS 2 DE 21-06-16
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Antônio Carlos Gomes, superintendente da Confederação Brasileira de Atletismo, ex-atleta do salto triplo e treinador de um dos maiores nomes desta modalidade no Brasil, fala com exclusividade para a Sputnik Brasil sobre a exclusão da equipe russa de atletismo dos Jogos do Rio 2016.

O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o alemão Thomas Bach, confirmou nesta terça-feira, 21, a decisão anunciada na sexta-feira, 17, pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês), de suspender a equipe russa de atletismo dos Jogos Olímpicos do Rio 2016. O motivo da suspensão, segundo a IAAF, foi o uso de doping por alguns atletas russos.

O COI ofereceu aos atletas russos cujos recursos forem acolhidos pela entidade a opção de disputar os Jogos Olímpicos vestindo uniformes do Comitê Olímpico Internacional. Neste caso, não representariam o seu país, mas somente a entidade, sendo então autorizados a participar das competições.

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Ainda por decisão do Comitê Olímpico Internacional, só poderão representar a Rússia esportistas que estiverem a salvo de qualquer suspeita de uso de substâncias estimulantes.

Sobre todas estas questões, Sputnik Brasil conversou com Antônio Carlos Gomes, superintendente da Confederação Brasileira de Atletismo, a CBAt. Professor de Educação Física, ex-atleta do salto triplo e treinador de um dos maiores nomes desta modalidade no Brasil, Jadel Gregório, o dirigente Antônio Carlos Gomes morou na Rússia durante 10 anos, período em que realizou seu mestrado e doutorado em Educação Física naquele país.

Na entrevista, Antônio Carlos Gomes lamenta a exclusão do time de atletismo da Rússia das Olimpíadas do Rio de Janeiro, afirmando que “esta é uma lamentável perda para a Rússia, para o Brasil e para o mundo, já que todos ficaremos privados de ver em ação alguns dos melhores atletas do planeta, como são os russos. Durante o tempo em que vivi na Rússia, pude ver como o país leva a sério a preparação de atletas de todas as modalidades e testemunhei como atletas, treinadores e todos que estão à sua volta se dedicam às competições e às práticas esportivas”. 

A seguir, a entrevista com o superintendente da CBAt – Confederação Brasileira de Atletismo:

Sputnik: Como o senhor recebe a confirmação, pelo Comitê Olímpico Internacional, da exclusão da equipe de atletismo da Rússia dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro?

Antônio Carlos Gomes: Eu dediquei minha vida a estudar o esporte de alto rendimento, e como especialista recebo isso de maneira muito triste, porque a não participação da Rússia significa perda de qualidade nos Jogos Olímpicos. A Rússia tem em todas as modalidades, e especificamente falando do atletismo, atletas espetaculares que dariam e dão a todos os eventos internacionais um nível, uma qualidade superior. Os Jogos Olímpicos, na modalidade de atletismo, estão perdendo qualidade sem a presença da Rússia.

S: O senhor acredita que algum atleta russo aceite competir independentemente?

ACG: Há atletas russos que hoje estão no ápice de suas performances e que estão em uma faixa de idade que não permite mais [participar dos Jogos de] 2020, 2024. Dentro de uma coerência, os atletas que não foram punidos e tiverem possibilidade de participar, eu acredito que o Ministério dos Esportes russo vá liberá-los e eles virão enaltecer os Jogos para nós.

S: O senhor fez seu aprimoramento universitário em Educação Física na Rússia. Em que período e por quanto tempo o senhor viveu lá?

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ACG: Toda a minha formação pós-graduação acadêmica foi em Moscou. Fiz o mestrado, pós-doutorado, o doutoramento todo lá. Cheguei em 1986 e fiquei até 1996.

S: Qual a sua avaliação sobre o esporte russo, sobre os atletas de então e os de hoje?

ACG: O que eu vivi durante todos esses anos na Rússia foi um sonho dentro da área do treinamento esportivo, da preparação de atletas. Existem uma cultura e uma política de esportes na Rússia que permitem e promovem atletas para chegarem aos resultados que eles têm apresentado nesses últimos 40, 50 anos. Meu aprendizado lá durante todo esse período foi muito grande. Vivendo naqueles centros esportivos, nos centros olímpicos, nas cooperativas onde treinavam os atletas, eu aprendi o que é uma formação de atleta de alto rendimento. Foi uma experiência realmente espetacular. Antigamente se tinha, obviamente, uma preocupação um pouco maior com o esporte lá dentro, devido ao sistema. Ainda que não haja mais aquela preocupação, 100% do Estado, o esporte continua muito forte. Para nós será uma perda muito grande eles não participarem dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

S: Hoje o senhor destacaria qual atleta no time russo?

ACG: Na modalidade de atletismo a Rússia tem uma equipe do revezamento feminino 4x400 muito forte, mas eu destacaria, sem dúvida nenhuma, o nome de Elena Isinbayeva, do salto com vara, como o grande nome. Para nós, seria espetacular se ela viesse para o Rio.

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