Ex-embaixador da Venezuela acusa presidente da OEA de ser mordomo dos EUA

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A Venezuela e a Organização dos Estados Americanos (OEA) acirraram suas diferenças nesta quinta-feira, 2, com as declarações de Roy Chaderton, ex-embaixador venezuelano no organismo. Em entrevista exclusiva à agência TeleSur, Chaderton afirmou que a única forma de a organização recuperar credibilidade seria a renúncia do presidente Luis Almagro.

As declarações do ex-embaixador foram feitas em Havana, onde ele participa do 7º Encontro de Associação dos Estados do Caribe (AEC). Na quarta-feira, atendendo a um pedido dos partidos de oposição venezuelanos, que agora detêm maioria na Assembleia Nacional e do Paraguai, Almagro anunciou a convocação dos países membros da OEA para analisarem se invocam ou não a chamada Cláusula Democrática contra a Venezuela, mecanismo que pode suspender um país da organização caso seja comprovado que haja ruptura constitucional.

"Depois do papelão que ele (Almagro) fez ontem, ele deveria apresentar sua renúncia, embora eu entenda que ele recebe US$ 20 mil por mês, além de seguro e a possibilidade de ganhar um visto de residência nos Estados Unidos após o fim do mandato.", disparou Chaderton para quem o presidente da OEA não passa de um "mordomo dos EUA". Na reunião realizada na quarta-feira, contudo, os 34 países membros da OEA optaram por não aprovar o mecanismo da Cláusula Democrática e insistiram na necessidade de diálogo entre o governo e a oposição venezuelana.

A quinta-feira foi também de protestos contra e a favor do governo, com enfrentamento de manifestantes com as forças policiais. As forças de segurança bloqueram uma grande área em torno do Palácio Miraflores, sede do governo, depois que um grupo de manifestantes ameaçou invadir a área, protestando contra a falta de comida no país. Com o aumento da tensão, a polícia utilizou bombas de gás lacrimogêneo para dissolver o protesto. Na outra ponta, mais cedo, uma manifestação indígena percorreu o trecho entre a Assembléia Nacional e o Palácio Miraflores prestando solidariedade ao presidente Nicolás Maduro. O Congresso da Pátria — formado por 43 comunidades indígenas, entre elas a E´ñepa,Añu, Warao, Pemón e Yekuana — manifestou apoio à Reolução Bolivariana e ao chamamento feito na véspera por Maduro, que conclamou os venezuelanos a defender o país dos ataques da direita e da ingerência externa. Em 24 horas, o presidente venezuelano chegou a fazer três pronunciamentos, criticando a decisão da OEA de ameaçar a Venezuela com o emprego da Cláusula Democrática.

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O apoio político a Maduro, contudo, vem diminuindo na América do Sul. Brasil e Argentina, tradicionais aliados políticos da Venezuela, mudaram seu discurso diplomático. Com o afastamento da presidente Dilma Rousseff e  a indicação de José Serra como ministro das Relações Exteriores, o Brasil iniciou não só o afastamento do líder venezuelano como tem trabalhado nos bastidores para isolar ainda mais o país. Na Argentina, a substituição de Cristina Kirchner pelo neoliberal Maurício Macri só agravou esse relacionamento. O Uruguai, que vinha tentando manter um ponto de equilíbrio dentro do Mercosul, também começou a se afastar de Maduro, após as discussões públicas entre o presidente venezuelano e o ex-presidente José Mujica. 

Fontes ouvidas pela agência Reuters, também nesta quinta-feira, dão conta que Brasil e Argentina se mobilizam nos bastidores para tentar evitar que a Venezuela assuma a presidência rotativa do Mercosul no fim do mês. Segundo outra fonte palaciana, o presidente Michel Temer só concordaria em ir à reunião em Montevidéu no próximo dia 24, "se for para ter uma solução para a Venezuela".

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