Por que razão ‘cenário iraniano’ de Clinton não funciona na Coreia do Norte?

© REUTERS / Mike Segar Hillary Clinton, ex-secretária de Estado dos EUA e pré-candidata à presidência do país
Hillary Clinton, ex-secretária de Estado dos EUA e pré-candidata à presidência do país - Sputnik Brasil
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O candidato presidencial do Partido Democrático, Hillary Clinton, disse que no caso de ser eleita, ela vai usar as sanções para forçar a Coreia do Norte a congelar o seu programa nuclear, tática que os EUA usaram recentemente com o Irã. Sputnik discutiu o problema com Vladimir Sazhin, especialista em assuntos orientais em Moscou.

Em uma pergunta sobre a viabilidade deste cenário, Vladimir Sazhin respondeu que as duras sanções econômicas contra o Irã, introduzidas pelos EUA e os seus aliados ocidentais, eventualmente persuadiram Teerã a assinar o compromisso reciprocamente acordado sobre o desenvolvimento do seu programa nuclear.

“Segundo Jake Sullivan, chefe da política externa na equipa de Clinton, a ideia é exercer a máxima pressão sobre Pyongyang e forçar o país a atender às demandas do Ocidente”, disse Sazhin à Sputnik.

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Jake Sullivan foi uma das pessoas que começou as negociações secretas com Teerã em 2012, que resultaram, em 14 de julho de 2015, no acordo entre a República Islâmica e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, China, França, Rússia, Grã-Bretanha e EUA.

“O Irã e a Coreia do Norte são dois mundos diferentes, policialmente, ideologicamente, socialmente e economicamente. Gravemente afetado pelas sanções internacionais, o Irã não se encontrava completamente isolado do resto do mundo. A sua economia continuou se desenvolvendo e integrando com o sistema econômico global, a produção e exportação de petróleo cresciam ao mesmo ritmo que a renda das pessoas”, notou Sazhin.

A doutrina ideológica de neo-shiismo de Homeini [líder da Revolução Islâmica] não exclui a prosperidade individual e a assistência do Estado aos cidadãos.

Pelo contrário, a ideologia da Coreia do Norte preconiza o isolamento completo do país do mundo externo, o coletivismo de estilo militar, o ascetismo e a autocontenção, o que significa que as sanções duras, que já estão em vigor, terão pouco resultado.

Além disso, a Coreia do Norte tem um patrocinador poderoso, a China, que é responsável por 70 por cento do volume de comércio do país.

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Sullivan afirmou que no caso seja eleita, Hillary Clinton vai insistir que a China exerça pressão em Pyongyang, mas é pouco provável que Pequim use sanções contra o seu aliado, mesmo estando descontente com o programa e testes nucleares da Coreia do Norte.

Na sua tentativa de se tornar uma potência nuclear de pleno direito, a Coreia do Norte não é limitada por qualquer acordo  legalmente vinculativo. Embora o acordo de 2015 com o Irã desse esperança que Pyongyang seguiria o processo, a Coreia do Norte excluiu rapidamente qualquer intenção de seguir o exemplo de Teerã. 

“As negociações, se acontecerem, serão mais complicadas do que com o Irã. Claro que um análogo do cenário iraniano não é possível, mas a experiência obtida pelo grupo P5+1 no diálogo com Teerã é certamente inestimável”, diz o especialista em conclusão.

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