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Polícia mantém cautela e não pede ainda prisão de suspeitos de estuprarem jovem no Rio

REPORTAGEM POLICIA ESTUPRO 2 DE 27 05 16
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A Polícia e o Ministério Público do Rio investigam o registro de um estupro coletivo de uma jovem de 16 anos, na semana passada na comunidade São José Operário, em Jacarepaguá, zona oeste da cidade. Quatro suspeitos de participar da agressão à adolescente já foram identificados, mas ainda não foram presos e ouvidos pela Polícia.

Em coletiva à imprensa nesta sexta-feira (27), o chefe da Polícia Civil do Rio, Fernando Veloso, acompanhado pelo titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), Alessandro Thiers e da delegada Cristiana Bento, da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV) informaram detalhes da investigação.

Segundo Fernando Veloso, a Polícia está examinando as imagens do vídeo divulgado na internet com cenas da jovem, que deram origem a investigação, e que há “indícios veementes” de que ocorreu o estupro, porém, para caracterizar o crime é preciso ainda reunir outros fatos técnicos, além de só o exame de corpo de delito comprovando o estupro.

“Quanto a questão de ter havido ou não estupro, a Polícia trabalha com indícios. Há indícios veementes de que de fato houve, mas a Polícia pode afirmar e assinar um documento que houve? Ainda não. Precisa do resultado de um laudo, precisa do confronto do laudo com outros depoimentos que ainda não aconteceram. A presunção da Polícia não se baseia em ouvir dizer. Se a Polícia se baseasse nisso, três ou quatro deles já estariam mortos como foi amplamente divulgado aí em vários sites. Eu recebi isso, mas não conseguimos confirmar isso ainda. Parece que essa história aconteceu em outro estado e foi em uma outra situação pelo o que me passaram preliminarmente aqui.”

O Delegado  Alessandro Thiers, disse ainda não saber ao certo quantos suspeitos participaram do ato, apesar de no relato da jovem à Polícia, a adolescente ter dito que foi para a comunidade visitar no sábado (21) o namorado, com quem  tinha um relacionamento de três anos, mas depois só se lembra que acordou no domingo (22) em outra casa, nua e dopada, e que foi violentada por 33 homens fortemente armados com fuzis e pistolas.

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“Na verdade, nós não temos certeza com relação ao número efetivo de pessoas que participaram desse fato. A vítima fala em 33, algumas pessoas falam em 30, outros já em 36. Nós não temos certeza do que está acontecendo. Para a Polícia não ser leviana, nós não vamos citar o número. Até agora tem quatro pessoas identificadas, só que dessas quatro, nem todas efetivamente participaram  do fato. Um estaria na imagem que está sendo divulgada, e outro seria o suposto namorado dela que teria a levado até o local.”

O Chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso explicou para a imprensa, que a prisão preventiva dos quatro suspeitos identificados ainda não foi pedida, por uma estratégia de investigação da Polícia, que precisa de provas suficientes para garantir a condenação dos culpados.

“Eu também acho que nós já deveríamos estar dando uma reposta, e as pessoas que estão todas, assim como o Chefe da Polícia está, indignadas com uma história como essa, querem muito uma resposta. Eu, pessoalmente, quero muito uma resposta, mas a investigação é uma sucessão de atos complexos, e eles envolvem uma série de avaliações. Dentro dessas avaliações, o objetivo principal de quem conduz a investigação é ter êxito, é conseguir colher elementos para que essas pessoas sejam condenadas, para que ao final o Ministério Público e a Justiça  possam levar a condenação efetiva. Essa é a melhor resposta que o Estado dá.”  

Sobre a possibilidade da jovem ser encaminhada para o Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas do Rio, o chefe da Polícia Civil informou que  a secretaria de Assistência Social do Rio agendou para segunda-feira (30) uma reunião entre a família e o secretário Paulo Melo, onde será decidido se vai ser necessário ou não a proteção policial.  

“O Secretário já marcou aqui na segunda-feira (30) para receber a família na secretaria de Assistência Social do Rio. Lá, elas (a vítima e a avó) vão ser  indagadas se desejam ou não ingressar em algum programa de proteção ou não, porque para ingressar no programa a pessoa tem que aderir a alguns requisitos, ela tem que concordar com algumas coisas, dependendo do nível de proteção que ela pretende receber ou não. Se elas quiseram nós vamos facilitar, a Polícia vai levá-las até a secretaria. Só vamos ter essa resposta na segunda-feira (30) depois que essa família sair da reunião.”

Fernando Veloso chamou atenção ainda sobre a importância da participação da sociedade nas investigações desse caso.

“A participação da sociedade em casos como esse é determinante. As pessoas que tiverem alguma informação. As pessoas que são conhecidas das pessoas que participaram disso direto ou indiretamente, que elas tragam essas informações para a Polícia. Isso vai acelerar o resultado do trabalho que a Polícia está produzindo e vai propiciar que esse trabalho seja feita de uma forma mais robusta.”

A vítima do estupro coletivo foi encaminhada na quinta-feira (26) ao Hospital Maternidade Maria Amélia, no centro do Rio, onde fez exames e tomou medicamentos para evitar doenças sexualmente transmissíveis e aids.

Este é o segundo caso de estupro coletivo investigado em uma semana no Brasil.  No Piauí, a Polícia Civil também investiga um caso de estupro coletivo, com a participação de pelo menos cinco pessoas que teriam violentado uma adolescente de 17 anos no município de Bom Jesus na sexta-feira, dia 20 de maio. Até o momento, quatro menores de idade e um rapaz foram presos suspeitos de participação no crime, e a Polícia Civil ainda aguarda o resultado de exames periciais. Os dois casos provocaram grande revolta no país e já começou a ter manifestações também no exterior. 

A ONU Mulheres Brasil emitiu uma nota se solidarizando com as adolescentes. No comunicado, a entidade solicita ao Poder Público dos dois estados que seja incorporada a perspectiva de gênero na investigação, no processo e no julgamento dos casos para acesso à Justiça e reparação das vítimas evitando a sua revitimização, além de pedir à sociedade brasileira que tenha “tolerância zero” a todas as formas de violência contra as mulheres e a sua banalização no país.

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