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Análise: Um eventual Governo Temer começaria com alto índice de rejeição

ENTREVISTA COM ANTONIO MARCELO JACKSON
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Pesquisa de opinião pública realizada no domingo (17), em São Paulo, revelou que entre os manifestantes da Avenida Paulista, a favor do impeachment de Dilma, 54% querem também o afastamento de Temer, enquanto entre os do Vale do Anhangabaú (a favor de Dilma), 79% diziam “Fora Temer”.

Os pesquisadores do Datafolha também ouviram os manifestantes sobre o fato de Eduardo Cunha, mesmo respondendo a processos perante o Supremo Tribunal Federal (STF), continuar na Presidência da Câmara dos Deputados, tendo conduzido a fase inicial do possível processo de impeachment da presidente. Entre os que defendem o impedimento, 87% disseram rejeitar Eduardo Cunha. Já entre os manifestantes favoráveis a Dilma Rousseff, 94% criticaram e pediram o afastamento imediato do presidente da Câmara dos Deputados.

Em função dessa pesquisa da Datafolha, Sputnik Brasil propôs ao cientista político Antônio Marcelo Jackson a seguinte questão: um tão alto índice de rejeição não poria em risco, também, um eventual Governo Temer, caso se concretize o impeachment de Dilma?

Professor do Departamento de Educação e Tecnologias da Universidade Federal de Ouro Preto, MG, Jackson responde:

“Obviamente que sim. Mas a grande questão que a classe política precisa responder é a verdadeira razão de estar se alijando Dilma Rousseff do poder. O que irá mudar no Brasil caso este processo de impeachment seja bem sucedido? E, além de tudo isso, Temer está sob ameaça de, também ele, responder a processo de impeachment. Então, os políticos brasileiros precisam responder à sociedade brasileira a que ponto querem chegar”.

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Sobre, ainda, o elevado índice de rejeição de Eduardo Cunha, o Professor Antônio Marcelo Jackson lembra que “quem dá andamento a um processo de impeachment de quem ocupa o cargo da Presidência da República é o presidente da Câmara dos Deputados, que, até prova contrária, até o ano que vem, continua a ser Eduardo Cunha. O que significa dizer que, mesmo que Michel Temer tenha problemas de popularidade, é pouco provável que Cunha libere processos de impeachment”.

Se isso vai dificultar a administração de Temer ou pode inclusive trazer a possibilidade de impeachment contra ele, o Professor Jackson afirma que não.

“No que depender de Eduardo Cunha, não, Temer não vai sofrer impeachment, porque, como presidente da Câmara dos Deputados, Cunha pode segurar esse processo. Vamos lembrar que foi apenas no final de 2015 que ele efetivamente deu andamento ao processo de impeachment de Dilma Rousseff, e isso já estava sendo colocado em pauta desde o início do ano. Aliás, para alguns casos, desde o dia seguinte da eleição de 2014. Lamentavelmente, o Regimento da Câmara permite isso a ele, não só a ele, mas a qualquer presidente da Câmara" – lamenta Jackson.

Ele explica que o presidente da Câmara controla o andamento pelo controle da pauta. Nas suas palavras, "o Ministro Marco Aurélio, do STF, exige que o presidente da Câmara receba o pedido – sim, ele recebe –, só que o coloca no final da pauta e vai prorrogando isso indefinidamente”.

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