O tempo passa, a memória continua: o que OTAN fez na Iugoslávia

© AP Photo / Dimitri MessinisChamas dos incêndios em resultado dos ataques aéreos da OTAN iluminam o céu de Belgrado, Iugoslávia, 24 de março de 1999
Chamas dos incêndios em resultado dos ataques aéreos da OTAN iluminam o céu de Belgrado, Iugoslávia, 24 de março de 1999 - Sputnik Brasil
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Sob o pretexto de evitar a possível catástrofe militar as Forças da Aliança Atlântica começaram os bombardeios de Iugoslávia, de Kosovo. A operação foi um precedente por ser realizada sem a decisão respectiva do Conselho de Segurança da ONU.

Durante cerca de três meses de bombardeios, de acordo com vários dados, morreram até 4.000 pessoas, entre eles houve até 90 crianças. As bombas lançadas por OTAN cometeram vários erros – inclusive ataques contra refugiados albaneses de Kosovo, que estavam indo de volta para as suas casas.

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Além disso, as bombas que primeiramente deveriam atingir objetos estratégicos por razões não identificadas todo o tempo estavam atingindo “lugares errados”.

De mais um exemplo pode servir a tragédia que aconteceu com o trem de passageiros na garganta de Grdelica. Cerca de 20 pessoas morreram de bombas da aliança militar. Entra as vítimas mortais, segundo lembra nas redes sociais um amigo deles, foram “os anjos Ivan e Ana, químicos talentosos, que acabaram de se casar. De corpos deles só restaram fragmentos, assim eles foram enterrados. Ana estava grávida”.

Na altura o chefe das forças da OTAN na Europa foi Wesley Clark e numa coletiva ele admitiu que eles só queriam destruir a ponte e não o trem e que tinham muita pena pelo “dano concomitante ”.

O “dano concomitante” é também uma jovem de três anos, Milica Rakic, que morreu de um fragmento de míssil no seu banheiro quando a sua mãe saiu para um momento. A criança morreu de perda de sangue e médicos não conseguiram a salvar.

​A pai dela Zharko comentou, uns anos atrás, à nossa emissora (que se chamava na altura de Voz da Rússia):

“Eu não acho que a Sérvia deve se juntar à OTAN, não devemos jogar com eles. Eu chamo o meu povo para não esquecer os acontecimentos e lembrar bem quem e o que tinha feito neste tempo”.

Mesmo tendo em conta a política bastante controversa do líder iugoslavo Slobodan Milosevic em Kosovo, é preciso notar que o motivo direto para o inicio de “intervenção humanitária” foi um acontecimento em um povoado chamado Racak. Segundo a versão de representantes da OSCE, nesta vila as forças armadas sérvias mataram 45 civis albaneses. 

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Mas como ficou claro mais tarde, a perita forense Helena Ranta admitiu que o relatório foi modificado sob a pressão do chefe da missão da organização em Kosovo, William Walker, e a conclusão da versão original é que os mortos eram militantes de uma organização admitida terrorista, o Exército de Libertação do Kosovo. Sim, foi uma organização de albaneses, mas sim – foram terroristas.

Em uma entrevista concedida à Sputnik o embaixador da Rússia em Belgrado, Aleksandr Chepurin, chamou os bombardeios de Iugoslávia de “o crime terrível e impudente, o mais sangrento na Europa após a Segunda Guerra Mundial”. Segundo o político, as memórias das ações da OTAN não serão esquecidas nem em vinte, nem em cem anos.

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Deixando tudo isso e muito mais de lado, desde meados dos anos 2000, após mudanças democráticas no país e depois de que o caso de ex-presidente Milosevic foi enviado para o Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia (ICTY, na sigla em inglês), a Sérvia intensificou a cooperação com a OTAN. Esta cooperação em 2016 atingiu um ponto importante: o Parlamento sérvio ratificou o acordo que permite aos funcionários da aliança militar terem imunidade diplomática e a liberdade de movimento pelo território sérvio.

Ao mesmo tempo Belgrado oficial nota que pretende continuar com o seu princípio de neutralidade e não quer se juntar à OTAN. 

Mas Montenegro, que também sofreu de ataques da aliança, já fica em meio de negociações sobre a entrada e pretende se juntar à Aliança Atlântica em 2017, não obstante protestos de cidadãos.

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