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EUA abrem arquivos secretos do envolvimento americano na ditadura militar argentina

© AP Photo / Victor R. CaivanoProtesto na Plaza de Mayo, em Buenos Aires, Argentina
Protesto na Plaza de Mayo, em Buenos Aires, Argentina - Sputnik Brasil
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A chefe do Conselho de Segurança dos Estados Unidos, Susan Rice, anunciou nesta sexta-feira, 18, em Washington, que os EUA vão abrir os arquivos da inteligência militar e da inteligência sobre o envolvimento do país com os dirigentes da ditadura militar na Argentina no período de 1973 a 1983.

Segundo Rice, o Presidente Barack Obama vai autorizar a revelação desses documentos, que se somarão aos cerca de 4 mil já divulgados pelo Governo norte-americano. O anúncio acontece às vésperas da visita que Obama fará à Argentina, no dia 22, após encontro com o presidente cubano, Raúl Castro, no início da semana.

Nesta sexta-feira, 18, o jornal “The New York Times” publicou um editorial cobrando publicamente do presidente a divulgação desses documentos que vinculam a parceria do Governo americano com uma das mais violentas ditaduras da América Latina, nos anos 70 e 80. Cálculos de diversas entidades de direitos humanos estimam que durante aquele período cerca de 30 mil pessoas foram assassinadas no país, que ainda hoje não contabilizou o total de milhares de desaparecidos e torturados.

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Argentina: descoberta a filha de desaparecidos da ditadura após quase 40 anos

Segundo o jornal, a visita de Obama à Argentina, no 40.º aniversário da ditadura militar, deve comprometer o Governo americano a encerrar aquele “período negro da história”, assumindo a participação direta na montagem de esquemas repressivos não só na Argentina como no resto do Cone Sul, através de operações como a Condor, com a troca de informações entre os Governos do Brasil, Uruguai, Paraguai, Argentina e Chile.

Diversas entidades de direitos humanos e movimentos sociais já se manifestaram contrárias à agenda marcada entre Obama e o presidente argentino, Mauricio Macri. Os dois mandatários vão se reunir em uma cerimônia no Parque da Memória, que homenageia as vítimas da ditadura, junto ao Rio da Prata.

A presidente das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, foi enfática: “Não creio que seja conveniente que venha o presidente de um país que criou a Doutrina de Segurança Nacional, o país de Henry Kissinger [então secretário de Estado], que reprimiu a América Latina”, disse Estela à TeleSur TV.

Estela de Carlotto, presidente da organização argentina de defesa dos direitos humanos Abuelas de Plaza de Mayo (Avós da Praça de Maio) - Sputnik Brasil
Avós da Praça de Maio só vão receber Obama se ele abrir arquivos sobre a ditadura

Já Adolfo Pérez Esquivel – Prêmio Nobel da Paz em 1980 por suas atuações em defesa dos direitos humanos no continente – pediu que Obama reconheça a cumplicidade de Washington com o golpe militar.

O presidente americano, porém, não estará em Buenos Aires no dia 24, data de aniversário do golpe. Na véspera ele viajará com a Primeira-Dama Michelle para descansar em Bariloche antes de retornar aos EUA.

A visita de Barack Obama também já começou a render frutos políticos e financeiros à Argentina. Nesta sexta-feira, o vice-presidente do Banco Mundial (BIRD), Jorge Familiar, anunciou uma linha de crédito de US$ 1,6 bilhão a US$ 2 bilhões por dois anos ao Governo argentino, para criação de projetos de proteção social e geração de empregos.

Em cerimônia ao lado do Presidente Mauricio Macri em Resistencia, província de Chaco, Familiar lembrou que os novos recursos se somarão aos US$ 2,8 bilhões já aprovados pelo organismo. 

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