'Harém muçulmano não era escola de vida, nem centro de perversão’

© AFP 2023 / YASIN AKGULMulheres muçulmanas dançam em Istambul, Turquia, 30 de maio de 2015
Mulheres muçulmanas dançam em Istambul, Turquia, 30 de maio de 2015 - Sputnik Brasil
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A declaração da esposa do presidente da Turquia Emine Erdogan sobre os haréns foi encarada negativamente pela sociedade turca. A primeira-dama turca disse que o harém é “uma ótima escola de vida para as mulheres”. A mídia já chamou a esposa de Erdogan “primeira-dama do harém”.

“…Os haréns eram uma escola de vida para mulheres, um lar onde se preparavam para a vida, recebiam formação e envolviam-se na filantropia. Tudo isso era dirigido pelas mães dos sultões”, disse a primeira-dama da Turquia em uma conferência sobre mães de sultões que contribuíram para a história turca.

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A maior parte da sociedade da república laica viu nesta declaração uma justificação do instituto de concubinas, caraterístico do sistema escravista do Império Otomano.

Em entrevista à Sputnik, o historiador turco Ayse Hur disse que não há muitos dados sobre este instituto do Império Otomano suficientes para dizer se era um centro de educação, ou um centro de perversão.

Na sua opinião, os políticos frequentemente fazem declarações referentes à História mas que falsificam as realidades históricas. Para avaliar de forma positiva ou negativa o instituto dos haréns é preciso possuir informações de fontes verdadeiras. Mas este tema era considerado tabu e, por isso, não muitas as fontes de informação.

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Todas as mulheres que moravam em haréns não eram formados e não podiam deixar notas escritas sobre a sua vida. Por isso, a fonte principal são os contos dos viajantes que visitaram o Império Otomano.

“O harém não era escola de vida nem centro de perversão. Podemos dizer com segurança que lá não havia atividades educacionais, sistemáticas e especiais. As fontes históricas não contêm tais informações”, disse Hur.

Na opinião do especialista, o mais provável é que o nível de formação das mulheres se limitasse às formas de comportamento na presença do sultão, à educação dos filhos e tocar e ao domínio de instrumentos musicais. Mas não convém romantizar o instituto do harém porque era uma forma de escravidão. Nos haréns dos sultões tiveram lugar muitos dramas humanos. Não é justo idealizar tal prática.

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