Arábia Saudita deu tiro no pé ao reduzir preço do petróleo

© AFP 2023 / HASSAN AMMARA Saudi banker displays the new one hundred riyal banknote bearing the portrait of Saudi King Abdullah bin Abdul Aziz al-Saud at a bank in Riyadh, 05 June 2007
A Saudi banker displays the new one hundred riyal banknote bearing the portrait of Saudi King Abdullah bin Abdul Aziz al-Saud at a bank in Riyadh, 05 June 2007 - Sputnik Brasil
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Riad deu um tiro no pé ao adotar uma política predatória de precificação no mercado do petróleo, com a intenção de derrubar os competidores; agora, o país colhe o que plantou.

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Em 2014, a Arábia Saudita decidiu derrubar o preço do petróleo para expulsar a Rússia dos mercados asiático e europeu e, ao mesmo tempo, causar um grande baque à indústria do petróleo nos Estados Unidos.

No entanto, a realeza saudita aparentemente nunca ouviu o provérbio chinês que diz: “Antes de iniciar uma jornada de vingança, cave duas covas.”

A aposta irresponsável de Riad acabou voltando-se contra a Arábia Saudita e seu povo, afirma o cientista político russo Petr Lvov.

“Riad decidiu que não tinha rivais em posição para punir Moscou por seu persistente apoio ao povo sírio e sua luta para desenvolver relações bilaterais com o Irã e até com o Iraque, países que podem formar um arco xiita capaz de desafiar e até mesmo destruir a tirania do regime saudita”, escreve Lvov em seu artigo para o New Eastern Outlook.

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Embora a Rússia tenha sido atingida pela queda no preço do petróleo, continua de pé e se mostra “mais resiliente do que a Arábia Saudita, que não produz nada além de hidrocarbonetos e é completamente dependente da mão de obra barata da Ásia”, ressalta o cientista.

Lvov chama atenção para o fato de que em 2016 Riad quase ficou sem dinheiro e não conseguiu pagar o suficiente nem nos empregos de imigrantes. Outros reinos do Golfo dependentes de petróleo agora estão no mesmo barco que a Arábia Saudita.

“Para piorar, trabalhadores imigrantes estão cada vez mais frustrados com os países do Golfo”, aponta Lvov, alertando para possíveis conflitos sociais entre trabalhadores locais e imigrantes nas monarquias do Golfo.

“No Catar, há sete trabalhadores imigrantes para cada nativo, enquanto nos Emirados Árabes Unidos a proporção é de seis para um. É seguro afirmar que o exército e a polícia ficarão sem saída se centenas de milhares de pessoas forem às ruas. Na verdade, uma ameaça de ‘revolução’ paira no ar.”

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E não é só isso. Em um de seus artigos mais recentes, o analista político americano Phil Butler imagina se a indústria do petróleo está quebrando na Arábia Saudita. Segundo Butler, há sinais claros de que Riad está ficando sem petróleo bruto. Nesse caso, o que o futuro guarda para o país?

“A Arábia saudita vai voltar a um status quase de terceiro mundo medieval”, diz o americano. 

Em vez de iniciar uma perigosa corrida por petróleo, Riad deveria ter diversificado sua economia. Para complicar, a volta do Irã ao mercado faz com que Riad tenha mais dificuldade para manipular o preço do petróleo.

“No entanto, quando as sanções contra o Irã forem retiradas, Teerã  vai lutar por seu pedaço no mercado aumentando a produção e os níveis de exportação. Com uma demanda enorme nos mercados internacionais, especialistas temem que haja mais uma queda nos preços”, diz Lvov.

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